\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \﹏﹏﹏
Jungkook era realmente uma pessoa surpreendente, e ele parecia ter total noção disso.
Ficamos conversando de vez em quando durante a aula de inglês. Ele, claro, percebendo que eu não era muito bom de papo, mas que gostava de sua companhia, praticamente liderou os rumos das nossas conversas. E, mesmo me sentindo indisposto à quase todo minuto, eu abria uma brecha para respondê-lo.
No final da aula, após o teste ter acabado e as mesas se organizado novamente, Jungkook falou para mim:
— Você pode ir na minha casa hoje.
Obviamente, me surpreendi.
— Ir na sua casa? Hoje mesmo? – Perguntei, engolindo a seco.
— Mas é claro. – E deu de ombros, os dentinhos de coelho à amostra no seu sorriso. — Se você quiser.
"Mas eu não sei nem o que eu quero comer no almoço, quem dirá saber se quero ir na sua casa." Pensei.
— Mas... O que a gente faria lá? – Eu estava muito surpreso.
— Bem, você gosta de karaokê? – Balancei a cabeça, considerando. — Eu tenho um. E, quem sabe, a gente jogue alguma coisa, também. Sei lá – ele parecia mais perdido que eu.
Respirei profundamente, pesando todos os prós e contras existentes. E, mesmo que eu quisesse o contrário, o peso saiu mais para os prós.
Pensei nos meus pais, no Dr. Kim, e em Taehyung, que adorariam me ver assim. Eles só querem o meu bem, e socializar era um desses bens. E eu estava socializando, estava fazendo um amigo. Justamente, um amigo da minha idade, que não fosse Taehyung.
Jungkook era uma pessoa legal, isso eu tinha percebido. Tinha jeito de ser um bom amigo, além de que ele gostava de Kanye West. Quer dizer, quantos fãs de Kanye West você conhece? O próprio Taehyung não era uma dessas pessoas, então eu não poderia ficar cantando toda hora perto dele alguma música do tipo.
Mas com Jungkook, seria diferente.
Com um pouco de receio, falei:
— Certo. Eu vou na sua casa.
— Perfeito. Aqui, o meu número e endereço – e os anotou em meu caderno, me devolvendo com prazer. — Qualquer coisa, só me chamar.
Quando o sinal bateu, Jungkook saiu ainda sorridente. Me perguntei como ele conseguia sorrir toda hora. Até me lembrar de que ele não era um doente como eu.
De alguma forma, isso me fez lembrar de Jimin.
Ah, Jimin.
Toquei na manchinha do pulso, ainda sentindo o toque da pele de Jimin ali. Lembrei da nossa conversa no ponto de ônibus, e como havia sido engraçado meu susto ao ver que Jimin tinha me notado. Lembrei de seu sorriso, sua preocupação comigo, e aquilo me encheu de um estranho calor no peito.
Ignorei, finalmente guardando meu caderno, e jogando minha mochila nas costas.
Procurei por Taehyung nos corredores, mas de algum jeito, acabei parando na frente sala do diretor.
Parei imediatamente, de frente para a porta, suspirando. Uma dúvida me veio na cabeça, a lembrança de Jimin ainda permanecia comigo.
Será que eu devia?
Sem pensar muito, bati na porta.
Segundos depois, fui atentido pela secretária.
— Min Yoongi, aluno do segundo ano. – Me apresentei, e ela assentiu. — Gostaria de falar com o diretor, se não for incômodo.
— De maneira alguma, senhor Min. Um minuto. Sente-se. – Indicou uma das cadeiras no canto, enquanto se dirigia para a porta com os dizeres "sala do diretor".
Foi muito mais que um minuto. Quando já estava propondo para mim que aquela era uma péssima ideia, que eu nunca deveria ter batido na porta, ou me apresentado, ou até mesmo me lembrado de Jimin e sua espontaneidade, que a secretária saiu da sala. Ela me olhou com doçura, bem diferente do estereótipo que eu conhecia sobre secretárias.
Talvez ela fosse que nem eu, uma quebradora de clichês.
— Pode entrar, ele está à sua espera.
Fiz que sim com a cabeça, me dirigindo para a sala do diretor.
— Senhor diretor?
O diretor era um homem bem diferente da maioria dos diretores. Tinha aparência jovem, apesar de não ser. Careca, magrelo, algumas olheiras abaixo dos olhos. Mais um quebrador de clichês.
— Posso ajudá-lo no quê, meu caro Min Yoongi?
Sentei na cadeira a sua frente, prosseguindo.
— Uma vez, um garoto veio aqui com a sua mãe. O senhor conversou com ele. O nome dele é Park Jimin. – A menção do nome de Jimin pareceu provocar um pouco de tristeza no diretor. — Se não for demais, gostaria de saber... – Vai, Yoongi. Você consegue. — Gostaria de saber, se ele virá estudar aqui.
O diretor engoliu a seco, o olhar abaixado, e se encostou na cadeira. A partir dali, esperei pelo pior.
— Meu caro senhor Min, – começou — devo informá-lo que, o que diz respeito na conduta dos alunos novos não é muito conveniente. Se é que me entende.
— Entendo, senhor. – Mordi a bochecha interior, tentando não abaixar o olhar. — Mas, com todo respeito, gostaria de saber sobre isso. É que... – Pense em algo que preste, Yoongi. — Ele me perguntou esses dias, se eu poderia saber se ele foi aceito. Somos grandes amigos, sabe? E eu não quero deixá-lo ansioso. Por isso...
— Sim, eu sei. – O diretor suspirou, vindo para perto, e cruzou os braços. — Na verdade, eu não devia. Mas, como é uma boa causa, vou lhe contar a verdade.
Apurei os ouvidos.
— Infelizmente, Park Jimin não foi aceito.
Deixei de morder minha bochecha, sentindo um leve gosto de sangue.
— Oh... Certo. – Abaixei o olhar por um minuto. Pobre Jimin... — Bem, obrigado por tudo.
Levantei, fazendo menção de ir embora. Mas o diretor me interrompeu, comentando:
— Você deve gostar mesmo do menino Park, senhor Min, para fazer isso por ele. – E sorriu, mesmo que o momento não fosse apropriado para um sorriso.
— Sim, diretor. – Eu não sabia o que dizer. — Eu realmente gosto muito dele.
E fechei a porta, voltando para o recreio, e para a procura por Taehyung.
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can you see me? ☆ bts
Fanfiction❝onde park jimin é cego, e conhece min yoongi, um garoto que sofre de câncer de pele.❞ ⇢ min yoongi + park jimin. ⇢ concluída.