「 8.8 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

Quando deu seis horas da tarde, prontamente me levantei de minha cama, calçando umas pantufas de cachorrinho que haviam me deixado – era meio constrangedor, mas para uma enfermeira que acredita que o paciente jamais poderia sair do quarto, qualquer calçado já servia.

Só havia um pequeno problema: meu cadete do soro. Ele ainda estava inserido em meu braço, então teria que levá-lo junto se não quisesse acabar tendo outro desmaio no corredor. Encaminhei-me pelos corredores "escondidos" que Taehyung me indicou, e em alguns minutos depois, a porta do quarto 457 estava bem na minha frente.

Respirei fundo, conferindo se estava realmente sozinho, e pressionei a maçaneta, entrando ali dentro.

Jimin não estava.

— Puta merda. – Xinguei, e já começava a caminhar de volta para meu quarto, quando escutei uma voz vinda de algum lugar.

— Suga? – Encarei a porta do provável banheiro dali, e arqueei uma sobrancelha. Então, ele está ali?

Jimin saiu do banheiro, e a imagem que tive foi difícil de encarar. Em poucos segundos, meu coração inteiro pareceu despedaçar-se. Balancei a cabeça, vendo Jimin caminhar lentamente e tropeçando com sua vara de guia, enquanto minha mente negava várias e várias vezes o que estava acontecendo bem diante de meus olhos.

Ele estava horrível. Seus olhos, com enormes bolsas em baixo; a pele pálida, bem próxima a tonalidade da minha; estava magro, e seu cabelo, cinzento pela tinta loira desbotada. Jimin parecia um defunto – igual como eu ficaria daqui algum tempo.

Eu já esperava o pior, mas não imaginava que seria tão doloroso. Ver o amor da sua vida morrer aos poucos, bem lento, mas muito cruel.

— Sou eu. – Respondi, me aproximando do mesmo. Puxando o soro junto, fiquei próximo à cama, e segurei sua mão.

O mesmo compreendeu, e sorriu, mostrando um dos poucos resquícios do antigo Jimin que ainda possuía.

— Estava com saudades.

— Eu também. – Respirei fundo. — Vim só fazer uma visita rápida, daqui a pouco preciso ir. E estou correndo sérios riscos aqui, também.

— Riscos? – Arqueou uma sobrancelha. — Como assim, você não melhorou do desmaio? Ainda está internado?

— Vou sair da ala de internos e vou me mudar para o meu quarto amanhã. – Expliquei. — O Dr. Lee queria que eu ficasse o máximo possível, para o caso de acontecer algo.

— Dr. Lee? Lee Jooheon? Você também é paciente dele? – Arregalou os olhos.

— Sou.

— Aquele médico maldito! – Exclamou, levando os braços ao alto. — Eu vivo perguntando à ele algumas coisas, e ele nunca me responde!

— Não fale assim. – Me sentei ao seu lado, segurando de novo sua mão. — Ele é seu médico. Tem cuidado bem de você?

— Ah... sim. – Assentiu. — Mas, eu fico curioso. Ele nunca me responde o que eu pergunto. E vive quieto. Desse jeito, nunca fico sabendo quem está tirando o meu sangue!

Dei uma risadinha. Não era culpa do Dr. Lee, eu sabia. Mas o cara era muito calado – mais do que eu –, e daquele jeito, eu entenderia completamente a negligência de Jimin em relação ao homem.

Ficamos calados, eu fitando o chão, nossos pés não conseguindo alcançar o chão por causa de nossas alturas. Achava engraçadinho a maneira como éramos baixinhos, como até nossa altura combinava de alguma uma forma. Fitei Jimin, engolindo a seco.

— Ei, – chamei — sobre a sua doença... como acha que ela está?

— Péssima. – Respondeu, suspirando. — Tenho umas dores de cabeça aqui e ali, e a quimioterapia agora é diária. – Engoli a seco, imediatamente olhando para a cabeça de Jimin, onde os fios loiro-acinzentados estavam. Não vai demorar muito para começarem a cair, pensei. — Mas, pelo menos, tenho me esquecido menos das coisas. Por exemplo: o nosso aniversário de um mês!

— O nosso o quê?! – Elevei um pouco a voz, e imediatamente verifiquei se tinha chamado atenção. Não houve um único ruído no corredor, e respirei aliviado. — O nosso... aniversário?...

— Amanhã, Yoongi! Ou... – Jimin cruzou os braços de forma brincalhona, fazendo uma expressão maliciosa. — Você esqueceu!

— Não! Não!... – Calei-me quando ouvi passos do lado de fora, e rapidamente levantei da cama, procurando um lugar para me esconder no quarto.

Corri o máximo que podia até o banheiro, carregando junto o soro, claro. Fechei a porta, e esperei pelo pior.

Os próximos minutos pareceram uma eternidade. Eu já tentara ouvir alguma coisa da conversa de Jimin com vai-saber-quem. Mas a porta do banheiro bloqueava tanto as vozes, que me perguntei como Jimin tinha me ouvido entrar no quarto antes.

Depois do que pareceu meia hora, ouvi batidas na porta, e Jimin anunciando:

— Já pode sair!

Abri a porta, aliviado, e abracei o garoto.

— Isso é muito arriscado, preciso ir.

— Volte o mais rápido que puder, por favor. – Pediu, e fiz que sim com a cabeça, dando-lhe um beijo carinhoso depois.

Outra coisa que ele ainda tinha: o seu jeito mágico e único de beijar. Por poucos segundos, me senti voltar no tempo, para quando minhas preocupações só incluíam lembrar de ir na consulta do dia seguinte. Me despedi de Jimin, e voltei para meu quarto, pensando em alguma forma de poder comemorar o aniversário que, com toda certeza, eu acabei esquecendo.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora