Capítulo 48 - Corrupção da terra

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Era começo de tarde quando decidiram parar um pouco para descansar

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Era começo de tarde quando decidiram parar um pouco para descansar. Os bobo-cuias no entanto pareciam a fonte de toda a vitalidade e cantarolava mais sem parar. Flora deixou-se desabar ao canto da estrada sentando sobre a relva baixa e selvagem. Covárdia estava ansiosa e permanecera em silêncio durante a maior parte do caminho que fizeram até ali. Poucas vezes deixou-se levar pelas travessuras das criaturas mascaradas como fazia Flora; em certo trecho a menina deixou de se sentir tão triste pela falta de seu irmão e começou a perseguir borboletas com os bobo-cuias que nunca conseguiram capturar nenhuma.

— Será que estamos chegando perto? – indagou Flora olhando para Covárdia do outro lado da estrada.

— Pelo jeito vamos precisar acampar algumas noites, mas estamos no caminho certo, olhe – ela estava apontando para excrementos de cavalo que estavam um pouco distante de onde haviam parado e havia as marcas das rodas de carruagem. – Descanse mais um pouco e vamos seguir sem pausas até anoitecer, tudo bem?

— Sim!

Covárdia mirava as nuvens, o sol meio escondido e vez ou outra tocava o fragmento de sua estrela apenas para se sentir mais segura. Precisava de um caderno para fazer anotações sobre a sua descoberta e isso poderia ajudar todo seu povo: uma estrela, mesmo depois de caída, não se apagava por completo como achavam os filósofos. Ela tinha a própria fonte de luz, e isso poderia significar grandes avanços para os inquebráveis.

Sem muita demora voltaram a caminhada pela estrada que fazia curvas tão sinuosas e as vezes se perdia entre uma pequena elevação de terra e voltava a aparecer em uma planície verdejante. Olhando para muito longe dava para enxergar sombras azuladas de montanhas gigantescas e nada mais que nuvens no horizonte. Quando o sol começou a se recolher, Covárdia instruiu que precisavam de lenha, e pedras para acender uma fogueira. Astutos e cheios de energia, os bobo-cuias se enfiaram em um bosque de árvores baixas e escassas não muito distante e voltaram carregando em pares várias braçadas de lenha e alguns traziam apenas gravetos, mas foi o suficiente. Arrumaram um trecho de terra seca e ali montaram uma fogueira média que aqueceria durante uma noite inteira, – assim desejou Covárdia. – e com duas pedras ásperas e meio quebradiças, ela fez faíscas que logo se tornaram pequenas centelhas em um montinho de mato seco. Pronto, estavam livres do frio.

Flora sentou no chão e foi rodeada por dois bobo-cuias que começaram a mexer em seus cabelos sem parar, ela queria que parassem, mas quando notou que estavam com flores colhidas recentes e estavam trocando as que já estavam murchas em seus cachos, agradeceu. O tempo todo eles cantarolavam e emitiam gargalhadas agradáveis enquanto a noite caía silenciosa e o céu se mostrava cheio de estrelas e constelações elegantes em todas as direções. O crepitar do fogo foi constante e lento. Covárdia se aproximou de Flora na primeira oportunidade que teve quando os bobo-cuias finalmente a deixaram. Estava com a face totalmente oculta pela capa e dentro dela brilhava a luz pálida-azulada de sua estrela. Mais uma vez estava a salvo das rachaduras.

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