Capítulo 34 - O choro da criança

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Estavam todos em silêncio

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Estavam todos em silêncio. A luz atravessava as vidraças da congregação com violência, da mesma forma que suas auras eram pesadas e mútuas. Sentados em seus respectivos tronos no altar os anciões liam algumas inscrições que seriam debatidas. Ao redor, pessoas sentadas em seus bancos ouviam atentamente o silêncio gritar. Ele estava indo embora.

Todas as cabeças se voltaram para a entrada da congregação quando as portas pálidas foram empurradas e um longo vestido arrastou-se engolindo uma mulher de olhar severo. A sra. Dondon adentrou sem ao menos olhar para as inúmeras faces convocadas para aquela reunião. Olhar altivo. Lábios cerrados. Cenho em esplendor. Ela se juntou aos outros anciões que levantaram para recebê-la, houve apenas cumprimentos através de olhares.

— Sejam bem-vindos a mais uma reunião na congregação para o bem de Haga — ela disse em tom frio e cortante. Sua voz percorreu toda a estrutura. Abalou todos os corpos. Estava se tornando cada vez mais carregada de tons pesados de amarelo. — Hoje quero apresentar-lhes nossa ambição, nossa maior invenção para o bem deste mundo. Hagarianos, sentem e ouçam.

Todos sentaram causando murmúrios. O sr. Margor estava ainda com a face arranhada e tentava esconder sempre olhando para baixo. Maldito menino que lhe fizera aquilo! Mas agora ele estava dominado, não causaria nenhum problema e pagaria caro por aquilo! O sr. Golosso estava em seu trono dourado ao lado da sra. Dondon e não parecia nada confortável por baixo de sua cartola amarela. Mais ao lado estava a Sra. Catrim e a Sra. Vabuarde, irmãs e que ainda que a reunião exigisse seriedade, ambas sorriam. Ali apenas um lugar estava vazio, e pertencia ao sr. Soluá, mas este, estava a caminho com as duas crianças capturadas, embora estivesse demorando demais para chegar. Ninguém ali imaginava o que poderia estar acontecendo ao ancião e as crianças.

Quando todos tornaram a fazer pleno silêncio, a sra. Dondon levantou-se abrindo um papel que até aquele momento ninguém havia notado em sua mão. Ela varreu toda a congregação como se fosse uma águia a procura de uma presa desatenta, um rato que esmagaria com suas garras se fosse necessário. Foi assim que aprendeu a ver os outros a sua volta. Os lábios cerrados em uma tensão proposital. Ela começou:

— Antes de tudo, gostaria de falar que esta reunião é a mais importante antes do dia que está se aproximando. O dia em que finalmente teremos o domínio sobre nossas vidas, nossos destinos — todos a olharam como se estivesse berrando. Será que não estava? Não! — Não muito distante daqui, uma construção está sendo finalizada com muito empenho dos nossos engenheiros e arquitetos. Essa construção vem sendo trabalhada há muitos anos. Chamamos de Elo da Harmonia. Quando obtivermos os sinibios, por fim, poderemos alcançar a harmonia das estações. Não haverá mais vales desequilibrados, climas em desordem, não haverá estações permanentes!

Era impossível controlar os murmúrios vindos das pessoas em volta, e ela não queria interromper, gostava daquela agitação. Saboreava lentamente as incertezas e os medos. Crescia pisando sobre tudo isso. Por longos minutos, a sra. Dondon declamou palavras como quem inspira ar para outros pulmões. Falou sobre a construção de uma máquina capaz de extrair a energia dos sinibios, abrir uma fenda na terra e assim, fazer crescer a harmonia das estações. Tudo parecia complexo demais para todas as mentes ali presentes, mas isso porque ela não explicava seu verdadeiro plano a ninguém. Seu segredo. Sua história.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora