Capítulo 12 - A Congregação. Parte I

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Era, com toda certeza, uma construção exagerada demais

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Era, com toda certeza, uma construção exagerada demais.

As enormes paredes de vidro, as pilastras na entrada cheias de relevos esculpidos com os emblemas dos quatro Vales davam a impressão de que tudo era ainda maior.

A porta de marfim negro, pesada e grossa, se abriu vagarosamente, causando um eco preguiçoso que se alongava por todo o lugar. A construção, perfeitamente planejada, estava sobre uma colina alta e rochosa, alguns dias de distância dos quatro Vales, seguindo pela Estrada Prateada. A visão que se tinha ao chegar lá em cima, era de todos os vales e do horizonte até então desconhecido para quem nunca havia saído além do próprio lar. Voltando-se para a construção, era possível ver tanta elegância e sofisticação, como se mãos de um grande arquiteto tivessem trabalhado ali com muito esmero.

A carruagem parou.

Ofegante e ansiosa, Margarida lançou um olhar temeroso para Rencor, que estava espremido ao seu lado. À frente dos dois, três guardas desajeitados e robustos, usando roupas brancas com manchas de suor e em suas testas, fitas prateadas com os emblemas dos quatro Vales bordados em um círculo. Um dos guardas, o mais irritado, saiu da carruagem e se demorou lá fora, discutia com alguém e era impossível distinguir suas vozes abafadas.

— Eles já podem ser apresentados! — disse ele colocando a cabeça para dentro e olhando para os outros dois sujeitos. — Tudo está pronto.

No mesmo instante, os dois guardas puxaram Margarida e Rencor pelo braço, empurrando-os de maneira nada delicada para fora. Ali no alto, fazia frio demais e as pancadas do vento eram fortes. Rencor sentia dificuldades em ficar de pé, pois para defender Tonto de toda aquela gente, ele se atirou contra a Sra. Dondon, e isso resultou em lesões em seu tornozelo.

Olhando bem de perto, era possível sentir náuseas ao ver a imensidão daquela construção. As pilastras se erguiam até o teto e eram imperiosas demais. Tudo parecia novo, como se não tivesse mais que um século de fundação.

— Venham! Todos estão esperando! — gritou um dos guardas que estava ao pé da porta de entrada, se esforçou para abri-la sozinho, mas desistiu quando percebeu que não tinha forças para isso e foi ajudado por mais dois.

Margarida e Rencor pararam bem na entrada, estavam tremendo e nervosos. E logo viram que não estavam sozinhos, ao lado deles, apareceram mais três pessoas: uma senhora de idade, usando roupas azuis, os cabelos em um grisalho belo e espesso como a neve. Uma mulher de corpo frígido em tons de vermelho, com um vestido escarlate muito simples, com folhas secas de figueira bordadas nas mangas e outra que usava roupas coloridas e enfeites de flores em uma tiara, cabelo longo e em cachos castanhos, olhos amedrontados. Eles não se olharam, mas provavelmente estavam ali pelo mesmo motivo.

Todos foram obrigados a andar e finalmente entrar no lugar, até serem totalmente engolidos pela construção. Por dentro, se revelava ainda maior. Dos dois lados, havia bancos de madeira envernizados, estavam vazios. Logo a frente, era possível ver mais bancos de madeira e estes estavam com algumas pessoas, também vestidas de branco e voltadas para o altar. E talvez, fosse ali, que estivesse toda a loucura. Oito grandes tronos separados em pares e neles, anciões de cada um dos quatro Vales.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora