「 0.4 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

Quando percebi, um grupo pequeno de adolescentes se aglomerou ao meu redor, todos me encarando com olhar de nojo. Um deles se aproximou de mim, sorrindo de lado diante minha situação.

— Incrível. Achei que coisa pior no mundo não existia. Agora, tenho certeza que não. – Todos os seus amigos riram do seu comentário.

Procurei levantar e sair logo dali, porém o mesmo cara do comentário ridículo me empurrou fortemente, me fazendo cair novamente de cara no chão. Riu com deboche, levantando os pés e pisando em minhas costas fortemente.

— Vamos ver o que podemos fazer com você, pintadinho. – Falou, dando risada logo em seguida. — Nos mostre que tem força, vamos!

Torci meu rosto de dor enquanto ele apertava ainda mais a pisada. Alguns de seus amigos pareciam prestes a me chutar, quando uma voz soou ao longe.

— Deixem ele em paz!

Não pude saber quem era, mas todos desviaram a sua atenção de mim em direção ao dono da voz.

— Vê se fica longe, cara. Ninguém te chamou aqui! – Gritou o cara que me pisava, tirando o pé de minhas costas. Senti um alívio percorrer minha coluna.

— Deixem esse cara em paz! Ele não fez nada pra vocês! – Exclamou o da voz, e eu agradeci imensamente pela sua existência.

— Fez sim! – Contrariou um do grupo. — Ter nascido assim, horrível e todo manchado! – Nada foi dito. Isto porque era verdade. — Quem quer ver uma aberração dessas na rua? Estávamos fazendo um favor!

— Saiam daqui! – Gritou o da voz, e desta vez senti que ele seria mesmo capaz de qualquer coisa para me salvar. — Se não chamo a polícia, seus filhos da puta! SAIAM AGORA!

— E quem seria você, ó todo-poderoso herói, para nos dizer o que devemos ou não fazer? – debochou o cara que tinha me empurrado.

Aproveitei que estavam distraídos, e corri em direção ao fim do beco.

— Ei! O que está fazendo? VOLTA AQUI! – E começaram a ir atrás de mim.

Corri rapidamente pelo beco, o esforço me consumindo aos poucos e fazendo meus pulmões implorarem cada vez mais por oxigênio. Deviei para um corredor sem fim do beco para respirar, e o grupo de adolescentes passou por mim correndo reto.

Esperei alguns minutos. Parecia estar só.

Saí dali, e não avistei ninguém. Até que uma mão pousou em meu ombro, me assustando.

— Opa! Calma, cara – levantou as mãos, e pude ver quem havia sido o meu "salvador".

Eu já tinha visto aquele garoto várias vezes na escola. Fazia algumas aulas com ele, até. Era consideravelmente popular, e entre todos os que eu via, parecia ser o único realmente legal. E, por mais estranho que fosse, mesmo assim eu não sabia o seu nome.

— Te assustei, pelo visto. – E sorriu, estendendo a mão para um cumprimento. — Jeon Jungkook, prazer.

Demorei um pouco para retribuir, mas o cumprimentei também. Sentia meu coração tamborilar do exercício e do susto.

— Yoongi. Min Yoongi. – Disse, sem nada mais para falar para aquele garoto. Ele pareceu esperar uma reação minha. — E obrigado, por ter salvo a minha vida e tal.

Jungkook deu de ombros, sorrindo.

— Imagina. Só ainda me pergunto – ele fez uma pausa, parecia escolher suas palavras cuidadosamente. — O que um adolescente como você, estaria fazendo em um beco sujo desses, quando na verdade tem tanto lugar melhor em Suwon para ficar? Afinal, o que tinha na cabeça, Yoongi?

Não respondi. Sabia que o assunto seria ridículo e, também, era porque eu não sabia como reagir. O modo como falara meu nome, como se fôssemos amigos há séculos, me surpreendeu bastante.

Talvez fosse por isso que ele tinha tantos amigos.

Jungkook suspirou, percebendo que eu não era muito bom de papo. Tentei pensar em algo, mas só falei:

— Ah, não sei. Talvez eu seja louco, ou alguma coisa parecida. – Jungkook assentiu, parecendo compreender que eu não falaria de jeito. Suspirei. — Eu preciso ir.

— Eu te acompanho. – Aquilo não fora uma sugestão. — Afinal, estudamos na mesma escola, correto?

Assenti. Não sabia o que mais dizer.

Seguimos para fora daquele beco, pegando outro caminho para fora daquele lugar.

Quando pude ver a entrada da escola, não avistei nenhum sinal de Jimin. "Deve ter ido embora", penso.

Paramos. O letreiro do nome da escola destacado acima de nós. E sozinhos. O que eu poderia fazer? Olhei Jungkook, e ele parecia estar mais perdido do que eu.

Legal. Encontrei alguém mais perdido que eu no mundo.

— Bem, a gente tem aula. – Jungkook suspirou, e me olhou nos olhos. — Preciso ir. Foi um prazer conhecê-lo, Min Yoongi. – E se foi para perto de um grupo de alunos que passava ali, me deixando sentir deslocado novamente.

— Até ver, Jungkook. – Sussurrei para o nada.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora