「 1.3 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

Taehyung estava começando a me dar medo. Ele não falava, não sorria, não fazia uma piadinha sequer. Ele nem chegara a rir quando o professor mencionara sobre o cu na tabela periódica, como sempre fazia. E quando eu o chamava, Taehyung me olhava com rosto de poucos amigos.

Esse não é o Taehyung, uma voz dentro de mim falara.

Perto do fim da aula, aproveitei que o professor havia saído e cheguei para a frente, encostando minha boca bem próximo do ouvido de Taehyung para que ele ouvisse.

— Cara, você está bem?  – Perguntei.

Taehyung se virou, ficando cara-a-cara comigo. Em seus olhos, vi que ele trazia algo profundo dentro de si, mas não queria revelar o quê.

Era como uma fotografia. Você não pode saber o que se passa na cabeça da pessoa fotografada, mas pode ver o que ela sente através dos olhos. E naquele momento, eu só queria abraçar Taehyung, e dizer que estava tudo bem.

Mas não sabia o que deve estar bem.

— Eu estou bem sim, Suga. Só, por favor, quero prestar atenção na aula hoje e... – o professor havia chegado, e eu voltei no meu lugar.

Quando o professor voltou novamente à sua explicação, o sinal bateu. Esperei que todos da sala saíssem, e Taehyung fez o mesmo. "Pelo menos isso ainda mantemos", falei dentro da minha cabeça.

Minutos depois, finalmente ficamos a sós. Levantei rapidamente, e fiquei do lado de Taehyung, o impedindo de se levantar da cadeira.

— Olha, hoje eu não estou a fim de chupar o seu pau, Suga – ironizou, indicando o que estava próximo do seu rosto. Sorriu malicioso para mim.

Ele estava tentando. Mas aquilo não conseguiu aliviar nossa tensão.

— Por que está tão estranho? – Questionei, e Taehyung não respondeu. Continuei: — Desde o recreio você está assim.

— Não está um pouco óbvio para você? – Disse, aquilo saindo como um tapa na minha cara.

Mas é claro. Como pude ser tão burro?

— É... – me afastei de Taehyung, deixando ele finalmente levantar da cadeira e organizar o material. — Você está falando dele?

— Se for do seu coleguinha da aula de inglês, sim. É dele que estamos falando.

— Mas o quê Jungkook tem para te deixar assim? – Perguntei, e Taehyung me encarou imediatamente ao dizer Jungkook.

— Não acredito! – Exclamou, a raiva de antes voltando. — Você sabe o nome dele? Daquele popularzinho cuzão de merda?

Ah, não. "Pense Yoongi," falei na minha cabeça. "Tem de haver um jeito de não acabar deixando Taehyung com mais raiva ainda."

— Eu... Sei, sim. Agora, por favor, me explica. O que você tem contra ele?

Taehyung sentou novamente na sua cadeira, cruzando os braços na mesa, e sem me olhar, respondeu:

— Não quero que você ande com gente como ele.

— Você não é eu pra decidir com quem eu ando. – Rebati.

— Não confio nele. – Falou. Depois, acrescentou: — Não acredito que ele seja uma boa pessoa para você.

Mordi o lábio, olhando para baixo. Eu sabia que Taehyung poderia ter razão, mas no fundo, algo dentro de mim contrariou tudo isso.

Eu queria tentar. Queria fazer um amigo. Queria conhecer Jungkook. Não porque eu precisava, ou porque alguém me mandou. Eu seria amigo dele porque eu quero.

— Somos só colegas de inglês. – Disse, e aquilo não era mentira.

Mesmo assim. – Taehyung continuou. — Não quero te ver andando com aquela gente, especialmente com esse tal de Jeongguk...

— É Jungkook, Tae. – Corrigi, e Taehyung escondeu seu rosto entre os braços, um pouco nervoso. Notei certa vermelhidão encher suas bochechas.

Depois de alguns minutos, Taehyung resolveu sair de seu casulo, e voltou a me notar. Pôs uma mão em meu ombro, e olhou no fundo dos meus olhos.

— Só me promete que não vai falar com ele. Que vai ficar longe, certo? – Taehyung engoliu a seco, apertando sua mão em meu ombro. — Por favor, fique longe dele...

Nunca senti tamanho peso na conciência como agora.

— Taehyung...

Você promete?

Um turbilhão de pensamentos me passaram. Motivos para eu querer prometer, e motivos para que eu mentisse. Senti meu coração dividido, como se eu estivesse traindo ambos ao mesmo tempo.

Jungkook é um garoto legal, mas ele não é Taehyung. E Taehyung é meu melhor amigo, mas não é Jungkook. E, enxergar destacado nos olhos de Taehyung, todos os pesos do universo, me fez revidar sobre o convite de mais cedo.

O que eu poderia dizer?

Escolhi a primeira opção.

— Prometo.

Taehyung sorriu. Como eu senti falta desse sorriso.

— Muito bem. Apenas estou preocupado com você. E o que eu conheço desse tal de Jungkook... – Taehyung se calou, balançando a cabeça. — Esqueça. Vamos?

Assenti, o acompanhando atrás. Não tinha coragem de encará-lo nos olhos de novo.

Taehyung seguiu seu caminho, se despedindo de mim na entrada da escola. Caminhei calmamente até o ponto de ônibus, pensando se o que eu estava fazendo era certo.

Eu havia mentido para Taehyung.

Ao chegar no ponto de ônibus, infelizmente, Jimin não estava ali.

Era isto. Eu estava sozinho. Um doente sozinho e mentiroso, que está prestes a morrer.

E como no dia da consulta, a única vontade que eu tinha, era a de chorar.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora