can you see me? ☆ bts

「 7.8 」

\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

O final de semana havia finalmente chegado, e com isso, a festa no jardim. Estava terminando de calçar os sapatos – que tinham dado um trabalho para serem escolhidos, já que minha mãe era quem estava decidindo o que eu iria vestir na festa –, recebi uma mensagem de Taehyung.

taepão: oi branquelo

infelizmente não vou poder ir na festa

meu tio inventou de fazer hoje um jantar pra me apresentar a jeongyeon

desculpa :(( mas divirta-se <3

Suspirei, respondendo Taehyung e guardando o celular no bolso. Agora seria só eu e Jimin para comemorar.

Após terminar, pedi para meu pai me levar à casa de Jimin para buscá-lo, e depois seguir para a casa de Hoseok.

— Quer que eu te espere aqui? – Questionou papai, e assenti.

— Logo voltamos. – Desci do carro, chegando na residência dos Park e tocando a campainha. Fiquei esperando por um bom tempo alguém me atender, até surgir um senhor Park surpreso comigo, me olhando como se eu não devesse estar ali tão de repente.

— Yoongi? O que faz aqui?

Arqueei uma sobrancelha, estranhando.

— Eu estou esperando o Jimin descer, senhor Park. – Expliquei. — Hoje temos uma festa no jardim para ir, convidados por um amigo do grupo de apoio.

— Pois Jimin não me contou nada sobre isso. – Falou, e entrei em um pequeno desespero. Como assim, ele não tinha falado?

— Senhor... – Aproximei-me. — Teria como eu poder falar com o Jimin? Por favor?

— Quem quer falar comigo? – Jimin surgiu na porta da frente, vestido bem casualmente, como se não tivesse de estar aprontado para uma festa que começaria dali uns quinze minutos.

— Jimin! – O senhor Park me deu espaço, e cheguei próximo de Jimin, segurando seus braços. — Sou eu, o Yoongi. – Olhei Jimin de cima a baixo, balançando a cabeça em negação. — Por que você está vestido assim? Nós temos a festa no jardim do Hoseok para ir!

— Temos? – Jimin fez uma expressão confusa, coçando a nuca como forma de se lembrar do compromisso.

— Sim! Eu tinha contado! – Respirei fundo. — Me diga, você esqueceu disso?

Jimin abriu a boca para falar, mas calou-a imediatamente. Deu um passo para trás, e abaixou a cabeça.

— Desculpe.

— Não precisa pedir desculpas, Jimin. – O senhor Park alegou, e segurou em meu ombro. — Yoongi, preciso conversar com você. Jimin, pode ir se vestir rápido em seu quarto, por favor?

Jimin assentiu, subindo as escadas com o animo baixo.

Eu sabia o quanto Jimin detestava decepcionar as pessoas. Normalmente, era eu quem decepcionava. Mas quando o jogo virou, eu sabia que tinha alguma coisa errada.

E a teoria que havia dentro de minha cabeça agora, não era nem um pouco feliz.

— Venha Yoongi. Espero que seu pai não se importe muito se demorarem. – O senhor Park indicou a sala de estar para nos acomodarmos, mas neguei, preferindo a entrada da casa mesmo.

— Problema nenhum. Meu pai é gente boa, ele espera a gente. – Balancei a cabeça, e suspirei, pronto para soltar a pergunta que internamente me atormentava. — Senhor Park, essa falta de memória do Jimin... Tem algo haver com a doença dele?

— Era exatamente o que eu iria falar. – Disse, começando a contar. — A doença do Jimin já tinha se instalado há muito tempo, mas começou a tomar forma somente agora, depois que o câncer já tomou parte do cérebro silenciosamente. Jimin está tendo todo o tratamento necessário, mas não vai ser possível esconder o que está acontecendo com ele.

— O que significa...

— Os sintomas estão aparecendo rapidamente, e fortes. – Cruzou os braços, desviando o olhar para cima da casa, onde no segundo andar, Jimin estava se trocando. — Primeiro, as perdas de memória, depois, perda de alguns movimentos, e junto, o cabelo. – Prendi a respiração. Eu já tinha chegado em um estado de ter que perder o cabelo, mas com o tempo, a doença foi controlada, e ele cresceu de novo. Mas a lembrança do pior sinal de que se está morrendo, é como uma clava no coração. — Isso é o que podemos prever, se continuarmos o tratamento e ele conseguir reagir aos remédios. – Engoliu a seco. — A perda de memória vai atacar depois de algum tempo, porém ele se esquece facilmente se acaba estressado.

— E ele tem estado estressado ultimamente...?

O senhor Park assentiu.

— Minha esposa e eu vamos passar a noite de hoje fora, temos um assunto do trabalho para resolver na cidade vizinha. E Jimin não gosta muito de ficar sozinho. – Balancei a cabeça em concordância, ouvindo os passos de Jimin no segundo andar se aproximando. — Mas ele disse que pode ficar sozinho hoje. Pode cuidar dele, não é, Yoon?

— Claro que sim. – Dei um sorriso mínimo. — Eu faço de tudo pelo Jimin.

O senhor Park segurou meu ombro, olhando carinhosamente para mim. Ali, não enxerguei tanta diferente entre ele e meu pai. Duas pessoas com suas próprias histórias, que lutavam para manter uma outra história viva.

— Você é um garoto de ouro, obrigada por cuidar dele. – Agradeceu, sorrindo.

— Estou atrapalhando? – Questionou Jimin descendo as escadas, vestido com uma roupa excelente para o evento, e os cabelos meio bagunçados.

Ao se aproximar, o pai de Jimin ajeitou rapidamente seus cabelos, dando um beijo na testa do filho.

— Vai lá, filho. Divirta-se. – Disse, e nos despedimos do senhor Park.

Seguimos até o carro, finalmente indo para a casa de Hoseok. Durante o trajeto, nada foi dito, e Jimin parecia tremer no banco a cada segundo, murmurando algo inaudível.

No fundo, eu sabia o que estava se passando dentro dele. Todos nós sentimos isso alguma vez em nossas vidas, sendo uma emoção tão natural, e mesmo assim, extremamente cruel.

Afinal, a culpa não escolhe. Ela consome.