「 8.6 」

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\ can you see me? /
/ pov. min yoongi \

﹏﹏﹏

Mesmo que a primeira semana no hospital tenha sido preenchida por minha família, amigos e médicos, eu estava preocupado. Não só com minha saúde, mas com a saúde de outra pessoa.

Já tinha perguntado várias vezes ao médico que estava me cuidando no lugar do Dr. Kim – o nome dele era Lee Jooheon, um sujeito direto e consideravelmente sério nas palavras – se ele saberia de algo sobre o seu outro paciente, Park Jimin. Ele não me respondia; conseguia isso desviando do assunto ou, na forma mais comum de todas, me deixando "no vácuo".

Era horrível. Ficava sem respostas. Estava curioso demais. Eu tinha todos os direitos de saber! Afinal, era namorado de um dos pacientes dele! E além disso, não se pode negar o pedido de um paciente terminal.

— Por favor, doutor! – Implorei pela trigésima vez naquele dia, deixando-me levar pelos exames e checagem no soro pela enfermeira, enquanto o Dr. Lee fazia algumas anotações. — Só quero saber se ele está melhor.

— Não falo sobre a saúde de outros pacientes. – Respondeu, e ficou quieto. Ou eu que fiquei, não me lembrava. Provavelmente tinha adormecido, depois de tantos remédios que recebi.

No domingo, Taehyung e Jungkook apareceram de novo. Perguntei se sabiam algo sobre Jimin, e suas respostas:

— Ele está na mesma situação que a sua, Yoon. – Falou Jungkook.

— Ele pergunta sobre você toda vez que vamos visitá-lo. – Taehyung completou, suspirando. — Acho isso uma grande injustiça. Eles não têm direito de fazer isso com o meu casal, nunca! – Levantou da cama com o pulso estendido, e Jungkook segurou seus ombros, puxando-o para baixo e negando com a cabeça.

— Queria saber porque estão nos separando... – Murmurei.

— Óbvio, Yoongi. - Jungkook bufou. – Não querem deixá-los preocupados um com o outro. Acham mais saudável separá-los do que irem se ver.

— É isso o que não entendo! – Exclamei. — Se não querem nos deixar preocupados, é exatamente o contrário o que estão fazendo!

Na segunda-feira, aconteceu algo estranho. Ao invés do Dr. Lee, quem veio fazer a checagem, fora o Dr. Kim.

— Dr. Kim! – Olhei espantado para o homem ali, próximo a porta, que sorria gentilmente para mim.

— Vamos ver como está sua saúde hoje, Yoongi? – Brincou, se aproximando. Notei que o mesmo usava vestes do dia a dia, e não o costumeiro jaleco branco.

Ainda fiquei fitando-o, perplexo. O médico sentou-se nos pés de minha cama, e levantou uma mão, em forma de me acalmar.

— Fique tranquilo. Estou de folga e me deixaram vir aqui. – Explicou, e aquilo acabou com grande parte das minhas perguntas. — Vim saber como você está, se sente alguma coisa diferente.

— Tirando a dor de cabeça, me sinto ótimo. – O doutor riu, mostrando as covinhas que haviam em seu rosto. — Dr. Kim, por que deixou de ser meu médico?

— É complicado, Yoon... – Desviou o olhar, respirando fundo. — Minha área não se especializa na sua situação atual, e a direção do hospital me dispensou para resolver o seu caso. Colocaram um médico mais experiente em meu lugar.

— Percebi. – Engoli a seco. Não que o Dr. Lee fosse ruim, muito pelo contrário. Mas eu me apeguei tanto por ser tratado pelo Dr. Kim, que até acordar cedo em certos dias da semana para ir no hospital fazer consulta me faziam falta.

O médico me olhou carinhoso, igual quando falava algum nome de um novo remédio, e eu fingia ter decorado o nome. Mas, no fim, eu sempre decorava.

— Tenho certeza que este novo médico é excelente.

— E como. – Suspirei. — Ele está tratando do Jimin também.

— E vocês têm se falado ultimamente?

Neguei. O Dr. Kim arqueou uma sobrancelha.

— Como assim... não?!

— Não permitem. Preciso ficar aqui, e ele, lá. – Expliquei.

O Dr. Kim bufou, começando a caminhar pela sala, os braços cruzados e uma mão no queixo.

Então, estalou os dedos, e anunciou:

— Tive uma ideia! Yoongi, obrigado por ter me falado isso. – Aproximou-se e me abraçou.

Aproveitei o máximo aquele abraço, até sentir os braços grandes do médico saírem de perto, e o mais velho se dispensar de minha sala, dando adeus.

Sozinho, fiquei observando a porta, e lamentei internamente por certas coisas não serem para sempre.

can you see me? ☆ btsOnde histórias criam vida. Descubra agora