Capítulo 32 - O círculo das energias

1.2K 176 102
                                        

— Mã-Mãe? Onde você está? — as palavras saíam de seus lábios assim como o suor que escorria por sua testa, cada gota exigia um bocado de energia que parecia torna-lo mais fraco

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


— Mã-Mãe? Onde você está? — as palavras saíam de seus lábios assim como o suor que escorria por sua testa, cada gota exigia um bocado de energia que parecia torna-lo mais fraco. Sua camisa estava ensopada e talvez também lhe faltava o ar.

Goque o olhou de perto, aliás, não conseguia se distanciar de Tonto por muito tempo, ansiando para que ele despertasse o quanto antes. Em seguida, projetou-se ao seu lado uma figura  de seriedade admirável e carregada de respeito. Usava um longo manto de cor marrom sobre um vestido de tecido muito delicado. Suas feições eram de compaixão e sabedoria, ao mesmo tempo que transmitia uma sensação de poder.

Mesmo estando eles sob uma figueira secular de galhos robustos e copa frondosa, os raios pálidos daquela lua iluminava bem sua faces e além disso, havia uma fogueira não muito distante e um pequeno fogareiro onde um caldeirão de bronze fervia um caldo.

— Não se preocupe, querido! Ele está prestes a despertar, só precisa de um pouco mais de tempo para se recuperar e achar o caminho de volta — ela disse olhando para Goque com o rosto sereno que sob aquela luz parecia magico. De fato era!

— Ele chama pela mãe o tempo todo. O que está acontecendo? — indagou Goque sem conseguir se conter.

— Nunca saberemos o que se passa na mente de quem dorme a menos que a pessoa desperte e nos conte. Vai ficar tudo bem, já disse.

Maga Terrosa se afastou dos dois por um instante e com um leque feito de uma palha amarelada, abanou a brasa do fogareiro para aumentar a temperatura e assim apressar o cozimento do caldo que daria a Tonto. Ela possuía a sabedoria da terra, o dom natural de se comunicar com as plantas, as árvores e até mesmo com alguns animais. Após a queda da torre, notando que Tonto não estava bem, Goque não hesitou em fugir o mais depressa que pode para pedir a ajuda da Maga que também o acolheu há muitos anos. O laço entre a Goque e a Maga Terrosa era mais forte do que a própria magia que existia em ambos. Se conheceram pouco antes dos espíritos das estações desaparecerem e das árvores não mais andarem. Ela vagava por Haga sempre em busca de algum ser para ajudar com seus dons e sabedoria, pois assim, achava que estaria utilizando bem tudo que recebera sem pedir; Goque andava sempre em busca de uma razão para a sua existência, querendo compreender o que o tornava diferente de todos os seus, se e que ele realmente era diferente. Se cruzaram num trecho da estrada prateada, a mesma que todos diziam levar a Oficina do Inventor e que parecia nunca ter fim. Dali em diante, se uniram e tornaram-se amigos e Maga Terrosa chegou a dizer, certo dia, que Goque era seu filho e ele a tomou como mãe, acrescentando um significado verdadeiro a essa palavra que até então lhe era desconhecida.

A magia de Maga Terrosa começou a agir rapidamente. Enquanto ela agitava o caldo no caldeirão com uma grande colher de madeira que uma certa árvore havia lhe presenteado, inúmeros buraquinhos começaram a surgir no solo. Eram como pequenas erupções e então criaturas pequenas emergiam devagar como se estivessem com preguiça, era na verdade timidez. Uma cebola roxa muito graciosa levantou do solo e pareceu se exibir para Goque; uma cenoura muito carrancuda e orgulhosa foi a próxima e com seus ramos muito saudáveis — ela sempre se gabava disso. — cambaleou; um nabo e uma batata quase se atracaram ali mesmo, mas logo seguiram os movimentos das mãos habilidosas da senhora paciente que os esperava sentada perto do caldeirão. Brócolis gigantes, alhos cheios de humor e piadas, rúculas e tantos outros vegetais mágicos surgiram das profundezas da terra e estavam preparados para exercerem suas missões, nenhum deles tinha receio ou arrependimento, na verdade, sentiam-se cheios de honra ao servir de boa vontade.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora