「 9.8 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \


﹏﹏﹏

Os apagões seguintes pareciam eternos. Uma vez ou outra, eu podia conseguir ouvir alguma coisa ou ter uma noção de tempo. Mas na maioria, a escuridão era quem dominava meu cérebro.

Não tive mais sonhos. Eles simplesmente haviam desaparecido de minha mente, como se eu tivesse perdido a capacidade de tê-los. Agora, só tinha a vista de meus olhos fechados, o barulho que ecoava dentro do cômodo em que eu estava – ele variava muito entre vozes, passos e silêncio – e a falta de memória que a queda me deixara, feito uma marca.

Não lembrava o que me motivara a sair do meu quarto. Não sabia porque estava deitado. Apenas não conseguia me recordar; como se uma parte de minhas lembranças houvessem sido arrancadas bruscamente de mim, e por isso eu estava nesta situação.

Uma variação entre permanecer acordado de olhos fechados e adormecer. Subitamente, sem querer, e sem perceber.

Mas, como uma alegria para mim, minha cabeça conseguia ainda processar as conversas das pessoas na qual eu ouvia. Eram conversas confusas, em que eu capturava apenas uma pequena parte, mas extremamente suficiente para mim.

Pelo o que eu já contei, provavelmente foram cinco conversas que consegui entender. A primeira, foi extremamente curta.

— O que houve? – Uma voz perguntou.

— Desmaio. – Uma voz feminina disse.

E a escuridão me engolia.

No segundo, foi um pouco maior que a primeira. Mas infelizmente, muito confusa.

— ... Me passe aquele...

— Não! Não podemos fazer isso.

— Por favor! Seria seu último pedido...

"Último pedido do quê?", me perguntei, e cai em esquecimento.

A terceira e quarta foram curtas, assim como a primeira. Mas completas, para minha alegria.

Nela, alguém dizia que era loucura mudar de quarto. Que juntos seria melhor. E mais uma vez, mencionaram o "último pedido". Aquilo já começava a me irritar.

Então, o mais estranho aconteceu: eu abri os olhos, mas não pude enxergar nada. Apenas as duas vozes gritando desesperadas, e eu caindo de novo no escuro, desta vez, voltando a fechar os olhos.

A última e quinta vez em que ouvi algo, foi mais um som de choro.

Com toda certeza, se eu tivesse forças para levantar, dava um soco bem forte na cara de quem estava chorando ao meu lado. Ninguém merecia chorar por mim.

Mas deixei passar, ouvindo os lamurias da pobre alma, seu suplico misturado com as lágrimas que molhavam meu lençol.

— Não nos deixe. – Pediu.

"Não posso", queria ter dito. Uma sensação de satisfação me preencheu, e respirei fundo, já esperando a escuridão outra vez. E nesta, era para valer.

E foi o fim das conversas.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora