Sophia acordou no dia seguinte descansada, olhou ao lado da cama e não viu Micael, espreguiçou e tomou um banho, fez suas higienes matinais voltando a cozinha, tinha um bilhete em cima do balcão com a caligrafia de Micael.
"Meu amor, a rotina voltou novamente. Sai pro trabalho, não faça esforço. Ps: você tem obstetra a tarde, marquei para ás três. Eu te amo.
Com amor, Micael".
Sophia não se conteve em sorrir, estava cedo quando levantou, tinha os pés na pantufa que ele tinha deixado ao lado da cama pra ela, tinha tirado na loteria um homem daquele. Abriu os armários da cozinha vendo o tanto de coisa que Micael tinha comprado, tirou os frios da geladeira e ligou a torradeira, fez o café na cafeteira esperando, vida nova, tudo novo.
Já Micael estava avoado em seu trabalho, como sempre. Cumprimentou as meninas da recepção e foi até a sua sala, tinha dois pacientes para atender, deixou suas coisas na cadeira e verificou o celular, Sophia havia mandado uma mensagem de bom dia dizendo que estava tudo bem, ele ficou mais tranquilo.
Escutou batidas na porta.
- Pode entrar - sorriu.
Viu Ethan com as mãos no jaleco, parecia estar cansado.
- Seja bem vindo de volta - sorriu um pouco falso.
- E aí, cara - se cumprimentaram - você está bem?
- Na verdade não - disse - eu fiquei triste com o que aconteceu.
- Karen e Sophia?
- É.
- Elas vão se resolver.
- Cara, eu juro que não contei nada a Karen. Ela viu os documentos, é xereta demais.
- Eu não deveria ter mandado nada a você, eu errei aí.
- Não somos os culpados, eu entendi o que você quis fazer - sentou-se na cadeira em frente à mesa de Micael - mas e aí, como foi a lua de mel?
- Foi incrível, Ethan - sorriu - eu nunca visitei um lugar como aquele.
- Ficaram pelo Rio mesmo?
- Ficamos uns dias no Rio, levei Sophia pra conhecer tudo - explicou - depois aluguei a ilha de Esme.
- VOCÊ ALUGOU A ILHA DE ESME? PUTA QUE PARIU, MICAEL! - o moreno riu.
- Qual o espanto?
- Eu quero saber quanto você está ganhando como fisioterapeuta.
- A mesma quantia que a sua - brincou.
- Meu cu, você está cagando dinheiro, cara - se empolgou - eu não acredito.
- Pois acredite, uma ilha só pra mim e Sophia.
- Fodeu muito, não é?
- Isso já não é da sua conta - abriu as gavetas procurando alguns papéis - eu preciso ir agora, trabalhar.
- Fica mais um pouco, a gente nem conversou sobre as gatinhas Brasileiras.
- Você acha que eu tive tempo de olhar as gatinhas brasileiras?
Se entreolharam antes de começarem a gargalhar.
- Eu prefiro não comentar isso - saiu da sala indo até a sala de fisioterapia. O paciente de Micael já o esperava.
E assim foram horas e horas de trabalho.
Sophia estava terminando de se arrumar, conseguiu organizar as caixas que estavam na sala sem fazer muito esforço, Micael a mataria quando chegasse mas pelo menos estava um apartamento descente. A loira olhou o endereço da nova obstetra e viu que precisaria de um táxi pra chegar até lá, chamou pelo telefone e esperou.
Demorou alguns minutos até que o porteiro lhe avisou que o táxi estava lá em baixo, Sophia pegou o elevador indo até a portaria, entrou no táxi dizendo o destino ao motorista que dirigiu calmo até lá.
Ela usava um vestido florido bem solto que não prendesse sua barriga, desistiu do colete jeans antes de sair de casa colocando ele no guarda roupa novamente, preferiu uma botinha, nada com salto, estava uma tremenda adolescente com péssimo gosto pra roupa, riu consigo tendo a atenção do motorista que franziu o cenho.
Ele parou na frente da clínica deixando Sophia lá, a loira tinha outro papel na mão com algum documento de Micael já que o mesmo tinha combinado com a obstetra, ela parou na recepção mostrando a atendente que sorriu e encaminhou Sophia pra sala da médica, ela já esperava pela mesma, tudo combinado.
- Olá, você deve ser a Sophia, isso? - a médica de cabelos ruivos e olhos castanhos sorriu a Sophia.
- Sim, sou eu - estava sem graça.
- Por favor, me acompanhe - a sala era imensa, a loira viu a maca que a esperava, viu outros instrumentos cirúrgicos ali e parou pra pensar.
Ela fazia partos dentro da própria sala, que demais!
- O Micael falou comigo - arrumou um roupão descartável a Sophia.
- Eu não sabia de você, não ainda.
- Vamos ser grandes amigas daqui pra frente - sorriu - pode se trocar ali, por favor.
- Espero que sim - estava com um pouco de medo, foi desconfortante no começo.
Sophia voltou a maca com o roupão descartável, deitou-se arrumando o corpo enquanto a nova obstetra dava os últimos retoques nos aparelhos.
O monitor ao lado de Sophia acendeu, o gel triplamente gelado foi espalhado na barriga da loira e logo a imagem do ultrassom apareceu.
- Olhe só, está tudo bem - a obstetra sorriu mostrando a Sophia.
- Não tem algo de errado? Não mesmo?
- Não, está tudo certo. A formação está bem evoluída, vai ser um neném grande - voltou a olhar - você está acabando os cinco meses, indo ao sexto.
- Que maravilha - sorriu.
- E veja só - arrastou o aparelho mais à esquerda deixando Sophia curiosa.
- O que? - a loira piscou rápido.
- É uma menina - sorriram.
Uma menina, era uma menina! Sophia sorriu não tendo tempo de secar suas lágrimas, seu bebê seria uma linda menina.
- Uma menina? - estava tão boba.
- Meus parabéns, Sophia.
- Uma menininha - se acabou de chorar - você pode mandar uma via ao Micael por e-mail? Eu quero que ele veja.
- Claro - a obstetra deixou a barriga de Sophia indo até seu notebook, digitou rápido e escaneou o ultrassom com resultado. Em minutos já tinha o anexo mandado ao e-mail de Micael.
Enquanto o moreno acabava sua segunda sessão na fisioterapia, o celular vibrou tirando a atenção do mesmo.
- Me desculpe, eu posso ver? É bem rápido.
- Claro, fique a vontade - o homem em qual atendia voltou a segurar os pesos, fazia parte do exercício.
Micael abriu seu e-mail franzindo o cenho quando leu o anexo da obstetra, abriu a mensagem não se contendo de tanto sorrir.
- É UMA MENINA! - deixou o paciência assustado.
- Meus parabéns - riu surpreso, ele saiu da sala correndo até a sala de Ethan.
Nem bateu na porta, abriu com tudo assustando o amigo que folheava uma revista.
- ETHAN, É UMA MENINA!
- Uma menina? - pulou em cima do amigo comemorando - PORRAA, É UMA MENINA.
- MINHA FILHA, A MINHA FILHA - Micael não se conteve de felicidade.
Era a sua menina, a sua princesinha.
