「 7.6 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

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É oficial, meu povo. – Anunciou Taehyung para Jungkook e eu, enquanto ficávamos observando as pessoas no pátio e fazendo um tipo de brincadeira para passar o tempo até o horário do sinal bater. A brincadeira consistia em inventar histórias sobre a vida da primeira pessoa que enxergássemos, e falar qual a primeira impressão que tínhamos ao vê-la. Um pouco sem moral? Talvez, mas estava divertido. E só iríamos parar quando chegasse o esperado fim.

— Ele tem cara de quem tira nudes e posta no tumblr. – Jungkook chutou, indicando um cara cabeludo, meio musculoso e com cara de futuro pedófilo, que estava observando os outros atletas do primeiro ano treinarem no pequeno espaço na quadra transformada em pista de basquete.

Taehyung tossiu, chamando a atenção do namorado, e continuando:

— Como eu ia dizendo, antes de ser interrompido... – Jungkook engoliu a seco, as bochechas adquirindo uma leve tonalidade avermelhada, o deixando absurdamente adorável. — Tenho novas notícias.

— Sobre o que seriam? – Perguntei, tomando mais um gole de água da minha garrafa.

— Se lembram quando contei das minhas suspeitas quanto o tio Namjoon?

— Aquela sobre ele ser gay também? – Jungkook levou um tapa no topo da cabeça por Taehyung, soltando um gemido reclamão. — Sobre ele ter uma namorada secreta?

— Exatamente. – Taehyung cruzou os braços, levantou a cabeça e disse: — Meu tio Namjoon tem uma namorada.

— Interessante. – Guardei a garrafa na mochila, levantando do banco. — Foi ele quem te apresentou? Qual o nome dela?

— Ontem de noite, depois que eu cheguei da casa de Jungkook, o tio Namjoon aproveitou que eu estava disponível e me contou. – Taehyung suspirou, levantando também. — Ela se chama Jeongyeon.

— Acho que já ouvi falar dela no hospital. – Cocei a cabeça, na tentativa de me lembrar de alguma médica chamada Jeongyeon.

— Já sim, ela é famosinha por lá. E um amor de pessoa, nas "palavras" do senhor Kim Namjoon. – Jungkook assentiu, ainda massageando a região da cabeça que sofrera o tapa.

Bem na hora, o antigo grupo de Jungkook cruzou a quadra da escola. Foi como se fosse um filme adolescente, em que éramos os fracassados que nunca seriam os maiorais, e eles, a nossa expectativa de vida adolescente. A diferença foi que ao invés de suspirar, quando o grupo de machões passou, Taehyung mostrou a língua e começou a espirrar saliva, enquanto Jungkook e eu fazíamos sinais de "perdedor" e mostrava o dedo do meio.

Um tremendo trio de fracassados que eram felizes sendo assim, era nossa definição.

— Você não sente muita falta deles, não é? – Taehyung perguntou para Jungkook, que sorriu.

— Se eu sentisse saudades, não teria mostrado o dedo do meio, não é mesmo?

Taehyung atirou-se nos braços do namorado, dando-lhe um selinho rápido.

Após o sinal bater, Taehyung e eu seguimos para nossa sala de aula, prontos para qualquer coisa que a sociedade estivesse disposta à nos ensinar para transformar-nos em "pessoas de bem".

— Hoje, irei entregar o resultado da última prova. – Anunciou o professor, entregando as folhas em cada mesa.

— Esta é aquela prova que... – Conferi minha folha, não crendo nos números que pendiam no topo, e a palavrinha mágica.

"Aprovado."

— Dá para acreditar? Estou acima da média! – Exclamei para Taehyung, que sorria quadrado para sua folha, sem perceber meu contentamento.

— Eu passei com noventa por cento. – Taehyung murmurava, levando a mão à testa, não acreditando.

— Muito bem, já podem deixar seus resultados guardados. Hora da aula. – Todos fizeram isso, mas os murmúrios continuavam.

No intervalo, Taehyung correu imediatamente nos braços de Jungkook, que acabou levantando-o e girando-o. Enxugou algumas lágrimas que lhe escaparam, questionando toda a euforia vinda do Kim.

— Acabo de tirar a maior nota da minha vida inteira! Olhe! – Indicou a folha da prova para Jungkook, que segurou seu rosto, encarando-o por bastante tempo.

Fiquei submerso em observar aquela interação de olhares entre ambos. Admirava muito a conexão que Taehyung e Jungkook tinham um com o outro, sendo como um fio único que os unia indiretamente, de uma forma tão intensa que o sentimento que havia entre os dois dava para se perceber de longe. Era um amor objetivo, que qualquer um deseja alcançar, mas nunca percebe em olhar para o que já tem, e reparar no seu próprio valor.

Mas, o amor teria assim tanto valor? O coração pode se medir. E o sentimento? Até que ponto ele alcança?

Infinitos mistérios da vida, que apenas podemos admirar.

Uma vibração no telefone surgiu em meu bolso, e me dirigi para o canto mais afastado do pátio, atendendo a ligação.

— Alô?

— Sabia que você estaria no intervalo agora.

— Hoseok? Como conseguiu meu número?

— Longa história. Agradeça ao meu cunhado.

Abafei o riso, pondo a mão na frente da boca.

— Ele não é seu cunhado.

— Ainda. Daqui um mês, já será.

— Do que você está falando?

— Bem, pelo jeito minha irmã está escondendo esse negócio de namoro de mim há quase um ano. É, companheiro. – Arregalei os olhos. Às vezes um segredo pode esconder ainda mais. — Enfim, eles estão indo comemorar isso. Vai haver uma festa no jardim para o aniversário de um ano deles, e o Dr. Seokjin vai secretamente pedir minha irmã em casamento.

— Isso é maravilhoso, Hoseok!

— Por isso, quero que você esteja aqui. – Um aquecimento preencheu meu peito, dando uma sensação boa. — Mas só se você quiser, é claro.

— Quero! Muito! – Calei-me, conferindo ao redor se alguém tinha percebido. Nada. — Quando será?

— Final de semana. Pode trazer Jimin se quiser, ele está convidado. Taehyung também.

Assenti, agradecendo ao telefonema, e saindo daquele canto para avisar Taehyung.

Uma festa no jardim e um pedido de casamento. Que final de semana não agradeceria por tamanha diversão do tipo?

Melhor história que brincadeira nenhuma conseguiria ser capaz para inventar, com toda certeza.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora