\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \﹏﹏﹏
— Não sabia que a rua agora é local de pegação entre viados. – Comentou um deles.
Era a mesma aparência, as mesmas vozes, justamente tudo o que lembrava o último encontro.
Isso só pode ser um pesadelo.
— Ainda mais quando os viados são aberrações, não é mesmo? – Olhei para o que havia dito isso, e meu corpo paralisou por completo.
Era o cara que me pisou no beco. O mesmo olhar cheio de ódio e nojo, e agora, livre de interrupções para terminar o que começara naquela dia.
Senti Jimin apertar fortemente minha mão, ainda encostado na parede, encolhido de medo.
Aquilo era tão injusto. Jimin nem deveria estar aqui, passando por toda essa situação que eu criei. E meu cérebro só processava todas as coisas horríveis que o grupo de rapazes poderia fazer conosco, e sem alguém para nos salvar.
— Quem... Quem são vocês? – Perguntou baixinho.
Um deles riu debochado, fazendo uma péssima encenação de sentir dó.
— Awnt, ele tá com medinho. – Zoou, apontando para Jimin e rindo junto dos outros.
Bufei, me aproximando mais de Jimin, ficando na sua frente para poder protegê-lo.
Entre Jimin e eu, a condição dele é prioridade maior.
— Quem... Quem são eles, Yoongi? – Perguntou para mim, realmente assustado.
— Ah, conte para ele, Yoongi. – O que me pisara naquele dia me olhou sarcástico. — Conte para ele o que aconteceu, ou você não se lembra?
Engoli a seco, sentindo minha mão quase ser esmagada pela força de Jimin em segurá-la. "Ele não merecia isso", pensava. Minha vontade era de socar a cara de todos eles, e fugir para longe.
Agora como, eu não sabia.
— Você conhece eles, Yoongi? – Questionou Jimin. Minha vontade era de me estapear.
— Conhece sim, pequenino. Há algum tempinho, já faz. – Contou um deles, o mais baixinho entre todos.
— Naquele dia, iríamos fazer uma coisa incrível com o Yoongi. Mas ele escapou, não é? – O que me pisou falou. Os outros concordaram, como se ele fosse o líder daquilo tudo.
— Por sorte que eu fugi de vocês, seus filhos da... – Respondi grosso, mas o tal "líder" me interrompeu.
— Nada de palavrão aqui. Mulher não pode falar palavrão.
— Mas não tem nenhuma mulher aqui, ou tem? – Falou Jimin, inocentemente.
— Jimin, – o chamei, e Jimin aproximou-se — quando ele disse "mulher", ele quis dizer nós dois. É tipo uma ofensa, por nós sermos...
— Aberrações, isso sim! – Gritou um deles, cuspindo suas palavras sem compaixão alguma. — Criaturas que nem ser humano é. Olhe só pra isso! E ainda mais, gostam de chupar pau. – Balançou a cabeça em reprovação.
— Vamos acabar com isso logo! – Sugeriu um que usava touca azul escuro.
O líder se virou, levantando a mão e fazendo sinal de "não".
— Vamos nos divertir primeiro, ou será que esqueceram como nós fazemos? – Todos riram, e o líder se virou para mim. — Finalmente, vamos ter nossa tão querida vingança.
— E em dobro.... – O baixinho se aproximou de Jimin, tocando contra a vontade do garoto seu rosto, e Jimin se encolheu mais.
— Larga ele! – Fui em direção do baixinho para empurrá-lo, mas o líder me deu um chute na barriga, me fazendo cair de bruços no chão.
Naquele instante, eu não sabia o que era pior: sofrer as dores do câncer, ou a dor do chute na barriga. Eram dores com causas completamente diferentes, mas doíam tanto, que pensei morrer ali mesmo.
Você ainda tem Jimin, minha mente falou. Então, enquanto todos riam do chute que eu levara, levantei com dificuldade.
Todos ficaram quietos, e reuni forças para falar, em alto e bom som:
— Vão se foder! – E a maioria partiu para cima de mim.
Eram tantos, que eu acabava perdendo a conta ou ficava confuso. Se bati duas vezes no mesmo, ou se o soco foi dado por pessoas diferentes, mas no mesmo lugar. Era uma luta injusta, onde a minoria perdia, e Jimin gritava por socorro, encolhido no chão contra a parede.
Até que ele levantou, com a ajuda da vara, mas o baixinho havia chutado a mesma para longe. E com certeza, estava quebrada.
— Não! – Gritei, saindo do aglomerado de corpos e correndo até aonde estava a vara, mas um deles pôs o tênis na frente e eu tropecei.
Caí de cara no chão, desta vez, sem algo para amortecer minha queda. E os chutes na costela, nas pernas, junto com os socos, pioravam tudo.
Virei meu rosto. Jimin recebia vários chutes, seus gritos ficando já abafados, e lágrimas surgiram de meus olhos ao ver aquilo.
Outros três deles se aproximavam de mim, sorrindo ao ver meu estado degradante.
— É tão lindo, ver uma alma perdida nesse estado. – O líder fez o mesmo que da última vez. Pisou em cima de mim, apoiando com tudo seu peso nas minhas costas. — Sabe, nunca fui muito a favor de lixos viverem na sociedade. Um exemplo, são pessoas sem uma parte do corpo, homossexuais, doentes. – Ouvi um barulho de faca soar acima, e engoli a seco.
Era isso. Eu fora enganado em toda a minha vida. Nunca morreria de câncer, e sim, de pancada e esfaqueamento enquanto passeava com o crush no primeiro encontro. Que maneira de morrer mais trágica eu teria.
As palavras de Taehyung apareceram na minha cabeça. Tome cuidado, foi o que ele disse. Mas nem isso eu pude cuidar.
As lágrimas vieram contudo em mim, a mente apenas girando nessas palavras, ouvindo de longe Jimin berrar de dor e socorro, sem que eu pudesse ajudá-lo.
E, quando o líder deles saiu de cima de mim, ficando em frente ao meu rosto, a imagem dos seus sapatos fora a última que tive.
Depois disso, somente escuridão e sons de sirene.
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can you see me? ☆ bts
Fanfiction❝onde park jimin é cego, e conhece min yoongi, um garoto que sofre de câncer de pele.❞ ⇢ min yoongi + park jimin. ⇢ concluída.