can you see me? ☆ bts

「 0.8 」

\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

Após a conversa com meus pais ter acontecido, subi imediatamente para meu quarto em pleno silêncio. Eles não disseram mais nada.

Ao fechar a porta cuidadosamente, tranquei a mesma, e cai de cara em minha cama, me sentindo ainda mais morto do que me sentia.

Eles não entendiam.

Eu não queria aquilo. Nunca iria querer. E meus pais sabiam disso, e mesmo assim irão fazer. Tudo por uma mísera esperança. Naquele momento, minha vontade era de mandar a esperança ir se foder.

Me ver com outras pessoas na mesma situação que eu, de eu estar interagindo com elas, era como uma esperança para eles. De me ver finalmente bem novamente, feliz e saudável. Por tudo o que eles faziam por mim, e por ver que eu estava contribuindo de alguma forma. Era tudo o que eles mais queriam.

Não sei se era egoísmo meu, mas meus ideais eram totalmente o contrário dos deles.

Eu odiava lutar. Eu odiava ter de encarar o mundo todo dia, e me ver assim. Eu não tinha grandes esperanças. E eu não queria ficar por muito tempo.

Era crueldade demais.

Permaneci ali, deixando o silêncio inundar meu quarto. Não sabia o que fazer. Senti um aperto no peito, e minha vontade era parecida com a de chorar.

E eu não chorava.

Era isso. Eu não chorava, eu não sorria, eu não fazia nada. E ninguém parecia entender isso.

Entender que eu não tenho mais salvação.

Pude ouvir o barulho de conversa fora do quarto, provavelmente vinda da sala de estar. Me virei para encarar meu teto, e suspirei, me lembrando de cada momento da conversa.

"Você irá gostar de lá. Poderá fazer amigos! Está feito. Você vai, na sexta-feira. E não tem escapatória."

"Como se fosse fácil", pensei.

Peguei meu celular, conferindo se tinha alguma mensagem. Por enquanto, era só Taehyung perguntando se estava tudo bem.

Me virei de lado, tendo a visão completa do meu quarto. Até que meus olhos pararam no espelho ao lado do guarda-roupa.

Me levantei, indo em direção ao espelho.

Não estava tão horrível comparado a última vez. A manchinha na testa não parecia ter crescido tanto, e minhas olheiras eram as mesmas de sempre.

Puxei as mangas do moletom, deixando meus braços descobertos. As manchas ainda estavam no mesmo lugar. Todas vermelhas, escuras ou até mais claras que minha pele. Toquei uma delas, sentindo uma pequena ardência.

Observei aquele garoto no espelho. Ele me olhou de volta, o brilho que deveria existir em seu olhar completamente desaparecido. Engoli a seco.

Retirei o moletom por completo. A realidade saindo como um tapa na cara.

Cheguei mais perto do menino no espelho, tocando cada manchinha aparente em seu peito, barriga, braços e pescoço. Um arrepio passou pelo meu corpo, mas tudo o que eu sentia estava destacado bem no objeto de vidro a minha frente.

Pisquei, sentindo os olhos lacrimejarem, e sussurrei:

— É. Você não tem jeito mesmo, Yoongi.

E sorri, mesmo que aquilo fosse completamente errado.

— Você não tem jeito mesmo.

Bati na parede, acabando por machucar o punho. Mas a dor física não era nem um pouco comparada com a que eu sentia agora.

— Por que você foi nascer assim? – Questionei, e o garoto no espelho não falou nada. Como sempre, o silêncio era sua resposta. — Por quê? – Murmurei, e uma lágrima escorregou pelo meu rosto.

Me afastei do espelho, piscando, e vendo a situação que eu chegara. Rapidamente limpei a lágrima, mas não fora o suficiente para acabar com as outras que chegavam.

Me deitei na cama novamente, puxando as cobertas para cima de mim. As lágrimas caíam pelo meu rosto, molhando meu travesseiro.

Eu só queria que acabasse logo.

Continuei a chorar, enquanto o sono me dominava. Quando percebi, havia dormindo durante o resto da manhã inteira.