can you see me? ☆ bts

「 4.2 」

\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

— Chegamos em casa! – Anunciou mamãe no banco da frente.

Olhei para a casa que eu chamava de lar, não sentindo as mesmas saudades que tinha quando precisava passar alguns dias no hospital.

"Pelo menos, terei minha janela de volta.", pensei, abrindo a porta do carro.

Papai me ajudou a subir na cadeira de rodas. A briga me deu duas costelas quebradas, um braço quebrado, um roxo no olho, e vários hematomas. Não tinha interferido em nada no meu câncer, apesar que precisava estar tomando soro o tempo.

Para ser exato, estar todo quebrado é mil vezes pior do que estar infectado por todo o corpo. É isto.

— Sentiu falta de casa, Suga? – Perguntou mamãe, me deixando entrar sendo empurrado pelo meu pai.

Não sabia o que responder. Então apenas concordei com a cabeça, permanecendo calado.

Mesmo que eu continuasse mal, escondendo ou mentindo as coisas para eles, isso também é meu escape de trazer à eles mais sofrimento.

Tinha pensado sobre isso durante o caminho. A mentira pode ser cruel, mas ela pode trazer sentimentos bons.

Isso só até tudo ser descoberto, e acabar de uma vez com o castelo de cartas.

— Vou pegar alguma coisa para você comer. – Falou mamãe, indo até a cozinha. Papai me arrumou na nossa mesa de jantar, as olheiras perceptíveis abaixo de seus olhos.

Com delicadeza, questionei:

— Você anda trabalhando muito, não é?

Papai me encarou imediatamente, sentando-se junto comigo na mesa.

Eu sabia que com ele era diferente. Ao contrário de mim, que sabia esconder as coisas, meu pai era exageradamente transparente. Isto, quando a questão é esconder como ele se sente em relação à mim.

Esse é o problema das pessoas transparentes. Elas sempre precisam de alguém com que se apoiarem, para poderem depositar todas as suas forças e escondê-las do mundo. Mamãe era a força de papai, e vê-la tão vulnerável durante a conversa no hospital, resultou nele demonstrando junto tudo o que guardava em si.

— Você sabe, meu trabalho não é nem um pouco fácil. – Respondeu, dando um sorrisinho de lado.

— Você ganha o suficiente, pai. – Falei, engolindo a seco. — Você está exagerando nessa de querer passar mais tempo do que necessário por mim.

— Mas é preciso. – Ele finalmente declarou. — As contas chegam, Yoongi. O hospital não é público, e os seus remédios são caros. Tudo isso é tão... – Ele joga os braços na mesa, enterrando as mãos no rosto, uma tentativa de esconder-se do mundo.

Desviei o olhar. Outra coisa que se pode perceber nas pessoas transparentes: quando ela sente muita dor, acaba sempre passando essa dor para você. E senti-la, é uma péssima experiência. Para ambos os lados.

— Desculpa se passo trabalho. Mas eu não escolhi ser assim. Nem escolhi sofrer essa briga. É tudo... – Procurei algo que pudesse expressar melhor, mas não saía nenhuma palavra de mim.

— Você não tem culpa, Yoon. Ninguém tem. – Finalmente, saindo de seu casulo, meu pai segura minha mão por cima da mesa. Ele me encara, e vejo carinho e compaixão transbordar de seus olhos.