\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \
﹏﹏﹏
A última coisa qual eu me lembrava, era o branco. Um choque térmico. Uma dor cheia atingir meu rosto. E mais nada.
Eu não aceitava saber que a minha última lembrança envolvia dor. Poderia ter sido apenas um preto cobrir minha vista rapidamente e deu. Sem dor, sem últimas imagens, sem ouvir uma comunidade inteira exclamar de susto.
Mas ninguém considera um desmaio como uma fatalidade simples e comum.
Estava detestando aquilo, ler meu quadro clínico enquanto ficava sentado na maldita cama de hospital. O velho paraíso azul e atraente.
Novamente, aquele era o oceano que me cobria centímetro por centímetro, protegendo-me do frio, e se tornando o único conforto de uma situação como a minha poderia ter.
Suspirei, lendo a assinatura do médico responsável pelo meu atestado. Arregalei os olhos. Não havia a assinatura do Dr. Kim ali.
O mais curioso naquele documento, era que não mostrava os meus sintomas. Parecia que fora feito rapidamente, sem intenção de explicar o porquê daquela tragédia.
Deixei o atestado médico na cômoda, e me ajeitei na cama, encarando o teto branco e sem vida.
"Engraçado", pensei, "este teto não me é mais familiar."
Nada naquele lugar era mais familiar. Porque tudo era sem vida, sem alegria, sem energia. Me fazia triste, me fazia pensar na morte e na luta contra ela. Exatamente como antes; porém, eu tinha me desacostumado com o branco. Me permiti ser colorido de tantas formas, que ver o preto e branco em seu entorno frio me parecia algo fora do normal.
"Será que vou me acostumar de novo?", questionei. "Será que tudo não passava de um sonho?"
Ouvi passos na porta, e fecho meus olhos, fingindo estar dormindo. Entram, pelas minhas probabilidades, três pessoas. Reconheço duas delas, sendo meus pais, e o outro, eu chuto ser o médico que fizera meu atestado. Eles falam algumas coisas, praticamente sussurrando, e então, alguém sai e fecha a porta, me deixando a sós com quem quer que seja.
Sinto uma mão massagear meu ombro, e levar até meu rosto. Reconheci por ser minha mãe, já que papai não costuma deixar as unhas crescerem.
— Ah, Yoongi... O que aconteceu com você, meu filho? – Choramingou, e afastou a mão de meu rosto.
— Ele parece estar acordando. – Notou papai, e sem escolha, abri meus olhos, fazendo a melhor imitação de "recém acordei, estou me recuperando de um desmaio" possível.
— Pai, mãe... – Falei devagar, e respirei fundo.
— Que bom que você está bem. – Mamãe sorriu de leve, e pegou minha mão, a segurando entre as suas. — Ficamos tão preocupados...
— Onde estou? – Fiz a pergunta qual já sabia a resposta. Mas saber mais, nunca é proibido.
Ambos ficaram calados. Olharam um para o outro, sem saber o que dizer, e esperei. Já sabia lidar com as respostas demoradas. Eram elas que indicavam qual sintoma eu apresentava e que remédio eu teria que tomar para afastar os vírus presentes em meu corpo.
— Yoongi, você desmaiou. – Contou papai. — No final da apresentação, você caiu na pista. E estava péssimo.
Não me surpreendi. Enquanto não aparecia ninguém e eu ficava lendo meu atestado, sugeri que a causa de eu estar preso novamente ali seria por algum desmaio. Uma falta de ar, cansaço extremo, ou até a química da tinta afetando minha pele cancerígena. Coisas a parte que criariam um desmaio. E que desmaio...
— Por quanto tempo fiquei assim?
Que tenha sido poucos dias. Por favor.
— Cinco dias. – "Merda." — Você tinha acordado antes, mas não se lembra porque estava cheio de remédios e... — Mamãe parou, tomando fôlego, e segurou fundo as lágrimas que ameaçavam sair. – Bem, agora você está melhor. Mais saudável.
Suportei um risinho de deboche. Saudável claramente não constava em meu dicionário desde os últimos cinco dias.
— E eu estou no hospital de Busan?
— No de Suwon, querido. Resolvemos trazê-lo de volta. – Respondeu mamãe.
Assenti, observando o quarto ao redor, torcendo para que minha atuação se saísse ótima.
Estava aliviado por voltar à Suwon. A velha cidade poderia me ajudar, e o movimento de Busan me perturbou um pouco – cheguei a me perguntar como Jimin conseguiu viver por oito anos ali. Ou talvez o clima caótico fosse apenas uma preparação para meu grand finale.
Uma pergunta estranha, mas interessante, me surgiu à mente, e encarei meus pais, esperançoso.
— E quando eu vou poder sair?
Mais uma vez, silêncio.
Desta vez, eles não tinham respostas.
Atrás, um homem surgia. Era o médico de Jimin. Observei o homem vir conversar comigo, sendo gentil, e uma enfermeira tomar conta do meu cadete, enfiando-lhe alguma substância.
"E lá vamos nós." Respirei fundo, sentindo o remédio invadir minhas veias.
Quando acordei, era de noite. Devia ser madrugada. Olhei para a cômoda ao lado, onde um novo atestado permanecia. Me estiquei ao máximo para apanhá-lo, e onde havia a parte em branco dos sintomas, agora estava preenchida por palavras.
"Melatonina IV Avançada; Atingiu orgãos internos. Estado: Terminal."
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can you see me? ☆ bts
Fanfic❝onde park jimin é cego, e conhece min yoongi, um garoto que sofre de câncer de pele.❞ ⇢ min yoongi + park jimin. ⇢ concluída.
