「 1.7 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

Finalmente, era sexta-feira.

Para algumas pessoas, sexta-feira é considerada o final de um grande tormento, e o ínicio de uma bem merecida festa. Antes eu considerava a sexta-feira um dia como todos os outros – onde eu acordava querendo morrer e ia dormir desejando estar morto. Mas, agora, nenhuma sexta-feira voltaria a ser um dia igual aos outros.

Isso porque eu tinha um compromisso.

E não era um compromisso comum, como ir ao hospital ou me encontrar com Taehyung na pista de patinação. Era um compromisso comigo mesmo, com outras pessoas e que eu iria de qualquer jeito.

E meus pais deixaram bem claro isso ao me arrastarem do sofá da sala de estar, onde eu permanecia na mais completa paz enquanto ouvia a playlist de uma banda que Jungkook havia me recomendado.

Eu ainda não tinha falado para Taehyung sobre Jungkook. E nem para Jungkook sobre Taehyung. Apenas mantinha o falso espírito de "você é meu único amigo, não estou te traindo". E aquilo doía quando pensava, por isso, procurava sempre ignorar, por mais difícil que fosse.

— Vamos, Suga! – Gritou mamãe, me puxando pelos braços para fora de casa. — A gente vai acabar se atrasando!

— Mãe, o grupo é às sete horas. – Lembrei-a, me desvencilhando de seus puxões. — A recém são seis horas. Ainda temos uma hora inteira pela frente.

— Mas não dá tempo! – Disse, e voltou a me puxar para fora de casa.

Como não tinha muita escolha, acabei seguindo-a, sem fazer mínimo esforço. Papai já estava no carro quando entrei, e ficamos ali, esperando mamãe fechar a porta de casa e finalmente entrar no carro conosco.

— Próxima parada? – Perguntou papai, as mãos ansiando no volante.

— Grupo de apoio!

Casa do Taehyung. – Corrigi mamãe. Meu Deus, essa mulher está mesmo ansiosa para me ver interagir com outros seres humanos.

Papai assentiu, e ligou o carro. O trajeto não era tão comprido, e em alguns minutos já estávamos na rua da casa de Taehyung.

Avistei Taehyung de longe. Abraçava seus joelhos, sentado no meio-fio, de costas para sua casa, e escondendo o rosto entre suas pernas. Ele sentiu nossa aproximação, e rapidamente nos olhou. Sorriu, mas não pude distinguir se era porque havíamos aparecido, ou porque iríamos tirá-lo do pesadelo por algumas poucas horas.

— Entre, Taehyung! – Berrou mamãe, e massageei minhas têmporas. Se continuar assim, vou ficar com dor de cabeça.

Taehyung entrou, sentando-se do meu lado nos bancos de trás.

— Boa noite, senhor e senhora Min. – Cumprimentou, e se virou para mim. — Boa noite pra você também, branquelo.

— Só não te mando tomar naquele lugar – sussurrei, torcendo para que meus pais não ouvissem — porque estamos em um carro de família. – Bufei, balançando a cabeça. — Você teve sorte dessa vez, Taehyung.

— Obrigada. – Levou a mão ao peito, fingindo gratidão às minhas palavras. — E aí? Pronto para duas horas de completa tortura?

— Nem me fale. – Respondi, lhe dando um dos fones de ouvido, e ficamos ouvindo a playlist de Jungkook durante o caminho para o hospital.

O grupo de apoio, como dissera o Dr. Kim, seria na área dos psicólogos, no salão de visitas. Basicamente, na região oeste do segundo andar, perto das salas de espera – além de termos que ficar em uma área onde só existem loucos, nós ficaríamos do lado deles.

Tentei dizer para mamãe que eu sabia muito bem o caminho, e que Taehyung e eu poderíamos muito bem ir sozinhos para o encontro com o grupo. Papai considerou, mas mamãe teimava em querer me deixar por conta própria na sala do encontro.

— Quem poderá dizer que vocês estavam mesmo no grupo? E se acabarem se perdendo, ou até mesmo, fugindo das responsabilidades?  – Questionou, olhando para nós dois no banco do carona.

— Senhora Min, tenha a plena certeza, não será necessário nos acompanhar. – Acalentou Taehyung, soltando seu sorriso quadrangular de encantar pessoas. — Yoongi sabe muito bem o caminho do salão, e não existe outro lugar em que poderíamos ir além deste caso quiséssemos fugir. Concorda comigo, Yoongi? – Perguntou Taehyung. Assenti, cansado de toda aquela enrolação.

Se as coisas seguissem desse jeito, eu acabaria me atrasando mesmo.

Mamãe pareceu pensar por alguns minutos, levando a mão ao queixo. Papai ficou observando, e pude ver sentimento quando ele olhava para mamãe.

O que ele deve sentir quando ela fica com pose de pensativa...

— Está bem. – Permitiu, se virando para frente no seu banco. — Vocês podem ir sozinhos.

— Obrigada, senhora Min. Senhor Min, obrigada também. – Agradeceu Taehyung, mas eu já estava fora do carro.

— Estaremos aqui às nove em ponto! – Alertou papai, dando marcha no carro. Pude ouvir o grito de comemoração de mamãe de longe. "Finalmente terão seu tempo a sós", penso, observando-os se distanciarem.

Taehyung passou o braço pelo meu pescoço, e me encarou.

— E agora, branquelo? Onde é o caminho?

— Por aqui – comecei a caminhar, com Taehyung ainda pendurado em meu pescoço.

"Que seja o que Deus quiser," e torci os dedos escondidos no bolso do meu moletom.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora