🏆 VENCEDOR "THE WATTYS AWARDS 2019" NA CATEGORIA FANTASIA 🏆
🏆 1º Lugar no Concurso Wattpad Brasil - Fantasia 🏆
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Sinopse: Há algo errado com o mundo de Haga, por todos os quatro Vales crianças estão desaparecendo sem deixar qualquer vestígio...
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Já fazia muito tempo que os dois discutiam sem parar. Principalmente porque o Inventor não queria a presença daquele menino cercado de pombos. Toda a agitação ao redor havia cessado. Mas ainda estavam procurando um esconderijo seguro para fugir dos espectros-do-esquecimento. Então invadiram uma casa. A ideia fora de Nenonimio que entrou pela janela escancarada e abriu a porta dos fundos. O Inventor não agradeceu. Apenas resmungou da pouca luz que tinham, estava anoitecendo ou o dia decidira que não mais brilharia. As nuvens pesadas e obscuras por toda parte eram assustadoras. Nenonimio procurou pela cozinha da casa, que era modesta, algo que pudesse acender e encontrou apenas uma vela acendendo o pavio nas brasas quase mortas de um fogão a lenha nos fundos.
— Essa vela não pode apagar – ele disse, vindo na direção do Inventor cobrindo a chama da vela com o máximo de cautela. – Tem muitos espectros-do-esquecimento lá fora. Um deles quase me viu.
— E só vai piorar – retrucou o Inventor, sua voz adquirira mais rispidez. Mais desânimo. Nenonimio percebeu isso. – Eles estão querendo apagar a mina memória. Talvez seja melhor assim.
— Não é muito justo! – exclamou o menino, colocando a vela em cima de um pires sobre a mesa. Seus familiares em forma de pombo ficaram distantes para evitar que seus voos repentinos apagasse a única fonte de luz. Bicavam migalhas de bolo pelo chão. Nenonimio então sentou na cadeira da outra ponta da mesa, ficando de frente para o Inventor. – Se a memória é sua, eles não podem apagar. Pode dizer isso a eles.
— Não é bem assim, menino. Há uma regra suprema: o tempo jamais deve ser perturbado. Eu fiz isso; achei que poderia consertar tudo se talvez pudesse voltar no tempo e apagar certas coisas. Que tolice. Não somos nós quem escrevemos as coisas para simplesmente acharmos que temos o dom de apagá-las.
— Então quem faz isso?
— Uma força maior...
— Maior que você? – indagou Nenonimio, boquiaberto e com pedacinhos de bolo caindo da boca.
— Maior que tudo. Imagine se tivéssemos o dom de voltar atrás e apagar as coisas que fizemos ou mudar aquilo que bem desejamos. Seria um desastre atrás de outro, sabe. Uma pessoa acabaria interferindo na história da outra e todo o universo entraria em colapso. O tempo está em colapso agora e para que volte a ser o que era, precisa de um ajuste. Os espectros não vão descansar enquanto não fizerem isso. Irão perseguir incansavelmente até o fim.
Nenonimio apenas baixou a cabeça. Os olhos negros estavam embaçados por lágrimas. Ele não queria passar a vida inteira fugindo nem perder a memória. Ele queria preservar a lembrança de seus pais ainda como eram. Pensou então que lutaria contra o que fosse para manter suas memórias intactas.
— E o que vamos fazer agora?
O Inventor não soube o que responder. Seus olhos estavam seguindo o movimento da chama da vela e sobre seu colo estava o pesado livro com o qual abrira as passagens para fugirem dos espectros. E agora, para onde iriam?