Capítulo 62 - A anciã e o menino

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Sem demonstrar nenhuma resistência, Tonto saiu da carruagem com as mãos amarradas

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Sem demonstrar nenhuma resistência, Tonto saiu da carruagem com as mãos amarradas. Um dos guardas o segurava pelo ombro. Ele não ergueu a cabeça para observar a grande construção nem as pilastras de mármore da congregação. Ao entrar, deparou-se com a figura das duas anciãs do vale da Primavera que juntas balançavam franziam o cenho em negação ao olhar para o menino maltrapilho e fraco que estava a passar.

— Que sujo – comentou a sra. Vabuarde.

— E fedido também – respondeu a outra. – Quanto tempo não toma um banho?

— Flores silvestres e sais ajudariam a tirar esse cheiro horrível.

— De fato – concordou a outra.

Tonto não deu ouvidos aos comentários. Àquela altura não se importava com nada além do seu objetivo: enfrentar de uma vez por todas seus obstáculos. Os guardas fizeram-no parar diante do sr. Margor que sorriam vitorioso.

— Mesmo eu não tendo colocado as mãos em você, sinto como se a vitória pela captura fosse minha – falou olhando para o menino à sua frente. – Erga a cabeça quando um superior lhe fala!

Com um tabefe na face, Tonto apenas torceu o rosto. Não emitiu sequer uma palavra. As duas anciãs que observavam encolheram-se no mesmo instante.

— Pobre coitado! – disse a sra. Catrim segurando um lenço rosa perto da boca como para cobrir o horror.

— É merecido – respondeu a outra aos cochichos. – Crianças precisam de disciplina.

— Por isso não tens filho.

— Você também não. Parece uma tulipa murcha.

— Leve-o para ela. Gostaria eu mesmo de fazer-lhe uma recepção, meu jovem – falou o sr. Margor. – Mas minha amada amiga tem tanto desejo em te receber que chega a arrepiar.

Dando as costas para o ancião e sendo guiado pelo guarda, Tonto atravessou um grande salão de cadeiras vazias todas voltadas para o altar onde os oito tronos dos anciões estavam dispostos. Caminharam rumo a uma grande porta de mogno que estava fechada e imponente. O guarda a abriu com dificuldade pois nem por um segundo queria largar o menino. A porta rangeu. O som reverberou e logo o silêncio voltou. Tonto foi empurrado com violência para dentro da sala. Havia grandes quadros visíveis em todas as paredes e eram de molduras douradas. Atravessaram a sala em silêncio até chegar a mesa onde alguns livros estavam abertos. Uma poltrona do outro lado estava virada para a parede. O guarda fez com que Tonto sentasse na cadeira de frente para a mesa e amarrou suas mãos no apoio, mas antes que terminasse o nó do outro pulso, ouviu a ordem:

— Não há necessidade. Deixe-o confortável.

A voz vinha de alguém que estava na poltrona e Tonto reconhecia aquela voz. Obedecendo a ordem sem hesitar o guarda desatou o outro nó. Estava trêmulo.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora