Capítulo 70 - A Harmonia das Estações

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Dessa vez quando despertou, não sentia dor alguma em seu corpo

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Dessa vez quando despertou, não sentia dor alguma em seu corpo. Não sentia medo. Tonto abriu os olhos vendo o céu claro e toda a luz que sentia em seu corpo era cálida e aconchegante como um abraço. Um abraço que dizia: tudo está findado. Ele ouvia vozes diferentes e algumas muito e muito distantes de onde estava. Quando conseguiu sentar, viu Halva e ela sorria-lhe assim como Flora e Corteo. Os quatro sentiam a mesma energia, carregavam a mesma mensagem. Eles falariam sobre aquilo muitas e muitas vezes em encontros futuros, sabiam disso. E sabiam também que esses encontros não seriam dolorosos nem antecipados de despedidas sofridas. Estavam conectados para sempre pois partilhavam ainda uma história em comum e que jamais seria esquecida.

Não foi preciso olhar, mas também sabiam que suas marcas de nascença em seus peitos haviam desaparecido como se nunca existissem, porque já não era mais necessário. Os sinibios agora faziam parte do equilíbrio harmônico daquele mundo e continuaria daquela forma. A Harmonia já não estava entre eles, porque fazia parte de um todo. A Harmonia podia ser sentida e abraçada. Flora podia até vê-la se fechasse os olhos e pensasse em seu amado irmão. Ela não sentia tristeza por não tê-lo ali para um abraço depois de tanto tempo que o perdera. Compreendia agora que ele fazia parte de algo maior e sua missão jamais seria teria fim. Ele estaria presente em todos os lugares e estações, em todas as épocas e transições de tempo. E ela podia senti-lo ali como se ele estivesse dançando de forma esquisita, era como ele fazia quando estava alegre.

Pouco a pouco os guerreiros iam se cumprimentando. As crianças resgatadas das sombras eram carregadas para longe dali e envolvidas em todos os cuidados necessários. Seriam mandadas de volta a seus lares, onde braços aconchegantes e saudosos os esperava há tanto tempo.

Tonto não demorou até encontrar seu querido amigo entre os guerreiros que andavam para lá e para cá. Nenonimio agachava-se para apanhar algo quando ele se aproximou.

— É o livro do Inventor – disse o menino, havia um tom de melancolia em sua voz. – Ele deixou aqui. Era um louco.

— Acho que ele sempre soube o que estava fazendo – falou Tonto, olhava para Nenonimio com carinho, queria abraçá-lo depois de tudo, mas ainda sentia receio.

— Você também é louco? Ele não tinha ideia do que fazia – retrucou Nenonimio, rindo alto com o pesado livro em mãos. – Acho que somos tão estranhos por causa dele.

— Você vai ficar com o livro?

— Vou guardar, para poder mostrar aos meus filhos um dia.

— Boa ideia, conte a eles como você conheceu aquele ser tão maluco também.

— E como eu te conheci – completou. – Obrigado por tudo, Tonto.

Os dois estavam ali, parados e então Nenonimio lembrou das palavras do Inventor sobre tocar com o coração para que pudesse trazer seus pais de volta. Tocar com o coração. E passo a passo ele se aproximou do amigo que há muito tempo havia lhe surgido como luz quando estava preso naquele buraco e o abraçou. Foi um abraço desajeitado, mas era o mais sincero que ambos haviam sentido. Nenonimio estremecia todo e dos olhos cerrados com tanta força lágrimas desciam por sua face. Tonto também chorava e sorria. Suas mãos apertavam as costas do amigo com força.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora