🏆 VENCEDOR "THE WATTYS AWARDS 2019" NA CATEGORIA FANTASIA 🏆
🏆 1º Lugar no Concurso Wattpad Brasil - Fantasia 🏆
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Sinopse: Há algo errado com o mundo de Haga, por todos os quatro Vales crianças estão desaparecendo sem deixar qualquer vestígio...
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Livi Varua estava incomodado com algo. Havia um estranho peso em tudo que fazia desde que sairiam da Ilha Tenebrosa. Permaneceu trancado em seu aposento durante toda a viagem de volta a Terra Vermelha e agora, enquanto todos desembarcavam do navio, não conseguia se sentir tranquilo ao olhar para o mar tão inquieto. Os guerreiros sobreviventes estavam ajudando a tirar do navio os alimentos que sobraram, todas as ferramentas e feridos. Mirla estava saindo ao lado de Jaya, enquanto Merro Sirva dava instruções sem parar aos carregadores para que tomassem cuidado com seus baús e tudo que havia dentro deles.
— Agora temos que decidir o que fazer com as crianças que conseguimos resgatar – disse Merro Sirva se aproximando de Livi Varua que estava perdido em pensamentos tão distantes.
— Vamos cuidar para que voltem em segurança para os seus lares, peça para que um grupo de guerreiros acompanhe todas e escreva algo para as famílias – ele respondeu friamente e seu tom era perceptível até mesmo para quem não o conhecia bem. Todos sentiam que haviam alguma coisa errada com o governante de Terra Vermelha. — Se não se importam, preciso voltar para minha casa, minha filha. Amanhã teremos uma reunião para decidir o que fazer.
Todos assentiram com paciência e enquanto Livi Varua se afastava, lá de dentro do navio alguém gritava. Eram chamados desesperados, que não foram ouvidos, pobre coitado. Enquanto todos lá fora conversavam, no navio algumas crianças cochichavam, falavam de uma menina muito valente e tão corajosa, pele rosada e cabelo curtinho. Liriu Fon. E por um acaso, aquele que gritava para chamar Livi Varua ouvira a conversa das crianças resgatadas e não pode deixar de se desesperar.
— Sr. Varua! Oh, meu senhor! Espere – implorava o homem enquanto corria pela rampa de desembarque quase voando de tão desajeitado. — Meu senhor! Oh, sua filha! Espere! As crianças disseram algo sobre a menina!
Mas tarde já era. A carruagem onde Livi Varua confortavelmente estava partira num desespero ansioso demais. Os cavalos relinchavam como nunca. E ele não ouvira sequer um dos chamados. Precisava correr para seu lar, abraçar sua tão amada filha, contar-lhe sobre a batalha, sim, ela iria adorar saber de tudo.
— Ora, Sr. Comonus, o que está se passando? Por que todo esse alvoroço? – indagou Merro Sirva quando o outro se jogou no chão chorando. Mirla e Jaya, ambas ainda se recuperando de seus ferimentos, observavam em silêncio.
— Eu ouvi... Sim, eu ouvi com estes ouvidos de barro vermelho que um dia voltarão a ser barro vermelho! As crianças disseram que a menina, filha de nosso amado senhor, estava na Ilha Tenebrosa e com as outras se foi!
E então, uma chuva torrencial despencou do céu como se as nuvens estivessem tremendamente tristes, — talvez estivessem. — e todos se angustiaram e choraram sendo banhados por água da chuva ou lágrimas de tristeza das nuvens.
Muito distante dali, mas ainda em Terra Vermelha, uma gata gigante e de pelos tão vermelhos quanto sangue corria furiosa entre as grandes árvores e não se importava com a lama que levantava, nem mesmo com os animais que estavam no caminho, eles que saíssem da frente. Algo havia cochichado seus ouvidos que certo navio acabara de atracar no porto da cidade e isso significava que sua tão amada amiga estava de volta. Sendo assim, Sey estava disposta a enfrentar o que fosse para ser uma das primeiras a se jogar em cima de Liriu Fon. Atravessou grandes plantações encharcadas de lama, subiu colinas altas e a cada passo que dava sempre correndo, sentia arrepios de tamanho que era seu amor. A chuva ainda não havia cessado quando ela avistou não muito longe, a casa do governador; havia uma multidão diante da entrada, nos portões principais, então Sey cortou caminho e se enfiou entre as árvores do grande jardim para que pudesse ir até os fundos da casa. Talvez alguém tenha notado sua presença, uma criança, quem sabe. Mas a gaturubra pouco se importou.