Capítulo 54 - A solução. Parte I

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A porta não estava presa em nenhuma soleira, não havia nenhuma parede ou sustentação e para a maior surpresa do menino, estava suspensa cerca de vinte centímetros do chão

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A porta não estava presa em nenhuma soleira, não havia nenhuma parede ou sustentação e para a maior surpresa do menino, estava suspensa cerca de vinte centímetros do chão. Sem maçaneta ou fechadura. Com um movimento suave, O Inventor ergueu uma mão que estava encoberta por seu manto branco e tocou na porta que se abriu sem emitir um ruído sequer.

Uma luz tão branca quanto qualquer outra que Tonto já havia visto estava banhando os dois. O Inventor deu o primeiro passo e já estava lá dentro daquele estranho lugar, foi a vez de Tonto que adentrou em um lugar tão amplo que parecia infinito. A porta se fechou atrás dele e desapareceu. Sem a porta, era impossível dizer de onde vieram, para onde poderiam ir e tudo era tão branco quanto vazio, não tinha frio nem calor. Somente o nada.

O Inventor parecia outro. Como se estar naquele lugar tivesse lhe dado certa saúde que não deu para notar que lhe fazia falta. Tonto parecia tão sujo como uma mancha de gordura sobre uma toalha branca.

— É aqui — disse o Inventor com sua voz branda assumindo uma leve animação. — Estou trabalhando há anos sem parar na solução, Tonto. A solução.

Sem entender, o menino olhou em volta e só depois de dar um giro completo, avistou um pêndulo dourado que estava paralisado no ar. Aquilo não estava ali antes.

— O que é aquilo?

— Minha maior invenção desde que criei esse mundo – respondeu o Inventor que olhava fixamente para o pêndulo dourado. Havia também alguma coisa no piso e fazia um tique-taque ritmado. — Venha ver.

Tonto o seguiu até chegar mais próximo e havia no chão uma elevação muito sutil onde deixava de ser branco e se tornava um vidro grosso e transparente. Com a ajuda do Inventor, Tonto já estava pisando sobre o vidro e de olhos petrificados olhando para o que existia ali embaixo, ele se posicionou justamente no centro onde também estava o pêndulo dourado acima de suas cabeças. Abaixo do vidro grosso havia um grande relógio; os ponteiros eram do mesmo dourado do pêndulo e havia gravuras em suas pontas. No ponteiro menor que girava mais rápido, estava gravado uma forma de pássaro em pleno voo de asas abertas; o segundo ponteiro que era o médio e se movia apenas quando o menor dava uma volta completa nos numerais estava a gravura de um golfinho e no maior havia a gravura de um crânio humano. Tonto acompanhava os ponteiros e tentava entender o que acontecia com eles. Estavam girando no sentido de um relógio comum, mas vez ou outra travava e os ponteiros voltavam a girar numa velocidade maior até estarem onde deveriam estar.

— O que são esses desenhos nas pontas dos ponteiros?

— A Ave representa os segundos, porque flui tão rápido que nada pode deter; no médio, temos o Golfinho representando o Minuto — o Inventor fez uma pausa como se estivesse tentando lembrar do significado. — Talvez significa a locomoção dos minutos através do próprio tempo, como um golfinho que corta as águas, não lembro.

— E o crânio são as horas – completou Tonto.

— Exato! Por que as horas são demoradas, mas quando passam... Destroem.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora