\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \﹏﹏﹏
Minhas probabilidades estavam incorretas.
Pensava que logo após aquela maldita pancada na cara, tudo acabaria. Mesmo ouvindo os sons de sirenes, ou sentindo minha respiração sair normalmente, eu queria que tudo tivesse acabado de uma só vez. Por mais doloroso que fosse, ou imprevisível – pois quando se tem câncer, é nele que você deposita toda as suas expectativas de morte –, eu fora egoísta o suficiente para desejar meu fim rapidamente.
Porque eu era assim. Não importasse os motivos que existissem para eu continuar; um morto-vivo sempre voltará para sua cova interior, desesperado para que ela seja finalmente enterrada.
Mas algo me dizia, que eu sabia que não iria morrer. E fora uma prova, logo após abrir meus olhos e ver a mesma luz na qual já estava acostumado.
Para mim, ver aquilo novamente era pior que receber a notícia de sua morte.
Fiquei fitando aquela luz branca, que mesmo familiar, não parecia exatamente com a que eu via constantemente. Virei o rosto, e minhas dúvidas sumiram.
O aparelho permanecia ali, com o soro conectado e os dados sobre meu coração aparecendo na tela. Uma situação triste, mas que salvava a minha vida.
Olhei bem ao redor, vendo um quarto diferente do meu no hospital que costumo frequentar. Lá, as paredes não eram esverdeadas, e os lençóis eram mais macios. Além dos ares presentes, que mantinham esperança. Neste, tudo parece prestes à morrer, mesmo com os equipamentos modernos e os quartos limpos.
Pela primeira vez na minha vida, senti saudades do antigo hospital.
Respirei fundo, e uma forte pontada me atingiu nas costelas. Minha pele chegava a formigar, e minha coluna devia estar devastada. Horrível.
Voltei a fitar o teto, respirando lentamente, a fim de amenizar a pontada de dor em meu corpo. Nenhum pensamento me ocorria na cabeça, os olhos já cansando de tanto olhar o nada, até um leve "clique" soar no cômodo.
Levei meus olhos até a porta, e a pessoa quem eu mais precisava de respostas apareceu.
— Tae...? – Calei-me rapidamente. Minha voz estava embargada, quase igual o de um doente à beira da morte.
Taehyung se aproximou devagar, sentando na poltrona do outro lado da cama, ainda me encarando.
Ele não disse nada, apenas nossos olhos se cruzando, as perguntas surgindo em minha mente, e a dor no corpo ardendo mais ainda.
Até que uma pequena lágrima escorreu dos meus olhos, e Taehyung abaixou a cabeça em sinal de pêsames.
— O que... Aconteceu? – Perguntei, segurando as lágrimas em meu rosto.
Taehyung respirou fundo, olhou de soslaio para a porta, e voltou a me observar.
— Não tenho muito tempo. – Falou baixo. — Meus pais não permitiram minha visita, então tenho que ser rápido.
— Você é uma peste. – Comentei, e Taehyung sorriu.
— Sou mesmo. Faço de tudo pelo meu melhor amigo, apenas. – Deu de ombros.
Outra pontada saiu, me fazendo expressar uma careta. Taehyung se aproximou, mas desistiu na hora. Ele poderia fazer de tudo para mim, mas não poderia ser tudo para mim – como exemplo, um médico especializado em câncer de pele.
— Eu... Estou bem. – Consolei, mesmo a dor presente nas costas ter aumentado um pouco. — Só queria saber, que lugar é este e como vim parar aqui?
— Essa é fácil, Suga. – Esfregou as mãos, sem retribuir o olhar. — Este, é mais um entre os vários hospitais de Suwon. E você veio parar aqui, nada mais nada menos que pela culpa de Hoseok. – Sorriu fraquinho, ainda sem me olhar. — Você teve sorte, na minha opinião.
— Como assim, o Hoseok? – Questiono, ignorando o último comentário de Taehyung.
Taehyung me olhou, seus olhos carregando felicidade em poder me ver assim, são e salvo.
Agora, como alguém consegue se sentir feliz ao ver um doente deitado na cama, somente ele para responder.
— Vocês estavam perto da casa dele. O garoto ouviu os gritos e correu... Er, – Taehyung interrompeu, tossindo um pouco — ele foi direto chamar ajuda. Depois, teve altas brigas, vocês dois entrando na ambulância, e os caras sendo presos.
Assenti, voltando os olhos em direção ao teto. Vendo agora, realmente a lâmpada de meu quarto possuía algumas semelhanças com as deste.
— E só isso?
— Como assim, só isso? – Questionou, estupefato. — O cara salvou a sua vida. Tem forma mais heróica que esta em nosso mundo?
— Os Vingadores, talvez?
— Engraçadinho. – Taehyung balançou a cabeça, começando a rir. Era lindo quando Taehyung começava a rir.
O aparelho apitou alguma coisa, interrompendo o momento, e uma nova onde de dores começou a me atacar.
Taehyung se afastou, perdido, me olhando expressar uma careta, tentando inutilmente não demonstrar dor alguma. Ele se aproximou, segurou na minha mão manchada, e falou:
— Você não toma cuidado mesmo, hein.
Esforcei-me o máximo para concordar.
— Estou indo. Meus pais devem estarem me procurando, acho. – Virou-se em direção à porta, caminhando, e voltou para mim, dizendo: — Eu te amo, Yoongi.
— Eu também te amo, Tae. – Falo, fazendo com todas as forças um coração para ele, que retribuiu e foi embora.
E enquanto era deixado sozinho novamente, no meio de todas as malditas dúvidas e pensamentos que me rondavam, uma frase era destaque.
Eu era um caso perdido.

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can you see me? ☆ bts
Fanfic❝onde park jimin é cego, e conhece min yoongi, um garoto que sofre de câncer de pele.❞ ⇢ min yoongi + park jimin. ⇢ concluída.