- Pois não? - Karen abriu a porta tendo a imagem de Micael em sua frente, estava acabado pela ressaca.
- Onde está ela? - entrou com tudo.
- Eu posso chamar a polícia, sabia? Invasão de privacidade.
- Tanto faz - procurou pelos cômodos - Sophia?
- Ei, ei. O que está fazendo?
- Procurando a minha mulher.
- Ela não está aqui.
- E você acha que eu sou bobo, Karen?
- Parece - cruzou os braços - Sophia não dormiu aqui ont...
- Karen, onde posso colocar essa toalha aqui? - Sophia apareceu na sala, estava com outra roupa, tinha acabado de tomar banho. Os cabelos úmidos pela água recente. Gelou quando viu Micael - como me achou?
- Foi fácil, você não é tão esperta quanto pensa - observou a esposa - onde está Ana?
- Dormindo - disse dura - pode ir embora, eu não vou com você.
- Ah, não? - riu sarcástico - vai ficar morando aqui na Karen pra sempre?
- Não seja tão dramático, eu não quero ir. Não agora.
- Mas você vai.
- E quem é você pra mandar em mim? Um bêbado qualquer?
- Eu bebi ontem, ok? Fiz merda, mas você sabe o quanto a nossa merda foi maior.
- A nossa merda não está sendo maior, eu realmente não estou precipitada com a notícia.
- Tem razão, você é a única que ainda não surtou, como da primeira vez.
- Surtar pra que? É um bebê, mais um filho.
- Você acha que vai ser fácil cuidar de duas crianças assim? Do nada? Você quase morre pra cuidar da Analee, depois não fique falando na minha cabeça.
- Falando na sua cabeça? Pelo amor de Deus, eu não faço isso.
- Mas fez.
- Pera, então você vai ficar jogando na minha cara as coisas que eu fiz da primeira vez? Foi tudo passado, eu amo a minha filha.
- Certo, assim como eu também amo meus filhos. Só estou dizendo que vamos ter cuidado em dobro, e dor de cabeça em dobro. Cuidar de crianças não é fácil, Sophia.
- Desculpa interromper mas - Karen chegou mais perto - por esse lado, Micael tem razão - encarou Sophia.
- Ok, ok. Eu já consegui entender - rendeu com as mãos - essa conversa não vai chegar ao lugar algum.
Encarou Micael.
- Eu vou com você - entregou a toalha para Karen que fez uma careta, andou até o quarto que tinha passado a noite demorando alguns minutos. Veio com Analee nos braços, dormia tranquilamente, parecia uma bonequinha de tão linda que era.
Micael sorriu quando viu a filha toda coberta nos braços da mãe, abriu os braços.
- O que está pensando em fazer?
- Pegar a minha filha? - perguntou meio óbvio.
- Você está cheirando a vodca ultrapassada, acha mesmo que eu vou deixar você pegar Analee assim?
Micael revirou os olhos, caminhou até à porta.
- Obrigada Karen, desculpe o incomodo da gente.
- Vocês não fazem bagunça, se quiser passar mais noites aqui é só combinar.
- Pode deixar - sorriu a amiga - até mais, dê um abraço em Ethan.
- Vou dar sim - acenou a Sophia que estava entrando no carro, arrumou Analee no colo que se remexeu um pouco.
Micael deu a volta entrando no carro também, colocou a chave no contato ligando o veículo. Só queria seu chuveiro no momento, e sua cama.
- Você literalmente perdeu o juízo.
- Por que acha que perdi?
- Sai no meio da noite, não dá nenhum recado...
- Você não é meu pai e muito menos meu dono.
- Mas sou seu marido, eu me preocupo com você.
- Vi mesmo ontem à noite, desmaiado no sofá depois de uísques e vodcas - revirou os olhos.
- Eu não estava no meu estado normal, foi muita coisa pra processar.
- Ah, muita coisa - debochou.
- Você vai ver, Sophia. Quando o bebê nascer você mesma vai pedir ajuda a alguém, são dois bebês, você consegue me entender?
- Consigo, são dois bebês - piscou calma - e?
- Quer saber? Eu não vou discutir com você. Eu estou cansado, de ressaca, fedendo - torceu o nariz - preciso de um banho e alguns remédios, talvez a minha cama.
- Que bom pra você, quer que eu mande flores de melhoras? - estava tão debochada que Micael teve vontade de fazer loucuras com ela ali.
Mas continuou a dirigir, fez o trajeto todo em silêncio, não queria mais tocar no assunto "bebês". Sophia não entenderia mesmo.
Estacionou o carro na garagem, ajudou a esposa que desceu com Analee em seu colo, a mesma tinha acordado, seu resmungo declarou isso. Micael foi atrás com a mochila de Sophia nas costas e a bolsa da filha em um ombro, pegaram o elevador.
- Filha, não dá pra você esperar chegar em casa? - disse a menina que remexia impaciente suas mãozinhas, com certeza era fome.
- Você trocou a fralda dela?
- Cala a boca, Micael! - dispensou as palavras do marido, não lhe importava no momento.
O elevador se abriu deixando os dois na frente da porta, o moreno buscou a chave no bolso e abriu. Sophia se aliviou quando chegou, foi direto ao quarto da filha se trancando lá dentro.
Era nítido que não queria mais conversar com Micael, até ele tinha aceitado.
O moreno ajuntou as garrafas de cima do balcão colocando em um saco grande, deixou no canto da pia e foi até o banheiro. Se despiu e tomou um banho quente, que paz. A água conseguia relaxar seus músculos tensos, queria morrer ali de pé, estava tão bom. Fez alguma hora dentro do box antes de sair, colocou a toalha na cintura e foi até seu quarto.
Fechou as janelas, arrumou a cama antes de colocar sua boxer, por último procurou na sua sanidade de remédios um ótimo que curasse sua dor de cabeça, princípios da ressaca.
- Agora sim - disse consigo mesmo quando entrou debaixo do edredom, descansando.
O dia nem tinha começado e já estava um caos a Micael.