\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \﹏﹏﹏
Desde que conheço Taehyung, ele sempre foi o amigo que todo mundo queria ter. Como um verdadeiro irmão, ele vivia me apoiando em casos arriscados, esperando eu voltar do hospital quando alguma coisa acontecia, e fazendo o papel de bobo da corte que animava meus dias.
Claro que, como toda boa bênção, vinha algum encosto para atrapalhar tudo. E o mal da minha sorte, era a falta de noção de Kim Taehyung.
Está certo que ele tinha muito mais razão do que eu – somente em alguns casos, como o da inscrição no concurso de patinação — mas tinha vezes que Taehyung extrapolava demais. E um desses casos, era o da aposta com a garota aleatória da fila.
— Você pirou de vez? – Questionei irritado novamente. Minha vontade era só de espancar Taehyung agora. E muito.
O garoto, fingindo inocência, prosseguiu o caminho tranquilamente.
— Pirado eu já sou. Não sei do que você está falando.
Não resisti, e dei um tapa forte na nuca dele.
— Seu idiota! Nem me venha dizer que não fez merda, porque dessa vez parece que você jogou a noção diretamente na privada. – Taehyung riu da minha comparação, mas parou quando percebeu minha cara de sério.
O mesmo abaixou a cabeça, meio tristonho. Cruzei os braços ali mesmo, no meio do caminho entre a loja onde faziam as inscrições e uma lanchonete, esperando algum pedido decente vindo da criança que me acompanhava.
— Desculpa... – Sussurrou, e me fiz de surdo. — Desculpa. – Falou mais alto, levantando a cabeça. — Me perdoe, eu realmente pisei na bola.
Aplaudi, fazendo cara de impressionado.
Talvez eu estivesse sendo um tanto rude? Pode ser. Mas Taehyung já estava acostumado com meu jeito grosso, então não tinha problema.
— Acho que o mundo ainda tem salvação... – Soltei o comentário sarcástico.
Taehyung revirou os olhos, cansado.
— Ok, foi um erro eu ter apostado com aquela garota. Satisfeito? – Assenti. Taehyung sorriu de lado. — Se bem, que comparando ela com você, tenho certeza que você ganharia.
— Eu não sei patinar, Taehyung. – O lembrei, sentindo uma pequena dor no peito. "Saberia se você não fosse um completo medroso e tivesse tentado alguma vez na sua vida", pensei.
Lembranças de uma vida triste e perdida, basicamente.
Taehyung passou o braço pelo meu pescoço, como forma de me confortar – ou ele estava apenas descarregando peso nas minhas costas de propósito.
— O mozão te ensina, chuchu. Fica tranquilo.
Encarei Taehyung, e ri da sua fala.
Taehyung fez cara de ofendido, apertando mais meu ombro com sua mão sobre ele.
— Que foi?
— Esse seu "mozão". Não acredito que chama o Jungkook assim. – Deu de ombros. — Taehyung, o que está acontecendo?
— Apenas fases de uma pessoa apaixonada, ué. Eu tenho direitos de chamar o meu namorado do que eu quiser, sabia? – Defendeu.
— Mas mozão é meio... brega.
Taehyung sorriu bobo, as bochechas ganhando uma coloração meio avermelhada.
— Eu sei, mas acabei descobrindo que Jungkook ama ser chamado assim. E bem, o que um namorado não faz pelo outro?
Apertei as bochechas de Taehyung na brincadeira, aproveitando que o garoto estava em seu momento de "queda apaixonante".
— Você é um fofo todo romântico, sabia?
— E você também. – Torci o nariz. — Dá vontade de apertar e guardar em um potinho você e o Jimin juntos.
Segurei o riso, continuando com a caminhada e tentando esquecer o comentário. Só que, elogios são como beijos ou toques: demora para esquecer, e nunca se sabe como reagir quando de repente é soltado. E para mim, que já carregava uma timidez e espírito antissocial desde a própria existência, receber um elogio parecia o fim do mundo de um coração aquecido.
Agora, quando juntava alguém que eu gostava muito no meio, só faltava sentir minhas bochechas explodirem de amores.
Taehyung beliscou minha bochecha desta vez, sorrindo quadrado.
— Iti malia, que fofo.
Sorri, negando.
— Só, por favor, não fala mozão do meu lado e sem o Jungkook por perto, está bem?
Taehyung se separou de mim, batendo continência e rindo.
Porém, ao longe, algo prendeu meus olhos, tirando a atenção ao meu melhor amigo.
Uma mulher segurava um balão em formato de coração, sorridente, enquanto um homem alto e de ombros largos pagava a conta. Eles se deram as mãos, um tanto acanhados, e seguiram de costas para a direção oposta.
Mas não era a interação amorosa que me atraía. Era reconhecer que aquelas pessoas que faziam tudo isso eram o Dr. Jin e a irmã de Hoseok.
— Suga? Alô, Terra chamando Suga! – Taehyung balançou as mãos em frente à mim, me despertando do transe.
O olhei com cara de choque, conferindo novamente se o que eu via era ilusão ou não.
Porque aquilo simplesmente não era possível.
— Taehyung... – Chamei, mas simplesmente acabei travando.
Afinal, eu conto ou não?
Taehyung nem sabe da existência da irmã de Hoseok, nem sequer desconfia de alguma coisa relacionada. E Hoseok pareceu não ter uma boa relação com a mesma. Dawon parece ser um anjinho de primeira, mas na verdade, é o diabo em pessoa.
Aquilo grudava feito chiclete.
E com o Dr. Seokjin, o diabo não parecia muito a solta.
"Puta merda." Era tudo o que eu conseguia processar dentro da minha cabeça de merda.
Taehyung me observava curioso, e suspirei.
"Ele não é a pessoa certa para isso", decidi.
— Não foi nada. – Soltei a desculpa. — Só uma cena estranha...
— Hm, certo. – Arqueou uma sobrancelha, e me deu o braço.
Aceitei, pedindo para que fôssemos na casa de Jimin.
E enquanto eu escolhia as palavras certas para fazer Taehyung não desconfiar de nada, a cena se repetia dentro da minha cabeça.
Jimin precisa saber disso.
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can you see me? ☆ bts
Fanfiction❝onde park jimin é cego, e conhece min yoongi, um garoto que sofre de câncer de pele.❞ ⇢ min yoongi + park jimin. ⇢ concluída.