Capítulo 05 - Os outros Sinibios

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Correr talvez já não fosse a melhor opção

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Correr talvez já não fosse a melhor opção. Suas pernas doíam e seus pés estavam calejados por dentro de seus sapatos.

E ainda, para piorar sua situação, levara uma pedrada de um garoto amarelo e totalmente estranho de outro Vale. Mas, ela conseguiu se livrar dos Bobo-cuias, depois de oito dias presa em suas mãos. Halva não tomava um bom banho há alguns dias e isso estava deixando-a sufocada. Suas vestes, em tons de azul e branco, já estavam sujas demais, porém, ela não tinha sequer suprimentos para se alimentar, não era bem o momento para se importar com aparência. Seu cabelo branco e azul como um iceberg, estava desgrenhado, mas era outra coisa para a qual ela não se importava, e não deveria.

Cansada demais para continuar, Halva parou, examinando cada canto daquela floresta de mármore, decidiu descansar um pouco por trás de três árvores altas, petrificadas e que serviriam de esconderijo. Se jogou no chão, chorou. Relembrou da sua vida antes dos acontecimentos que a impulsionou a estar ali.

Ela sentia falta da neve que constantemente caía em seu vale, do frio, dos tons de azul e branco que sempre amou. Sentia falta das casinhas com suas lareiras. Seus avós. Quando os Bobo-cuias apareceram, Halva ajudava seu avô na coleta de madeira para manter a lareira acesa durante a noite.

Os tambores, as palmas, a linguagem estranha. E tudo que ela sentiu, foi uma náusea que a derrubou sobre a neve do quintal. Seu avô, tentou lutar contra os Bobo-cuias, mas ele já não tinha idade e vitalidade para aguentar fortes quedas. Quando conseguiu recuperar os sentidos, Halva já estava longe do seu lar, com as mãos amarradas, sendo puxada em um tipo de trenó improvisado de madeira quase podre. E a última visão que teve do seu amado avô foi quando o viu cair sobre a neve, com o corpo contorcido de uma maneira assustadora ao olhos. No fundo de seu coração, Halva desejava que ele ainda estivesse vivo, mas os olhos já opacos do pobre homem afirmavam que suas quase dez décadas de vida haviam chegado ao fim.

Por um instante, ela se irritou com aquela dorzinha desconfortável em seu peito, na sua marca de nascença em formato de cristal de gelo. Há alguns dias, sua marca doía sem parar, e dela, emanava uma luz azulada e fria. Era por isso, dizia sua avó, que ela deveria se manter distante de todas as pessoas do Vale, para evitar possíveis problemas.

Agora sua vida estava completamente ao avesso. Mas, ela tinha um destino. Enquanto esteve nas mãos dos Bobo-cuias, Halva jurou para si mesma que traria vingança e encontraria os culpados por tudo. Os boatos que corriam, era que os Bobo-cuias eram criações do Inventor, e estavam obedecendo suas ordens; livre dos Bobo-cuias, ela tinha uma missão: encontrar o Inventor e fazer o que for necessário para trazer paz para a sua vida e seu povo.

Perdida em seus pensamentos, Halva despertou quando sentia dores em seu estômago. Sentia fome, pois não comia bem desde o dia de seu rapto. Haveria algo para comer em uma floresta de mármore? Ela levantou e de imediato começou a andar olhando para o alto das árvores pálidas, com a manhã se esvaindo.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora