「 6.8 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

Por sorte, a família Park não estava tão sumida assim como seu membro mais novo.

Ao ligar para a senhora Park na noite de quinta, acabei descobrindo que ela era totalmente o oposto do que havia parecido para mim pessoalmente pela primeira vez. A mãe de Jimin fora totalmente gentil comigo e aceitou, mesmo que meio acanhada, o convite de Jimin para a festinha na casa de Jungkook.

Claramente, após ter desligado o telefonema, acabei dando alguns pulinhos pelo quarto de comemoração.

Na noite seguinte, em uma sexta, ajeitei a pequena bolsa que costumava levar quando ia me internar no hospital e arrumei tudo o que precisaria para a estadia na casa dos Jeon. Me despedi de meus pais, ambos fazendo questão de me ver entrar na casa de Jungkook depois de me levarem lá. Era uma emoção tremenda para os dois assistirem, pela primeira vez, seu filhinho indo se divertir em uma festa – nem que valesse em uma festa em casa particular.

— Yoongi! Seja bem-vindo...

— Não tenho tempo. Deixa eu entrar. – Implorei, Jungkook rapidamente me dando espaço para entrar na casa e fechando a porta.

Me virei para o mesmo, que me olhava confuso.

— Meus pais estão lá fora. Eles queriam me ver entrar na sua casa. – Adentrei o cômodo da sala de estar, encontrando o sofá meio arrastado em um canto, e vários cobertores e travesseiros espalhados pelo chão. — É tanta emoção, que eles precisam marcar na memória pessoalmente.

— Hm, deixa eu adivinhar. – Jungkook levou uma mão ao queixo, fazendo pose de pensador. — Você nunca esteve em uma festa antes?

— Esse daí? – Taehyung gritou da cozinha, me dando um leve susto – mesmo já imaginando encontrar ele na casa de Jungkook antes de mim. — O máximo de festas que ele foi, foram as minhas, as dele e o do antigo crush de infância.

Taehyung chegou na sala, limpando as mãos no avental cor de pêssego que usava. Segurei um riso, olhando-o de cima a baixo. Uma verdadeira dona de casa, de fato.

— Ainda lembro da sua cara quando chegou perto do garoto, Yoongi. – Sorriu, desatando o avental. — Quem diria, que você não seria o único gay da nossa duplinha, não é mesmo?

Não resisti, e soltei um riso. Os olhos de Taehyung pareceram iluminar-se com isso, me vendo sorrir novamente entre todo esse tormento. Jungkook também, indo até o namorado e beijando sua bochecha.

— Quer ajuda na cozinha?

— Não precisa. Já terminei. – Afastou-se, voltando para o cômodo e exclamando: — Espero que gostem de macarrão! Esse eu me esforcei bastante.

Sentei no sofá, largando minha bolsa em algum canto visível da sala. Jungkook sentou-se do meu lado, ligando a televisão.

— E o Jimin, Yoongi? – Soltou, um pouco de ironia transcorrendo de suas palavras. — Não sabe quando ele vai vir?

— Logo mais. A mãe dele confirmou que ele vem.

Jungkook soltou um "ah", encostando-se no sofá e não falando mais nada.

Então, a campainha soou, e rapidamente levantei, indo atendê-la.

Como esperado, Jimin estava ao lado de sua mãe. Deu um sorriso para mim, e todo o tempo pareceu parar naquele instante.

Era Jimin, em carne e osso, na minha frente. De novo.

— Ahã. – A senhora Park tossiu, me desperdando dos pensamentos. — Vou buscá-lo amanhã cedo, certo?

— Certíssimo, senhora Park. – Despedi-me da mulher, que logo seguiu seu curso, e puxei Jimin para dentro da casa.

Nada foi pronunciado entre nós dois durante os segundos seguidos. Era como se fôssemos duas fronteiras; próximas, mas separadas por muros enormes. E nosso muro, havia se tornando o melhor porto seguro para conseguirmos prosseguir seguramente. Mesmo sendo doloroso.

— Jimin! – Cumprimentou Jungkook, dando espaço para o loiro no sofá. — Taehyung está na cozinha. Quanto tempo, não é?

— Sim, já faz um tempinho. – Jimin meio que encolheu-se, receando abrir a conversa sobre esse "tempo".

— A comida está na mesa! Ah, Jimin! Olá! – Taehyung exclamou, trazendo uma panela de macarrão e deixando-a na mesinha de centro da sala.

— Já podemos nos servir? – Questionei, passando a mão ao redor da barriga. Não tinha comido quase nada o dia inteiro por conta da ansiedade com a festa.

— Já sim. Só não precisam agir feito um bando de esfomeados, ok? – Assentimos, começando a nos servir de macarrão um por um – Jungkook auxiliando Jimin, aproveitando que ambos estavam próximos um do outro.

A noite foi seguida disso, sem nenhuma interrupção ou ares indesejados. Era um alívio, porque situações complicadas e festas realmente não combinavam. Os problemas evaporaram enquanto conversávamos sobre escola, jogos, minha competição, música, e outros assuntos que nos chamavam atenção. Nenhuma barreira existiu durante toda a noite, e digo que nunca me senti tão inteiramente feliz como antes.

Finalmente, estava agindo como uma pessoa normal. Um normal único, sem perder a essência de sempre e que me trazia a maravilhosa paz. E isso, na realidade, vale como algo natural da vida humana.

Depois de devorar o jantar e a sobremesa de Taehyung, Jungkook ligara o seu tão amado karaokê para nós. Arriscamos todos em vários gêneros, graças ao gosto eclético de Jungkook para música. Cada um fora melhor em uma preferência – eu, nos raps; Taehyung, com músicas mais antigas; Jungkook, imitando as divas pop; e Jimin, com músicas mais acústicas, que davam destaque à sua voz doce.

Nem isso, sobre o problema de Jimin, acabou incomodando o momento. O Park, para facilitar sua diversão no karaokê, selecionara somente músicas que ele conhecia, seguindo a letra apenas pelo som e voz do cantor. E ninguém comentou sobre; estávamos hipnotizados demais no incrível talento que Jimin tinha para cantar, e meu coração dava suas tão acostumadas falhas de amor.

Lá perto da meia-noite, decidimos assistir um filme qualquer, cansados de tanto usar nossa voz para parecer galinhas desafinadas do que cantores.

Cada um ajeitou-se ao redor da sala. Taehyung na poltrona, Jungkook no sofá, Jimin e eu no chão. Quando o filme começou, ignorei todas as barreiras que haviam entre nós dois, e narrei o filme todinho para ele, como na primeira vez.

— E agora, eles estão se aproximando do... – Um som estranho soou, e viro meu rosto para o sofá.

Jungkook dormia tranquilamente nele, e ao verificar Taehyung, o mesmo também permanecia mergulhado no sono profundo.

Ambos rimos baixinho, logo o silêncio ganhando forma e aparecendo. Jimin pigarreou, levantando-se e pegando sua vara ao seu lado, indo para a cozinha.

Esperei alguns minutos ali, sentado, o filme seguindo e eu olhando o nada. "O que eu tinha a perder?", pensei, abandonando a cena em que os personagens entravam na caverna para se proteger dos outros tributos concorrentes.

Ao chegar na cozinha, vi Jimin encostado de costas na pia, o semblante vago e sério. Relutei se deveria mesmo me aproximar, mas dei de ombros.

Atrás de si, pus a mão em seu ombro, e soltei:

— Precisamos conversar.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora