Capítulo 20 - A Espiã

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Ama definitivamente não estava em um bom dia

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Ama definitivamente não estava em um bom dia. Ela caminhava de um lado para o outro no salão da poltrona e quando viu Covárdia, seu rosto logo assumiu uma expressão séria demais

— Ah, você finalmente apareceu! Hoje é um dia excepcional para todos nós, só que não é sobre isso que quero falar com você.

— E o que deseja, Sra. Ama?

— Você sabe, o menino — disse ela apertando as mãos. — Você conseguiu se aproximar dele, não foi? Eu já sei que sim.

— Bom... Eu...

— Conte-me a verdade. Você conquistou a confiança dele como deveria fazer?

— Sim, senhora!

— Eu quero saber quem ele é. Melhor! Quero saber quem são os cinco. Eles são valiosos, você tem noção disso? E se forem as crianças certas, já terei adiantado a nossa parte.

— Adiantado a nossa parte?

— Sim, Covárdia! — Ama sentou em sua poltrona arrumando seu cabelo que sempre estava em tranças. — Eu mandei um mensageiro com uma carta aos interessados nessas crianças. Se eles aceitarem a proposta, a nossa civilização vai crescer ainda mais, terá reconhecimento e prestígio.

Sem entender o porquê, Covárdia sentiu um incômodo calafrio lhe consumir.

— Mas, conte-me de uma vez o que você descobriu sobre as crianças — ele exigiu.

E assim, Covárdia se aproximou de Ama com cautela e lhe contou tudo o que sabia sobre as cinco crianças e sua jornada, pois essa era a sua missão desde o princípio, conquistar a confiança delas e descobrir quem eram.

— Ótimo! — exclamou Ama por fim. — Se é tudo que tem a me dizer, agradeço os seus serviços. Vá até elas e diga que estou esperando-as para o almoço. Se elas não são mesmo quem eu penso que são, já é tarde, pois a mensagem já foi enviada.

— E o que fará quando os interessados chegarem aqui e souberem que não são o que procuram? — quis saber Covárdia.

— Vender gato por lebre, minha cara.

Deixando Ama sozinha com seus pensamentos ambiciosos, Covárdia se afastou o mais rápido que pôde para conter o desespero. No início de tudo, quando foi obrigada a se aproximar de Tonto para o espionar, ela não tinha a menor noção do que fazer, nem mesmo de que forma faria alguma coisa. Mas, a ordem era clara e objetiva: “Descubra se são as crianças que os Bobo-cuias estão procurando e traga-me a verdade.”

Ela só não tinha noção, de que se encantaria tanto por Tonto, ao ponto de arriscar sua própria vida por ele e pelos outros. Ela já sabia a verdade, sabia também que a missão das crianças era ousada, perigosa e ia contra os interesses dos poderosos. Mas, ali, na sala da poltrona diante de Ama, Covárdia omitiu tudo que havia descoberto. Manteve a mentira que Halva havia dito de primeira: “São realmente exploradores, embora estejam perdidos no próprio mundo.”

Não tinha certeza se Ama estava convencida da sua mentira, e mesmo que estivesse, a mulher estava cega pela ambição.

O plano de Ama era basicamente esse: entregar as crianças aos Interessados e assim, conquistar prestigio entre eles, adquirir poder para Alvorada, pois todo mundo via a civilização com olhos de penúria. Por toda Haga, os Inquebráveis eram vistos como inferiores pelo simples fato de viverem com medo da noite, escondendo-se nas entranhas da terra. Era essa a mancha que ela queria apagar. Primeiro, conquistou riqueza para o projeto audacioso que consistia na construção da cidade na superfície; em seguida, com os projetos do Arquiteto, construíram o domo gigantesco que cobria toda a cidade como um céu de vidro; anos depois, o Sr. Arquiteto invadiu sua sala privativa com a proposta da construção da Torre da Luz e assim tudo passou a prosperar como queriam. A Torre fora construída durante dez anos, em que só se podia levantar suas paredes durante o dia. Quando tudo estava concluído, a esfera estava no topo, faltava apenas uma coisa: a Fonte e o Transmissor. A fonte consistia em um fragmento de estrela, que deveria ser polida, assim, absorveria a luz do sol durante o dia e se manteria viva e brilhante durante a noite, mas faltava uma peça capaz de dividir, multiplicar e intensificar a luz para toda a cidade. E os Inquebráveis conseguiram.

— Eu preciso fazer alguma coisa! — ela disse para si mesma enquanto subia a escada para dar o aviso do almoço as crianças.

O que ela faria? Haveria alguma coisa que estivesse ao seu alcance que pudesse salvar aquelas crianças e ao mesmo tempo, a ela mesma?

De uma coisa ela se convenceu: seu tempo para pensar estava esgotado.

Precisava agir!

Precisava agir!

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O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora