「 9.0 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

Quando o dia seguinte apareceu, poderia dizer, com toda certeza, que a noite passada não havia passado tudo de um sonho. Que Jimin e eu permanecemos em nossos quartos – agora, vizinhos um do outro – o tempo todo. Que não nos vimos ainda, que deixamos nosso primeiro aniversário passar em branco.

Mas seria mentira, porque desta vez, o que pareceu real era mesmo real. Os beijos, as carícias, o céu estrelado. Nossas mãos se segurando novamente, depois de tanto tempo.

Se fizesse um pouquinho mais de esforço, com certeza, lembraria da sensação do toque da pele macia de Jimin em minhas manchas no braço, pernas, mãos e rosto. Foi um momento mágico, porque ele não queria saber da minha grande tristeza, e sim, me conhecer mais ainda.

— Elas são... meio ásperas... – Mordi o lábio quando ele tocou uma em meu braço, que sem querer, acabou ardendo. — Mas são lindas... e boas de se tocar.

— Como assim, boas de se tocar? – Questionei, cobrindo o braço com a manga.

Jimin deu de ombros.

— Boas porque eu estou tocando, não só nelas, mas em você também. – Respondeu docemente. — Tocar no que faz você, saber que você é essa explosão de arte... Isso é lindo.

Naquela hora, eu lembro de ter soltado uma pequena lágrima.

Sorri bobo na cama, as lembranças tão agradáveis vindo uma por uma na mente. Me sentia em um filme de romance trágico. Mas que romance não acabou sendo trágico?

Bastava você olhá-lo com outros olhos, para perceber como o amor era: algo trágico, algo belo, algo único. Era isso que o amor significa: uma explosão de arte.

Ouvi um telefone tocando, percebendo que era o meu. Peguei-o da cômoda, conferindo a mensagem.

jotakook: é verdade?

parabéns pelo 1 mês, yoongi!!

taehyung me pediu pra vc contar todos os detalhes mais tarde

agora tenho aula, dps nos falamos

:**

Balancei a cabeça, conferindo meu estado. Eu estava vestido com as roupas da noite anterior: uma camisa manga comprida e calça moletom. Não muito apropriada para uma comemoração de primeiro mês de namoro, mas para uma estadia indeterminada em um hospital, sim. Fui em direção ao banheiro, indo ver no que aquele visual tão simples poderia melhorar.

Quando voltei, encontrei Dr. Kim sentado na poltrona do quarto, olhando para um porta-retratos com a foto da minha família e eu, quando tinha quatro anos.

— Você não mudou muito desde pequeno. – Comentou. — Já vi pessoas que pareciam ter feito uma cirurgia plástica na cara, de tão diferentes que estavam quando crianças.

— Como eu queria que esse tipo de coisa acontecesse comigo. – Lamentei em tom sarcástico, e o Dr. Kim riu, indicando o pequeno sofá para eu me sentar.

— E então? Gostou da surpresa?

Primeiro, fitei-o com ar confuso, depois, fiz ar de surpresa. Eu era mesmo um idiota, e péssimo de memória também.

— Como conseguiu?

— Fácil; falei que o quarto ao lado do seu estava disponível para internação, e os pais de Jimin toparam. Depois, deixe a mudança para o hospital.

Fiquei de boca aberta, sem saber o que fazer ou falar. Felizmente, o Dr. Kim facilitou as coisas. Estendeu os braços, e disse:

— Se quiser, afirmo que o meu abraço é considerado o melhor de todos.

Dei um abraço rápido no médico, sendo a única forma de agradecê-lo que estava proposta para mim.

— Jeongyeon deve gostar desse abraço. – Soltei o comentário, me separando do homem.

— Quem?

— Jeongyeon, a sua namorada. – O Dr. Kim corou, e imediatamente corrigi minha fala. — Quer dizer, se ela é mesmo a sua namorada e...

— Taehyung te contou, não é?

Desviei o olhar, afirmando com a cabeça.

O médico sorriu bobo, limpando a garganta depois.

— Namorada é uma palavra muito forte... mas Jeongyeon gosta de rótulos. E como eu poderia dizer "não" à ela?

— O senhor gosta muito dela, pelo visto.

O Dr. Kim tocou rapidamente meu nariz, como se eu fosse um gatinho e ele, um dono brincando com seu bichinho.

— Da mesma forma como você gosta do Jimin.

Mais tarde, após passar um dia inteiro recebendo remédios e tentando me distrair com alguma coisa interessante, decidi que eu já estava de saco cheio. Então, rapidamente e discretamente, corri para o quarto de Jimin.

Infelizmente, o mesmo dormia tranquilamente em sua cama. Já estava para ir embora, quando reparei em uma folha sobre a poltrona.

Aproximei-me, pegando e lendo o que estava escrito sem autorização de alguém. Era um diagnóstico médico cheio de palavras que, mesmo passando anos de minha vida no hospital lendo-as, jamais cheguei a compreendê-las. Porém, no fim da página, meu coração deu um pequeno solavanco.

Porque ali, de acordo com as palavras do médico, Jimin tinha menos que duas semanas de vida.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora