Capítulo 68 - A anciã, a criança e o abismo

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Enquanto a tempestade torrencial caía sobre todos, as crianças permaneciam de mãos dadas e seus sinibios voltavam a brilhar a cada instante mais e mais fortes

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Enquanto a tempestade torrencial caía sobre todos, as crianças permaneciam de mãos dadas e seus sinibios voltavam a brilhar a cada instante mais e mais fortes. Olati já flutuava entre eles e sua luz era de todas as cores. Não demorou para que voltasse a ser banhado por aquela poeira cintilante e seu poder se conectava com os dos outros.

Logo ali estava a sra. Dondon, incrédula diante de tudo que acontecera. Sua face estava obscurecida não pela falta de luz externa, mas havia sombras rondando seus sentimentos. Suas mãos estavam movendo-se pelo vazio logo à sua frente. Todos enxergavam o vazio, mas ela, apenas ela via seu menino chorando e suas lágrimas se misturavam com a chuva. Ela acariciava sua face e implorava para que ele parasse, mas nada fazia o choro que somente ela ouvia cessar. Por um instante a sra. Dondon ergueu o olhar e viu que inúmeras criaturas mágicas surgiam bravas e lutavam contra seu exército de homens. Muitos de seus soldados não resistiam e se rendiam por vontade e medo. Outros eram esmagados por gatos gigantes de pelo vermelho; estranhas figuras de brilho azulado que voavam majestosamente erguiam homens e mecanogos no ar e os lançavam no abismo que estava a poucos metros.

Mas ela estava com o coração entregue nas mãos daquele menino que ainda chorava.

— Eu tentei te salvar – ela dizia, entre seus próprios soluços. – Eu tentei fazer o bem. Pare de chorar, meu menino! Pare!

Então o menino esboçou um sorriso único e reconfortante, estendeu-lhe a mão e ela aceitou segui-lo para onde quer que ele fosse. Em certo trecho conseguiu uma espada de um dos seus soldados e feria sem piedade qualquer criatura que estivesse em seu caminho; um gaturubro tentou bloquear sua passagem, mas ela o atacou com um golpe cortante no coração da criatura fazendo-a cair ruidosamente emitindo grunhidos estridentes. Logo aquilo chamou a atenção dos outros gaturubros. Sey lutava contra uma dezena de homens derrubando-os muito longe com seus golpes ou estraçalhando-os com seus afiados dentes e garras e viu que algo estava acontecendo à beira do abismo; era uma abertura obscura e cheia de sons tenebrosos de metal e terra se partindo. A gaturubra começou então a avançar naquela direção sendo seguida por Jaya e outros guerreiros que também haviam notado o fenômeno soturno.

Margarida estava lutando contra os mecanogos quando viu que a anciã se afastava em meio a batalha de seres de luz e trevas. A fúria da mulher estava concentrada na  ponta de sua espada e ela não hesitava em ferir para defender sua visão.  Parecia hipnotizada, presa em um sonho que a fazia caminhar entre mortos e feridos. Rencor e outros guerreiros lutavam para manter as crianças protegidas por quanto tempo fosse necessário. Lutavam contra os mecanogos e suas lanças cortantes aniquilando um a um.

Aos gritos de guerra, os guerreiros de Haga avançavam cada vez mais contra os mecanogos. Livi Varua empunhava sua espada, lutava por sua filha que tanto amava e pelo amor a magia que acreditava. Havia sido ferido no tórax por uma das lanças daquelas criaturas e seu sangue escorria dolorosamente, mas nada o faria desistir da luta. Mirla ia dando-lhe apoio com suas flechas avançando ao lado de Merro Sirva que mesmo não tendo experiência em batalhas, sabia se defender atacando qualquer mecanogo em seu ponto fraco: destruindo o carvão maligno que os mantinha vivos. Derrubavam mais e mais criaturas malignas. Exar liderava suas irmãs e filhas que causavam delírios incuráveis nos homens armados fazendo-os se perderem por conta própria; alguns lançavam-se no abismo atormentados por suas próprias mentes. A batalha seguia sob chuva e raios furiosos no céu.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora