「 7.3 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

— Finalmente! – Exclamou Taehyung, me abraçando desesperado. — Achei que você tivesse desaparecido de vez, ou alguma coisa parecia. – Se separou, me segurando pelos ombros. — Por favor, nunca mais faça alguma coisa desse tipo, se você tem amor ao meu coração cardíaco.

— Confesso que já suspeitava. – Declarou Jungkook, sentando-se na mesa onde eu estava. — Taehyung também, mas ele é muito dramático para confessar.

Taehyung fuzilou Jungkook com o olhar, me abraçando de novo, e se sentando na mesa conosco.

— Por que faltou a aula, Yoongi? – Jungkook perguntou. — Ficamos preocupados, e você não é desse tipo.

Dei de ombros.

— Precisava de um tempo para relaxar, Jungkook. Pensar sobre... tudo isso, e chegar em alguma solução.

— E conseguiu achar essa "solução"? – Questionou Taehyung, cruzando os braços na mesa.

Assenti, lembrando das palavras do garotinho Jeongin, e sorri para meus amigos.

Era a melhor ideia que eu tive, com certeza.

— Eu tenho. A partir de agora, vou dedicar minha vida inteira apenas em Jimin. Assim, quando ele for embora, ele poderá ficar feliz, porque teve os melhores últimos dias de sua vida.

Ambos ficaram espantados, e Taehyung levantou da cadeira, exclamando:

— VOCÊ ENLOUQUECEU?

Retraí os ombros diante à postura de Taehyung, arqueando uma sombrancelha.

— Você não gostou?

— Não, quer dizer, sim. É que... – voltou-se a sentar, respirando fundo, e continuou: — Yoongi, pensa comigo: Jimin está doente, e não destinado à morrer daqui dois dias. Claro que isso conta, mas nós não sabemos quando vai ser. Ele tem todo o direito de aproveitar, e nós, de tornarmos seus dias melhores. Mas, por favor, você também tem uma vida. Uma vida para tornar cada dia melhor, uma vida para aproveitar. Você também vai morrer, Yoongi.

Ficamos em silêncio, e engoli a seco. Assuntos sobre a minha morte sempre traziam momentos assim, e toda a perspectiva de Taehyung sobre meu plano acabou me fazendo dispensá-lo rapidamente. Ele tem razão. Aonde eu estou com a cabeça? Eu amo Jimin, mas isso não me impede de me amar também. De viver o meu "agora", do meu jeito, mas viver intensamente.

O "aproveite" não foca somente em uma pessoa. Ele foca em nós.

"Na próxima vez, não levar as coisas ao pé da letra." Pensei.

— Desculpa, – soltou Taehyung — eu não queria...

— Tudo bem. Você tem toda a razão. – Levantei da mesa de repente, procurando por algo indefinido na multidão do shopping. Por sorte, havia uma sorveteria logo ali. — Já volto.

Comecei a caminhar até o estabelecimento, agradecendo aos meus pais pelo dinheiro que eles sempre me davam para emergências estar bem conservado em minha mochila. Pedi uma banana split com tudo que tem direito, adicionando muita calda de morango – a favorita de Taehyung – e flocos de amendoim — o que não podia faltar em um sorvete, na opinião de Jungkook. Para mim, escolhi os sabores. Menta, chocolate, flocos e baunilha. E a cada passo que eu dava com a tigela de sorvete, era um foda-se que eu pronunciava na minha cabeça para minha saúde. Seria só hoje, e, bem, eu estava aproveitando.

Ao chegar com o doce, Taehyung arregalou os olhos, parecendo que iria poupar meu câncer de me matar, pois iria fazer isso por conta própria. Jungkook, ao contrário, não parava de admirar a banana split, a boca salivando de fome pelo sorvete.

— Quando eu falei que você tem uma vida – Taehyung começou, aproximando-se de mim — não era uma ideia disfarçada para você acabar com ela.

— É só hoje. Por favor. – Juntei as mãos, fazendo esforço para conseguir reproduzir um biquinho fofo, e criando assim a minha melhor carinha de "pena". — Afinal, eu tenho direitos! – Lembrei, e isso bastou para Taehyung parar bem ao meu lado, ainda me olhando afiado.

Mas, ao invés de me dar um tapa ou algo parecido, o garoto me deu um beijo na bochecha, e pegou uma das colheres na mesa, enchendo-a de sorvete, e espalhando a baunilha pela minha boca.

— Aproveita, branquelo. – Me deu a colher, e pegou outra, começando a devorar o doce gelado. Fiz o mesmo, sentindo o coração suspirar de prazer a cada sabor que provava.

Jungkook ficou confuso, encarando o namorado.

Taehyung parou de comer, olhando para Jungkook inocentemente.

— O que foi? Eu sei que sou bonito.

— Não é isso. – Jungkook declarou, apontando para o sorvete. — Quer dizer que dá para comer?

Taehyung revirou os olhos, borrando a boca e nariz de Jungkook com sorvete. O mesmo sorriu, pegando sua colher e comendo conosco.

Depois de termos detonado o sorvete, entregamos a tigela à sorveteria e voltamos caminhando para minha casa.

— Eu já contei para vocês que estou desconfiando do tio Namjoon? – Taehyung soltou na rodinha, e apurei meus ouvidos, pronto para a nova fofoca.

— Desconfiando do quê? – Jungkook enlaçou o braço com o do namorado, encostando a cabeça em seu ombro.

— Que ele está saindo com alguém.

Arregalei os olhos, surpreso. Talvez todos esses anos vendo o Dr. Kim como meu médico tenham me feito não capaz de vê-lo como alguém normal, que tenha necessidades e precise de amor. Eu fazia meu máximo, mas é meio difícil lembrar que uma pessoa pode transar quando se convive com ela fazendo exames em você e ditando comidas que você não deve comer por causa da sua saúde maldita.

— Como? – Quetionei.

Taehyung sorriu de lado.

— Ele anda chegando tarde em casa. E na última vez que fui visitá-lo, acabei o pegando de conversinha com uma das médicas do plantão de pediatria. E o tio Namjoon não é especialista nessa área.

— É possível, além de que ele merece. – Jungkook comentou, esfregando o nariz no braço de Taehyung, parecido com um gatinho. — O senhor Kim merece toda felicidade. Ele é uma pessoa muito boa.

— Acho que a médica é confiável. – Taehyung torceu o nariz.

— Por que você diz isso? – Perguntei. Afinal, todos os médicos devem ser confiáveis. É um dos principais deveres da medicina.

Ser a confiança da salvação de uma vida.

— Tenho medo de ele se apaixonar por uma prostituta que dá golpe do baú. – Confessou, e todos nós rimos, sentindo cada segundo ser bem aproveitado, como deve ser.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora