「 5.8 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

Sinceramente, eu acreditava que conseguiria manter um segredo por tempo suficiente. Mas na verdade, ao invés de declarar por palavras meu descontentamento, minha expressão era uma bela dedo-duro de sentimentos.

Contava também, as pessoas que me conheciam bem. E isso incluía Taehyung, que mesmo acostumado com meu rosto sempre sério, sabia quando eu estava me sentindo desconfortável ou apenas era uma cara de "poucos amigos" comum.

— Fala a verdade, Yoongi. – Chegou próximo à mim, cruzando nossos braços juntos. — Você viu alguma coisa enquanto ia no banheiro. Isso – levantou o dedo para mim, indicando meu rosto triste – se você foi mesmo no banheiro.

Obviamente, Taehyung era mais esperto do que aparentava.

Ah, e como eu sabia disso. E ele também, pelo jeito que agia comigo em momentos parecidos como esse.

— Não vi nada, Tae. Eu juro. – Aleguei, me separando do mesmo. Me sentia tão vulnerável, que qualquer toque ou palavra dirigida à mim parecia que iria me fazer explodir no minuto mais improvável.

E a situação só piorava, ainda quando estávamos justamente ali, na frente da entrada do hospital, esperando Jimin e Hoseok saírem dali.

Taehyung não se convenceu, e torceu o nariz para mim de forma duvidosa, deixando bem claro sua opinião a respeito de toda a minha quietude.

Bufei, encarando o garoto ao meu lado.

— Taehyung, você acha mesmo que, se alguma coisa acontecesse, eu não contaria à você? – "Mas que merda eu estou falando?", pensava, mas as palavras já tinham escapado.

Taehyung suspirou, abaixando o olhar.

— Desculpa, Yoon. Eu acredito em você, só que... Sei lá, talvez eu esteja traumatizado comigo mesmo. – Mordeu o lábio de nervoso, desviando o olhar para não me ver. — Todo esse tempo eu escondendo um segredo desses, e ah, como eu sei a dor de esconder um segredo. Antes, eu jurava que poderia deixar escapar. Mas agora que tudo está livre, é estranho. Como se uma parte minha tivesse se libertado. Só que eu acabei me acostumando com esse metade presa dentro de mim, e sentisse falta dela agora.

Engoli a seco. Podia não saber muito o que se passava dentro da cabeça do meu melhor amigo, mas imaginava o tanto de pensamentos que o percorriam. Quanto tempo ele teve de encarar uma realidade, onde vivia praticamente preso dentro de si? O tanto que ele sofreu, com a insegurança batendo na sua porta frequentemente – e até hoje. Não parecia, mas Taehyung é um garoto triste. Agora, um pouco recuperado. Mas no fundo, uma pessoa triste.

As pessoas poderiam não imaginar, mas a comparação de "quem era mais feliz" entre nós dois, me fazia ganhar completamente.

Eu, o que mais sofria, e menos sentia. Afinal, para quê preocupar-se com sentimentos passageiros, quando sua vida é mais passageira que a sensação de ter o coração batendo por alguém?

Era uma filosofia um tanto solitária, mas que conseguiu me manter vivo durante todo esse tempo. Um coração saudável é mil vezes melhor do que um coração partido.

— Taehyung, – o chamei — desculpe se eu acabar sendo um idiota alguma hora. Mas, quando algo acontecer, você será o primeiro a saber. E vai entender. – Garanti, e Taehyung sorriu mínimo.

Pois se havia alguém com quem eu posso confiar, é em Kim Taehyung e seus sorrisos quadrados.

— Entender o quê? – Jimin questionou, sendo guiado por Hoseok através de suas mãos unidas. Meu coração tamborilou com a cena. Tão lindos juntos...

— Cálculos de matemática, Jimin. – Taehyung respondeu, encobrindo o verdadeiro assunto. Lançou um olhar cúmplice para mim, sorrindo de lado. — Cálculos que envolvem coisas que o Yoongi não sabe direito.

"Na verdade, eu sei bem desses cálculos. Estou resolvendo um agora." Pensei.

Jimin assentiu, os olhos abertos e expressivos. Hoseok, por outro lado, arqueou uma sobrancelha, duvidando sobre.

Parecia que eu nem conseguia chegar a olhar Hoseok, pelo o tanto do peso que eu carregava em minhas costas. Segredos não faziam parte do meu cotidiano, e carregar um, nunca foi um trabalho tão pesado assim. Parecia que meu corpo inteiro iria acabar em demolição. "Tenho medo do que ele vai pensar. Ele ainda está em choque com o que aconteceu..."

Hoseok nunca foi muito de comentar sobre a sua vida. O único fato que sabíamos, era que ele tinha uma irmã. De resto, Hoseok era uma incógnita convivendo conosco. E ele gostava de ser assim, mesmo sendo desconcertante às vezes.

E ser desse jeito, tão silencioso, demonstrava como Hoseok era esperto o suficiente para descobrir alguma coisa à respeito das minhas atitudes estranhas. Mas se até agora ele não comentou nada do tipo, eu poderia seguir na mesma linha reta.

— Vocês são estranhos. Por que eu converso com vocês, na verdade? – Perguntou Hoseok, mais à si mesmo do que para nós.

— Porque você nos ama, Seok. – Taehyung foi até o mais velho, abaixando-se ao seu lado e o abraçando. Em compensação, recebeu um belo tapa na mão do rapaz.

— Sua irmã vem te buscar de novo, Hoseok? – Jimin perguntou, e Hoseok suspirou.

— Sim, Jimin. Infelizmente.

— Aff, nem pra tanto. Aposto que ela é um amorzinho, igual o irmão. – Taehyung corou levemente, e lhe dei um belo tapa no braço. — Ai! Já não basta o Seok, agora vem você?

— Você tem namorado, então usa esse fogo no cu com quem deve. – Repreendi, enquanto Jimin tentava calar seu riso escandaloso. Hoseok encarou Taehyung, chocado.

— Espera, então você é...?

— Exatamente, chuchu. Hétero de Taubaté, prazer. – Fez uma reverência, e lhe dei outro tapa. Me olhou furiosamente. — As pessoas adoram estar disponíveis para me bater, pelo jeito.

— Quem sabe assim você não entra na linha. – Rebati.

— Ih, isso é falta de rola. Jimin, ajuda ele. – Taehyung chegou perto do loiro, que ficou com o rosto ardendo em vermelho pelo comentário.

Sorri, mas não pela ideia de Taehyung. E sim, percebendo como Jimin ficava adorável quando corava.

— Desculpe acabar com suas esperanças, Tae. Mas eu sou hétero de preto e branco mesmo. – Declarou Hoseok, e Taehyung fez uma expressão de tristeza.

— Bem que eu desconfiei, sua cara de bucetudo não me engana. – Apontou o dedo, e dessa vez, foi Jimin quem deu um soco em Taehyung. — ATÉ VOCÊ, JIMIN?

— Como disse o Yoongi, devemos pôr a peste dentro da linha. – E piscou nada disfarçado, me fazendo sorrir bobo.

— Falando em peste – Hoseok bufou, observando um ponto fixo no estacionamento — minha irmã chegou.

Olhamos na mesma direção, e era verdade. Dawon balançava um dos braços para nosso grupo, chamando bastante atenção. Hoseok bufou, e demos espaço para o rapaz passar.

— Então... Até, pessoal. – Hoseok despediu-se, e seguiu seu caminho até o carro.

— É impressão minha – Taehyung soltou – ou Hoseok não gosta da irmã dele?

— Só agora você percebeu? – Soltei, pegando no braço de Jimin, e indo até um dos bancos próximos ao estacionamento, pronto para esperar a mãe do loiro chegar e levá-lo.

Mas era algo muito mais complexo. Não parecia só um simples "não gostar". Tinha alguma coisa por trás daquilo, e o relacionamento secreto de Dawon tinha alguma relação com isso.

E no final, eu tinha grandes chances de acabar ficando louco com essa história.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora