「 7.5 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \


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Depois do último treino com Jungkook, Taehyung e Jimin – que ia pela primeira vez em um treino meu, motivo enorme pelo meu esforço reforçado desta vez – sendo a "plateia" que eu iria encarar no ginásio em Busan, decidimos descansar um pouco caminhando pelo shopping.

— Vai ser divertido! – Exclamava Taehyung, que dera ideia de irmos passear em uma praça próxima dali, praticamente nos empurrando para fora daquele estabelecimento. — Vamos lá! Precisamos nos divertir um pouco.

— Já estamos nos divertindo. Estamos dentro de um shopping. – Interferiu Jungkook, permanecendo com seu braço cruzado ao de Jimin para guiá-lo.

Fazia quase três dias desde que Jimin teve seu destino pré-escrito, e os resultados do câncer cerebral começavam a interferir sua rotina, adicionando remédios e o tratamento. Porém, ele começara a ficar mais pálido, mais parecido com a aparência de um paciente terminal mesmo.

Era horrível ver aquela mudança de pessoa saudável para portador de câncer atingi-lo, principalmente pensando que ele já sofrera com tudo aquilo, e agora se repetia. Mas uma coisa é ficar cego, a outra, é saber que você vai morrer logo mais, não importa como.

Taehyung bufou, batendo na própria testa.

— Fora isso; eu me refiro lá fora! – Levantou os braços estupefato. — Vamos sair daqui, por favor! Viver a vida como jovens normais!

— Jovens normais bebem. – Jimin lembrou, e segurei um risinho. Aquela frase foi tão aleatória, mas pareceu diminuir a tensão no grupo e amolecer Taehyung, que estava quase nos empurrando para fora às forças.

Taehyung se aproximou de Jimin, levando a sua mão ao ombro do loiro, e sorriu de lado.

— Então, que consigamos uma garrafa. – E saiu para fora do shopping, nos deixando para trás.

— Você vai ou eu...? – Jungkook e eu nos entreolhamos, eu com a sobrancelha arqueada, e Jungkook dando de ombros, correndo atrás de Taehyung.

— TAEHYUNG! TAEHYUNG! – Gritávamos, caminhando apressadamente ao redor do shopping, quase no nível de desesperados.

"Que ele não esteja pensando em fazer merda", pensei, cruzando os dedos disfarçadamente.

— Aqui! – Próximo à parede de uma loja, ao longe, Taehyung acenava para nós três, e fomos na sua direção.

— O que você está fazendo? – Questionou Jimin, expressando uma tentativa de uma cara "estou bravo com você porque você nos deixou preocupado, seu grande bosta".

Taehyung começou a gargalhar sem nenhum disfarce, sua risada sendo capaz de ser ouvida até o outro lado da rua. Imediatamente, tapei sua boca com minhas duas mãos, quase o fazendo ficar sem ar, e soltando somente depois que o mesmo faz um sinal estranho e desesperado com as mãos.

— Ufa. Achei que iria morrer asfixiado. – Respirava profundamente várias vezes, me olhando torto.

Rapidamente, levantei minhas mãos em sinal de defesa.

— Mas diz aí, o que você tem? – Jungkook surrupiou a garrafa das mãos do namorado, encarando seriamente o rótulo.

— Vocês não sabem qual é a sorte de ter um tio médico que é burguês safado. – Bateu no próprio peito em forma de orgulho. — Recebi a primeira mesada da minha vida hoje, acreditam?

— O quê? Mesada? – Jungkook olhou-o perplexo. — Eu só tive isso por três meses da minha vida, e foi na infância!

— Pois então... – Estalou os dedos, pegando a garrafa das mãos de Jungkook. — Alguém vai um golinho?

— Eu não acredito. – Empurrei Taehyung, realmente irritado. — Você comprou mesmo uma garrafa de bebida alcoólica?

— Ei, calma. Menos violência. – Pôs a mão livre em frente ao corpo, defendendo-se. Então, mostrou o rótulo para mim. — Isso é guaraná, um refrigerante da América Latina. Olhe.

Peguei a garrafa, conferindo o rótulo onde dizia "refrigerante exportado do Brasil". Mordi o lábio, devolvendo à Taehyung como forma de desculpas.

— E é bom, Tae? – Jimin perguntou, e Taehyung deu a garrafa para ele.

— Não sei. Nunca experimentei. Tenta você, e seja um jovem normal! – Falou, e Jimin riu, tomando o primeiro gole da bebida.

Ficamos olhando para o garoto enquanto ele experimentava, e após Jimin ter feito um sinal de positivo, cada um revezou para bebê-lo, menos eu.

— Vamos, Yoon! Só um gole! – Incentivava Taehyung.

— Não sei... – Fitei aquela garrafa com uma bebida tão diferente do que víamos todos os dias, engolindo a seco pelo seu gosto. — Quer saber? Por um gole, vale a pena.

A sensação das bolinhas explodindo dentro de minha boca foi ótima. O gosto do guaraná era agradável, e eu por causa disso poderia beber a garrafa inteira, se não fosse meus amigos para interferir no exagero que eu já me transformava.

Depois de tanto revezamento no guaraná, bate-papo e Taehyung – o tempo todo – paquerando Jungkook, que já teve de pedir licença para ir em um canto mais afastado de Jimin e eu para calar o fogo de Taehyung com alguns beijos, decidimos oficialmente voltar para casa. E durante o caminho, novamente passamos pelo salão onde Jimin e eu estivemos antes.

— O que tanto você encara esse salão, Yoongi? – Taehyung respondeu meio grogue – como se guaraná conseguisse deixar alguém bêbado, mas com Taehyung, tudo é possível.

— É que... – Olhei para Jimin, que mordia o lábio, esperando uma atitude minha.

Na última consulta, o Dr. Kim me liberara para pintar o cabelo, mas a insegurança ainda permanecia firme, como um martelinho pregando o prego que me libertaria de tudo constantemente.

Mas como conseguir realizar um considerável sonho, sem sair do mesmo universo em que eu vivia?

Assim, uma lâmpada brilhou acima de mim, e saí de perto de frente do salão, voltando ao caminho de antes.

— Vou deixar para depois. – Sussurrei para Jimin, o deixando confuso. — Terá uma hora que será necessário, não se preocupe.

E depois de deixar Jimin em sua casa e me despedir de um Taehyung caído nos braços de Jungkook desnorteado, segui para casa, o plano se formando pouco a pouco em minha mente.

"Qual cor eu poderia usar?", pensava, enquanto fazia as anotações ao olhar para minha vista na janela.

Procurei abrigo nas estrelas, vendo o céu todo escuro se contrair com o brilho estelar, e as luzes da cidade o iluminarem, com leves tons de azul.

— É isso! – Exclamei, anotando o detalhe principal no papel.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora