「 3.6 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

— Você já terminou? – Perguntou Jimin, com um pouco de espuma na boca.

Queria avisá-lo sobre aquilo, mas a espuma estava tão absurdamente fofa nele, que resolvi não contar.

— Sim, já terminei. – Respondi, e chamei a garçonete que nos atendeu.

Pela primeira vez na minha vida, eu amava ser um portador de câncer. Porque, se sofrer câncer traz benefícios como esses, eu quase desejaria viver assim para sempre.

Claro que era cruel fazer isso, usar a própria doença como um bem para conseguir o que quer. Mas tinha um problema: ou éramos despachados para a rua, ou ficávamos para lavar pratos.

Nem sabia se a possibilidade de acabar lavando pratos existia.

— Sim? – Perguntou, um pouco receosa. Talvez ela estivesse com medo de acabar pegando a minha doença, não sei.

— Já terminamos.

— Vou levar para a cozinha. Aqui sua conta. – E nos entregou a nota fiscal, um pouco tremendo nos braços e olhos marejados. Vai ver ela só está em choque mesmo.

— Obrigada, senhorita. Por ter conversado com seu chefe, e tudo mais. – Agradeceu Jimin, enquanto eu o ajudava a se guiar, e a mulher assentiu, sorrindo docemente para ele. Até que, quando já estávamos na entrada da cafeteria, Jimin se virou de costas e gritou: — Aliás, gostei dos sapatos!

A última coisa que vi, foi a expressão de choque da mulher, os olhos arregalados, e correndo em nossa direção com raiva. Mas já estávamos muito longe, impossíveis de se alcançar.

Apenas paramos perto de um parque, ofegantes, e rindo muito.

— Não acredito que você falou aquilo! – Exclamei, recuperando ar. O que era meio impossível, pois eu ainda continuava rindo. — Quase estragou todo o plano!

Jimin não parava de rir também, levando a mão à barriga, segurando-se na sua vara para não cair.

— Não resisti. Aqueles sapatos irritam muito. – E secou uma lágrima dos olhos.

— Mas, como você sabia dos sapatos? – Questionei, finalmente pensando na possibilidade daquilo ser possível.

Jimin balançou a cabeça, afastando uma mecha de cabelo no rosto.

— Minha mãe é fanática por aquele tipo de sapato. Reconheço o som do salto de longe. – Contou, e suspirei aliviado.

Quer dizer, vai que o garoto na verdade enxerga, e mente para todo mundo?

Eu tinha paranóias demais na cabeça, isso sim.

— Ah, sim. – Olhei para aquela espuminha, e não resisti. — Você está com uma espuma de café na boca. – Avisei.

— Onde?

— Aqui. – Me aproximei do garoto, tocando no cantinho da boca dele, limpando a espuma.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora