\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \﹏﹏﹏
Procuramos subir as escadas silenciosamente, a fim de não acabar acordando o homem no sofá. Chegamos no andar de cima, onde havia quatro portas. Uma delas, principalmente, me chamou bastante atenção.
Estava repleta de adesivos e colagens. Frases escritas com caneta hidrocor, desenhos colados com fita, fotos de diversas bandas internacionais e grupos de k-pop. Jungkook sorriu, e abriu a porta para mim.
— Ignore a bagunça, não tive tempo de conseguir arrumar.
Entrei no quarto. Era ainda mais decorado que a porta.
Post-its, pôsteres, fanarts e cartazes estavam espalhados pelas paredes, além do quadro de fotos e o mural de atividades, que já mostravam falta de espaço. E mesmo diante tudo aquilo, a única coisa desorganizada que vi no quarto era uma mochila e um casaco atirados na cama.
De algum jeito, toda aquela decoração no quarto me lembrou de Taehyung, e em como seu quarto também era cheio de pôsteres e cartazes dos seus artistas favoritos.
— Pode se sentar à vontade – Jungkook indicou a poltrona do quarto, mas preferi sentar na cama.
Olhei ao redor do quarto.
— Você gosta mesmo disso. – Comentei, indicando os pôsteres espalhados nas paredes.
Jungkook sentou na poltrona. Vi suas bochechas ganharem uma leve tonalidade de vermelho.
— Bem, não é minha culpa se nasci com um gosto musical diversificado. – Falou, enquanto comia seu sanduíche recém-preparado. Fiz o mesmo.
— Eu também tenho um gosto diversificado. Mas não chego nesse ponto.
— Pois é você quem está perdendo. É ótimo ser multifandom. – Balançou a cabeça, sorrindo. — Aliás, quero saber mais sobre você, Yoongi. Do que você gosta?
Quase engasguei com o sanduíche.
O que será que ele quis dizer com isso?
— Como assim? – Tossi um pouco, sentindo uma leve ardência na garganta.
Jungkook deu de ombros, mastigando mais um pedaço da comida.
— Ah, sei lá. Qualquer coisa. Você gosta de videogame?
— Sei jogar videogame.
— E séries?
— Assisto só quando estou no tédio. – "Ou seja, sempre", completo mentalmente.
— Filmes?
— O último foi há oitenta e quatro anos.
— Caramba. – Jungkook reclamou, acomodando-se mais na poltrona. — Você está parecendo meu tio agora, Yoongi. Não gosta de séries, não gosta de videogame, nem de filmes. – Dei de ombros. Jungkook coçou a cabeça. — Tem que ter algo. Não tem algo te chame atenção, ou algo parecido...?
Cruzei os braços, refletindo.
Na verdade, tinha uma coisa sim. Eu só não sabia se seria seguro contar para ele.
— Não precisa contar, se não quiser. – Adicionou Jungkook, mas eu já havia dado o foda-se tantas vezes naquele dia, que dar mais uma vez não faria diferença.
— Não, eu conto. – Respirei fundo, mordendo minha bochecha levemente. — Eu... Eu sempre quis patinar no gelo.
Jungkook não comentou nada. Resolvi continuar.
— É tipo, minha meta de vida, sabe? Patinar sempre foi meu sonho. – Abaixo o olhar, vendo minhas mãos pálidas entrelaçadas. — Mas, eu nunca tive coragem. – Confessei.
— Por quê? – Perguntou. Direcionei meu olhar para Jungkook, seu rosto mostrando claro interesse na minha história.
— É difícil você querer aprender algo quando sabe que tudo apenas será em vão. – Respondi, e para mostrar clareza, fiz o que nunca imaginei que fizesse.
Levantei minha manga, mostrando algumas das muitas manchas e marcas presentes no meu braço.
Os olhos de Jungkook arregalaram-se de leve. Puxei a manga rapidamente.
— Isso é... – Jungkook tenta dizer algo, mas o interrompo.
— Os médicos dizem que não tem cura. Eu já aceitei isso faz tempo, mas o mundo não.
Jungkook assentiu. Sentia a bola em minha garganta chegando a me sufocar.
— Me diz uma coisa, Jungkook. – Pedi, olhando-o nos olhos. — Se você soubesse que só tem esse dia de vida, você lutaria por ela? Faria alguma coisa à respeito, mesmo sabendo que não teria salvação?
Jungkook cruzou os braços.
— Ahn... Acho que... – Jungkook se calou por um tempo. — Não. Se não tem salvatória, pra que eu iria me arriscar?
— É mais ou menos o que eu penso todos os dias sobre isso – e aponto para meu braço.
Jungkook balançou a cabeça, concordando. Levantou da cadeira, chegou perto de mim, e fez o que menos esperava. Ele me abraçou.
— Você não está sozinho nessa, Yoongi. – Sussurrou.
Ele permaneceu me abraçando por um bom tempo, e eu, ao invés de me afastar, fiquei parado, permitindo a aproximação de Jungkook.
Ficamos conversando durante toda tarde, comendo os sanduíches e conferindo sempre se o homem deitado no sofá havia saído. Infelizmente – ou talvez não – ele ficou ali a tarde toda, então Jungkook e eu tivemos que inventar uma forma de não acabarmos morrendo de tédio.
No final do dia, ao chegar em casa, procurei evitar mamãe e seus surtos comigo, então corri direto para o meu quarto.
Conferi as mensagens no celular, especialmente de dois números salvos ali. Me senti feliz ao lê-las.
taestressado:
boa tarde, branqueloolha, desculpa se pareci estranho hoje, ou se te tratei mal na escola
só quero o seu bem, yoongialiás, quer passar aqui em casa algum dia desses?
responde quando puder
Taehyung me convidando para a casa dele... Algo de errado não está certo.
jungkook west:
objetivo da noite:
procurar estudar para a prova que vou ter amanhão que eu realmente estou fazendo:
ouvindo lana del rey e perguntando se estou vivendo ou apenas existindoMe perguntei o que eu deveria ter feito na minha vida passada para conseguir amigos tão incríveis como eles.
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can you see me? ☆ bts
Fiksi Penggemar❝onde park jimin é cego, e conhece min yoongi, um garoto que sofre de câncer de pele.❞ ⇢ min yoongi + park jimin. ⇢ concluída.