「 9.6 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \


﹏﹏﹏

Desta vez, a praia não parecia tão amedrontadora como antes.

Era como se após eu ter despertado e adormecido novamente, com a frase "eu não quero morrer" ecoando várias e várias vezes em minha mente, uma enorme ventania havia espantado todos os sentimentos ruins que me preenchiam. Ainda podia senti-los, claro, mas o alívio que me tomava preenchia cada parte ruim deles.

O vazio que surgiu em meu coração, a sensação de estar perdido completamente, desaparecia pouco a pouco. As nuvens, que afastavam-se pelo horizonte, revelavam um nascer do sol maravilhoso. Parecido com o que eu vira antes na janela do quarto. Parecido com qualquer poesia que lembrasse esperança; Talvez fosse isso que o nascer do sol representasse: esperança.

A esperança que eu me peguei sentindo falta, na verdade, existiu sempre.

Como em um passe de mágica, a sensação horripilante desaparecera. E mesmo sabendo que estava sozinho, podia sentir um carinho entre meus cabelos.

Olhei ao redor. Ao invés do deserto, havia uma floresta tropical. Explodindo de cores, sons, e vida. Praticamente, me implorando para explorá-la incansavelmente.

Dei um passo em sua direção, e me assustei. Diferente do sonho anterior, em que não podia sentir o chão, neste, eu não conseguia dar um único passo.

Usei toda força que possuía, tentei cair, mas nem um único passo pude dar. Olhei para o mar, indo em sua direção, e assim como a floresta, não tive sucesso.

Era isso? O que tornava tão diferente não saber aonde ir para ficar preso no mesmo lugar? Qual a lógica disso tudo?

Suspirei, me sentando na areia. Isso, pelo menos, eu conseguia fazer. E fiquei observando o nascer do sol, a luz cegando meus olhos, enchendo-os de beleza natural.

"Eu não quero morrer," pensei "mas é preciso. Talvez, essa seja a resposta da vida."

Sorri, abraçando meus joelhos, e encostando a cabeça nos braços.

A vida que eu tivera, que eu não tivera, que eu ainda tinha. Estava tudo conectado. Tudo por um milagre, por uma esperança.

— Fico feliz que você seguiu o meu conselho. – Uma vozinha infantil surgiu atrás de mim, e me virei para a pessoa.

Meus olhos arregalaram-se. Era Jeongin, o garotinho do parque.

— Jeongin? Como você...?

O menino fez sinal para que eu ficasse quieto, e sentou-se plenamente ao meu lado. Fitei-o, esperando alguma resposta para minha pergunta incompleta.

— É bonito, o nascer do sol. – Comentou. — Minha avó gostava bastante dele.

— Sim, é bonito. – Concordei. De algum jeito, preferi não perguntar mais nada. Como se aproveitar o tempo ao lado do garotinho fosse a chave para todas as questões existentes do mundo.

— Eu me admiro o quanto você evoluiu. Seguiu meu conselho direitinho...

— Bem, jamais se deve negar um conselho, correto? – Tentei descontrair.

O menino riu, mostrando um sorriso de aparelho adorável.

— Você não precisa mais de conselhos, garanto?

Parei para refletir. O menino me encarou, e pôs a mão em meu ombro.

— Eu sei que está.

Aquilo me aliviou profundamente. Abracei o menino, e ficamos assim, juntos, observando a beleza que o nascer do sol trazia.

Quando acordei do sonho, meu coração pesava muito e minha cabeça girava. Tive de recuperar o ar várias vezes. Olhei para o lado, encontrando meu pai sentado ao meu lado, adormecido.

Com cuidado, levantei da cama, seguindo aleatoriamente meus passos. Eles me guiavam para um lugar estranho, qual não reconhecera na hora de tão aleatório que aquilo estava.

Só fui perceber onde eu estava depois de chegar. E então, meu pânico retornou por completo.

Aquele era o quarto de Jimin. Mas, o que eu fazia ali? Eu não me lembrava. Por que estava ali? O que aconteceu? Onde estava Jimin?

Comecei a entrar em crise.

— Jimin...? – Sussurrei, assustado, e dei meia-volta, mas pegando não o caminho do meu quarto, e sim, o do corredor.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora