XLII.✓

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Bato na porta do quarto do Chris e ele permite a entrada respondendo lá de dentro, abro a porta e ele está sentado mexendo no celular. Chris já está com a calça e o moletom brancos, ele me olhando sorrindo e se levanta.

— Já vamos? — Pergunta parando na frente do espelho e arrumando o cabelo.

Paro ao lado da cabeceira da sua cama e sorrio pegando um porta retrato com a foto de nós quatro dentro, foi da primeira vez que fomos na casa de campo, Cee ainda era bebezinha e Diandra e eu tínhamos acabado de iniciar nosso relacionamento. Atrás eu vejo outro porta retrato, porém nesse nem eu e nem a Cee estamos presentes. Sinto uma bola na garganta ao ver a fotografia daquele cara junto com a Diandra e com um Christopher bem novinho. São duas fotos em sequência, na primeira a Diandra e o Chris estão sorrindo na direção da câmera, o Ivan está sério; na segunda o Chris está fazendo uma careta com a língua pra fora e os virados, a Diandra está rindo de olhos fechados e dentes a mostra e o Ivan está encarando ela. No seu lugar, eu também estaria, ela é linda. Um gosto amargo vem a boca, ciúmes. Ciúmes do modo que ele a encara, raiva de imaginar o que ele fez ela passar. Ivan foi um imbecil de não cuidar de uma preciosidade que a Diandra é. Às vezes eu até penso que não sou o melhor homem pra ela, mas a amo de um jeito que achei impossível amar outra pessoa, além de fazer o impossível pra deixar ela e as crianças felizes, e, bom, ela também me ama.

Devolvo a foto para a cabeceira sabendo que é idiotice sentir esse rancor por ele, Ivan já está morto e nunca mais vai voltar. Mas acima de tudo, ele é o pai do Chris, e esse garoto o ama como todo filho (ou quase) ama um pai. Sei que o Chris nunca vai me considerar seu pai, sempre soube disso, mas não é por isso que meu amor por ele vai diminuir, eu continuo o amando como se fosse meu filho, não tenho mágoa por ele não me considerar da mesma maneira, muito pelo contrário, eu o entendo completamente. E afinal, se não existisse o Ivan, o Chris também não, então esse garoto foi a única coisa boa que aquele homem fez. Claro que sobre as circunstâncias que ele foi gerado, não posso dizer o mesmo, poderia ter sido diferente, a Diandra merecia nada menos que o melhor e isso o Ivan não soube dar.

— Taylor? — Viro meu rosto e o Chris está me encarando.

— Ah, sim? — Pergunto terminando de arrumar a foto e o olho de volta. Chris encara onde minha mão estava a pouco e me olha de novo.

— Você ficou chateado? Eu posso tirar se quiser, na verdade acho que vou tirar sim — ele fala desconcertado se aproximando. Eu sorrio o segurando pelos ombros.

— Está tudo bem, carinha — afirmo. — Não precisa tirar nada, esse é seu quarto e você tem direito de colocar o que quiser. Na verdade saiba que eu não vou proibir você de conversar cobre seu pai ou pendurar fotos. Eu entendo, beleza? Ele é seu pai e, apesar de tudo, foi um bom pai, não é? — Chris assente abaixando a cabeça. — Ei, o que foi? — Pergunto preocupado tocando sua cabeça e acariciando, Chris me olha com os olhos lacrimejados, isso faz eu me aproximar mais segurando seu rosto. — O que houve, Chris?

— É que... Bom, mês passado fez mais um ano da morte dele. Todo ano eu lembro, mas tento não ficar triste por causa da mamãe, se eu estiver triste ela também vai ficar, e eu não quero ver ela triste — eu o abraço e beijo sua cabeça acariciando seu cabelo e costas. Chris me abraça forte e chora baixinho.

Eu espero o tempo dele que não é muito longo, Chris se afasta limpando o rosto avermelhado. Eu dou um sorriso pra ele colocando a mão sobre seu ombro.

— Desculpa — sussurra.

— Está tudo bem, você é só uma criança pra guardar tantas emoções dentro de si. Quando precisar, estou aqui, ta bom? Não como autoridade ou seu padrasto, mas como seu amigo. — Beijo sua testa e ele sorri assentindo.

Imprevisível✓ - Livro 5 da série Corrompidos. Onde histórias criam vida. Descubra agora