Capítulo 38 - Cantiga na estrada

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Caminharam por longas horas desviando de terrenos pedregosos, bosques que não pareciam muito confiáveis para travessia

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Caminharam por longas horas desviando de terrenos pedregosos, bosques que não pareciam muito confiáveis para travessia. Era ainda dia e Covárdia agradecia em silêncio por isso. Seu fragmento de estrela estava sempre brilhando e ela fez questão de deixá-lo exposto ao sol, talvez funcionasse do objeto realmente capturar mais luz. Temia a cada hora que passava o anúncio da noite que se aproximava. E ainda tinha medo de não estar seguindo na direção correta. Será que as carruagens seguiram mesmo por aqueles caminhos depois que saíram de Cristália? Ela estava confiando na pura intuição e torcia para estar certa. Flora estava ao seu lado e caminhava com uma energia invejável. Olhava para todas as direções, às vezes sorria, murchava e chamava por seu irmão. Era triste ver o que estava acontecendo e era por isso que Covárdia estava determinada a não desistir. Em alguns trechos ela via borboletas voando em volta da menina e ficava contente por elas conseguirem fazer algo que ela estava fracassado: animar Flora e fazê-la se sentir um pouco mais leve.

Estavam indo para o sul, embora não soubessem disso. Covárdia nunca havia pensando em ir naquela direção, durante suas aventuras como caça-tesouro, era para o norte que sempre ia. Para os vales. Pouco distante delas estava a estrada prateada que embora muita gente dissesse que ela não levava a lugar algum, era caminho para as quatro direções: norte, sul, leste e oeste. Elas podiam se aventurar a seguir as pedras prateadas, no entanto, nem tinham noção da finalidade daquela estrada.

As duas atravessaram mais uma pradaria a passos largos. Estavam com muita pressa e muita energia. Flora parecia não se cansar mesmo ofegante e suada. Colheram amoras em uns arbustos antes de entrar em uma estranha florestas que possuía um caminho de barro a cortar as árvores. Havia algo de muito suspeito na atmosfera do lugar e Covárdia se irritou ao perceber que não podiam cortar caminho.

— Não podemos dar a volta — ela disse pesadamente. — Já está de tarde e se formos cortar caminho tentando dar a volta, perderemos muito tempo.

— Parece tão assustadora — comentou Flora pondo algumas amoras na língua.

— Nunca imaginei uma floresta como essa.

— Será que passaram mesmo por aqui?

— É o que vamos descobrir.

As duas deram mais alguns passos e logo foram envolvidas pelas sombras frias das árvores altas. Estar ali dentro era ainda mais assustador. Tudo era silencioso demais e dava para ouvir até o gotejar de alguma coisa indistinta. As árvores eram fantasmagóricas, alegorias sombrias demais para se olhar durante muito tempo: eram de um tom azul muito morto e quase podre, os troncos eram retorcidos, brutos demais, quase raivosos; as raízes pareciam corpos desobedientes ao solo e nenhuma delas dava frutos. Covárdia passou a observá-las com mais atenção enquanto caminhavam pela estrada de barro. Quanto mais via, mais aflição sentia. Apertou a estrela contra o peito e torceu com todas as esperanças para que ela nunca se apagasse. Flora não queria andar adiantada, muito menos ficar para trás. Agarrou-se a mão de Covárdia e assim, ambas encontraram algum calor, apoio.

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