Capítulo 31 - Fragmento de estrela

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  Flora já estava rouca e perambulava pelas ruas, agora vazias, com os olhos em chamas de tanto que chorou

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  Flora já estava rouca e perambulava pelas ruas, agora vazias, com os olhos em chamas de tanto que chorou. Quando Olati desapareceu, ela se enfiou na multidão festiva a sua procura. Pessoas a empurravam, pisavam em seus pés, ainda assim, ela não desistiu. E não estava pronta para descansar. Aconteceu alguma coisa, que de repente, Ama surgiu com seus servidores e anunciaram que o Transmissor havia escapado, então todos os inquebráveis se desesperaram e se enfiaram no subsolo. Crianças eram deixadas para trás, bancos foram revirados e muitos foram pisoteados. Todo esse desespero se deu ao fato de que a noite já se aproximava e sem o papa-cristal para intensificar a luz da estrela, todos se quebrariam.

A menina não sabia o que havia acontecido a Halva e Corteo, nem mesmo a Tonto. E por isso, seu único foco era seu irmão que agora estava desaparecido.

O que diria para sua mãe, se por um acaso Olati nunca mais aparecesse? Ela se perguntava cheia de tristeza. Lembrou das recomendações de Jasmine que dizia: “Jamais afaste-se do seu irmão, pois nesse vasto mundo, você tem a ele, assim como ele tem a você!”

As ruas vazias de Cristália sob a luz da lua pareciam carregadas de fantasmas assustadores e esguios e Flora tentava fugir de todos eles até notar que eram apenas sombras de postes, árvores ou objetos inanimados que foram deixados para trás. Ainda chorando, ela se deu conta que Olati não estava ali na superfície, pois talvez estivesse no subsolo com todos os inquebráveis. Era uma possibilidade a se pensar. Voltou para a Torre da Luz, que estava rodeada de bancos quebrados e a tenda de lona que fora erguida para a cerimônia agora estava toda rasgada como se uma enorme pedra tivesse caído de uma altura desembestada. Entrou na torre vazia, chamou por Olati, por Halva e Corteo. Não obteve resposta alguma. Não sabia mais o que fazer. Adentrando no salão onde sempre havia banquetes e muita comida, encontrou a mesa em uma bagunça nojenta; pratos quebrados revelando que ninguém se importou com eles, cadeiras também reviradas aqui e ali, e muita comida desperdiçada por toda parte. Se aproximou e pegou um pão que parecia intacto em meio a toda aquela bagunça, ainda assim, o limpou e comeu com amargura.

De seu peito, Flora notou que uma luz rosada emanava e era de sua marca de nascença em formato de rosa. Se sentou na escuridão da torre e choramingou. Fazia frio naquele noite e logo ela sentiu arrepios e incômodos. Estava a cada minuto mais angustiada por não saber o paradeiro de seu irmão, mas também se encontrava em um estado de exaustão que jamais havia experimentado. Aos poucos seus olhos foram se fechando, até que ela ouviu um forte estrondo vindo de muito longe, mas parecia ser ali dentro em algum lugar na torre.

— Olati! — gritou levantando-se tentando seguir a direção do som que se repetia. — Meu irmão, já estou indo!

Ela subiu a escadaria em uma velocidade em que seus pés quase não tocavam os degraus, se deparou no corredor onde havia dormido junto com os outros e foi até o quarto que ocuparam. Abriu a porta e logo se desapontou ao ver que estava vazio. O som se repetiu mais uma vez, tilintava e parava, depois repetia e parava. Marteladas, talvez. Sem perder tempo, partiu para a porta aberta que provavelmente Tonto havia subido para se encontrar com Goque, ela pensou. E o som se fazia mais alto e mais insistente.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora