Capítulo 09 - Carne Seca. Parte I

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Tonto ainda estava dormindo e o sol da nova manhã estava quente e alto

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Tonto ainda estava dormindo e o sol da nova manhã estava quente e alto. Goque não dormiu, esteve inquieto durante toda a noite, mas manteve seu corpo de cristal paralisado para que o menino pudesse dormir e recuperar suas forças o máximo que pudesse.

Por mais que se esforçasse para entender suas recentes atitudes, Goque não conseguia ver uma linha nítida com a razão que o levou a estar naquela floresta, tão distante do seu caminho. Estando em seu modo invisível, ele conseguiu ver parte da fuga de Tonto pelas árvores de mármore e o momento em que ele quase foi picado por uma Faga-de-pedra. O que seria do seu destino se ele não tivesse observado aquele menino em tons amarelos? Era uma dúvida que estourava em sua mente de cristal.

Quando finalmente abriu seus olhos, Tonto custou a acreditar que Goque realmente ainda estava ao seu lado. A noite lhe trouxe pesadelos, sons em sua mente e frio em seu corpo; após despertar, algumas sensações ainda permaneciam: o aperto em seu peito, o nó na garganta.

Algo em sua mente, parecia informar de jeito delicado que tudo não passara de sonhos ruins e ao acordar de vez, estaria em seu mundo: entre os girassóis que o cumprimentavam, sentindo o calor do seu sol e nada daquele cenário contrariado seria verdade. Mas, quando a imagem de Goque ficou nítida diante de seus olhos, Tonto sentiu um desespero maior. Queria voltar para seu lar, ver seus pais. Abraçaria sua mãe com tanta força, que só a largaria quando tivesse a certeza que tudo estaria bem.

— Que bom te ver desperto, menino! Nosso caminho será longo, verás — disse Goque que já estava de pé e contemplava os raios do sol daquela manhã de forma que seu corpo todo brilhava de maneira encantadora.

— Estamos mesmo fazendo isso? — indagou Tonto, acreditando que havia feito a pergunta apenas para si, mas Goque ouviu e no mesmo instante se voltou para observar o garoto com atenção.

— Você não quer seguir em frente?

— Ah... quero! Eu sinto que devo ir!

— Devo dizer, menino Tonto, que sentir é diferente do querer. E ambas as coisas devem entrar em um acordo. O mundo que se revelará além desta floresta é perigoso, mas nem sempre foi assim. Por onde eu andei, vi grandes ruínas, que não eram ruínas. Vi também um mundo que aos poucos está virando de ponta cabeça, girando lentamente e expulsando as pedras soltas, jogando-as para fora.

As palmas.

— Você corre perigo se decidir voltar e ao mesmo tempo, — continuou Goque. — sabe que deve seguir em frente pois tem algo a fazer. Eu sei o que é isso.

Os tambores...

Tonto começou a sentir o formigamento em seu estômago.

A linguagem estranha!

— Goque! São eles! Estão se aproximando!

Imediatamente, o papa-cristal agarrou Tonto pelo braço, fazendo-o ficar de pé de como um raio disparado. Os dois olharam para todas as direções, mas tudo que viam eram as silhuetas petrificadas das árvores de mármore, mas a cantiga estava ficando mais alta dentro de Tonto.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora