🏆 VENCEDOR "THE WATTYS AWARDS 2019" NA CATEGORIA FANTASIA 🏆
🏆 1º Lugar no Concurso Wattpad Brasil - Fantasia 🏆
✨🌻
Sinopse: Há algo errado com o mundo de Haga, por todos os quatro Vales crianças estão desaparecendo sem deixar qualquer vestígio...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Correndo o mais rápido que conseguia, os pés afundando na lama escarlate, a chuva agredia seu rosto, mas ainda assim corria mais rápido testando os limites de seus pulmões. Não podia parar nem por brincadeira, ou os Gaturubros se gabariam por vencedores facilmente. Aliás, quantos deles estavam por ali? Era impossível imaginar e Liriu Fon não queria perder o foco.
E assim as árvores vermelhas eram deixadas para trás e conforme se afastava da floresta, via os gaturubros se revelando aos poucos; seus pelos tão vermelhos e molhados, era como se a própria terra vermelha estivesse viva e decidisse apostar uma corrida. Dificilmente um gaturubro era visto por aquelas bandas, mas Liriu Fon tinha uma intimidade desconhecida com os “gatos gigantes de pelo ensanguentado” como eles eram chamados pelo povo.
Liriu Fon saltava as rochas, afundava nas poças de lama vermelha e toda a sua face estava já estava pintada. Continuou correndo e ouvia constantemente os miados melódicos dos gaturubros como se já estivessem comemorando. A menina já não se importava em tentar manter a roupa limpa, com certeza levaria uma bronca da governanta, mas isso aconteceria se ela fosse vista antes de se trocar.
Respiração ofegante.
Mas os gatos gigantes avançavam saltando, desviando ou se espremendo entre as árvores causando estalos e bagunça.
— Sey, hoje você não vai ganhar de mim — gritou Liriu Fon o mais alto que conseguiu e em resposta ouviu um miado agudo que era típico da gaturubra Sey. — Nem tente trapacear!
A chuva se fazia ainda mais forte. A ventania era carregada de frio e cheiro de terra fresca. Talvez não fosse uma boa noite para apostar corrida com gaturubros, mas sendo o que fosse, já estavam se aproximando da linha de chegada: a última árvore vermelha foi deixada para trás e ao olhar para os lados, Liriu Fon pôde ver seus quinze poderosos adversários gigantes.
Um... Dois... Três...
Ela deu um salto ousado demais para suas duas pernas enquanto viu seus oponentes saltando ainda mais alto e todos caíram em uma enorme charneca de lama que havia se formado pelos longos dias chuvosos. Liriu Fon riu-se até não aguentar e via a euforia dos gaturubros que se mordiam na lama, um arranhava o outro mas nunca era briga de verdade. Como uma regra natural: um gaturubro jamais feria o mesmo de sua origem. Olhando para a menina e os enormes gatos, era como ver um gafanhoto de jardim e um gatinho doméstico sem magia. Isso nunca a deixou intimidada.
Sey era a menor dos gaturubros, visto que era a mais jovem, porém a mais rápida e silenciosa. Quando conheceu Liriu Fon na floresta de árvores vermelhas, salvando a garota que caíra em um buraco, ambas se apaixonaram perdidamente. Era uma conexão inexplicável e embora os gaturubros estivessem sendo obrigados a se afastar cada vez mais dos humanos para sobreviverem, a menina conquistara não só o coração selvagem de Sey, mas também de todos os outros de sua espécie.
Enquanto os felinos gigantes se chafurdavam na lama sob a chuva violenta, Liriu Fon olhou para além de onde estava e não muito longe, viu sua casa. A janela de seu quarto estava aberta por um descuido seu, mas aquilo apenas facilitaria seu regresso.