- INTERNADA? - Karen berrou andando de um lado para o outro - COMO ASSIM, INTERNADA?
- Internada, Karen - Micael segurou a mamadeira enquanto alimentava Analee.
- Que porra você fez?
- Sophia está doente, está louca, ela não poderia mais ficar com a gente. Eu achei a melhor opção, é pro bem dela.
- Você é o doente, internou ela e vai deixa-la assim? Naquele inferno?
- Ela está em boas mãos, aquela clínica é o paraíso. As mais caras de Denver.
- Por que internou ela? ME DIGA, POR QUE?
- Sophia passou pelo psicólogo, teve uma consulta e a doutora disse que ela estava fora da casinha, você queria mais alguma coisa? - colocou Analee pra arrotar.
- Fora da casinha como?
- Louca, uma pessoa que quer fazer sexo com outros homens e não gosta da própria filha é considerada normal? - encarou Karen que sentou no sofá.
- Que fase, Micael. E agora? Como vai fazer?
- Eu vou viver com Analee até que ela melhore - balançou a filha nos braços, estava quase pegando no sono.
- E o seu trabalho? Eu posso ficar com ela se você quiser.
- Não quero te dar trabalho, Karen - respirou fundo - mas qualquer coisa ligo pra você, quem sabe não me ajuda.
- Toda a ajuda é bem vinda, você sabe disso - cruzou os braços - estou preocupada com Sophia.
- Ela vai ficar bem, tenho certeza que sim.
- Posso te pedir uma coisa? Não quero que soe estranho - encolheu os ombros.
- Claro que pode.
- Posso segura-la? - teve medo de pedir ao moreno que sorriu, levantou-se do sofá com Analee entregando a pequena para Karen, ela teve medo de segurar mais firmou quando teve a pequena nos braços, estava tão feliz.
Micael tinha receio por tudo que aconteceu mas viu que Karen já tinha se recuperado disso.
- Eu tive leite nos meus primeiros meses - balançou a menina que dormia tranquilamente - perguntei a Ethan uma vez se eu poderia deixar guardado pra quando o meu bebê nascesse - riu leve - mas agora eu sei que está em boas mãos, não nas minhas mas em uma boa mão, uma ótima mão - sorriu a Analee que estava em um sono gostoso, era tão pequena, tão linda.
- Eu nem sei o que dizer, Karen - o moreno engoliu seco - eu sinto muito mesmo.
- Não precisa se incomodar - andou com ela até o quarto da pequena, Micael decidiu esperar na sala.
Foi até a cozinha preparando um café rápido. Ligou a cafeteira deixando que ela fizesse o resto.
- Bom, eu já vou indo.
- Fique mais, eu estou fazendo café. Quer dizer, a cafeteira - riu leve arrastando a cadeira pra que Karen sentasse.
- Tudo bem - ela sentou-se esperando o café, estava um pouco triste - quanto tempo acha que Sophia pode ficar internada?
- Alguns anos, o estado dela não é bom.
- Anos?
- Sim, anos - encarou o chão.
- E se a sua vida mudar?
- Como assim, mudar?
- Sei lá, são dois anos Micael, você é bonito, jovem. E se você apaixonar por outra pessoa?
- Que isso, Karen? Eu sou casado, nunca trairia Sophia.
- As coisas acontecem, você sabe que sim.
- Mas não ao ponto de trair a Sophia, eu amo ela e se for preciso vou esperar.
- Acho que você não tem a mesma mentalidade que Ethan.
- Você conseguiu me ofender agora, literalmente - Karen riu.
- Eu sempre penso isso quando alguém fica longe.
- Você anda vendo filmes demais.
- E Gab? Se ela se aproximar de você eu quebro a cara dela por isso - o moreno riu.
- Gab se estabilizou bem depois que tivemos o nosso conturbado caso de quase namoro.
- Quase namoro?
- É, ninguém nunca entendeu o que tivemos na realidade.
- Você nunca entendeu? Fala outra, Borges.
- Nunca, a gente transou diversas vezes mas nunca conseguimos decifrar. Ela me ajudou muito quando quis reconquistar Sophia.
- Não é atoa que Sophia odeia ela - riram.
- Droga, o café - Micael saiu desesperado vendo a cafeteira que já indicava a bebida pronta. Tirou a jarra de vidro colocando o líquido em uma caneca, deu a Karen e colocou um pouco a ele.
Beberam em silêncio.
- Como Sophia era na faculdade? - ele teve curiosidade em saber, Sophia nunca dizia tudo.
- Terrível - esquentou as mãos na caneca - ela vivia dormindo com os outros, bebia demais, usava algumas drogas em festas da universidade. Não foi atoa que não se formou.
- Ela não tinha medo de transar com os outros?
- Não tinha, Sophia sempre foi assim. Até você deve ter transado com ela em outras vidas - riu consigo antes de beber o café.
- Ela ficou meia solitária quando os pais morreram, acho que por isso ela tentava ser rebelde na faculdade.
- Exatamente, tudo que ela queria era atenção, até demais.
- Você não achava ruim esse comportamento dela?
- Achava, eu tinha medo de Sophia se enrascar em uma roubada. Uma roubada daquelas.
- É difícil tentar entender ela - silabou baixo, escutaram a campainha tocando - deixa que eu atendo.
Saiu da mesa e foi em direção a porta, viu Ethan entrar.
- Eu sinto muito, cara - abraçou o amigo.
- Foi pro bem dela.
- Eu sei - deu um beijo em Karen - vim buscar você.
- Não preciso de babá.
- Falando em babá, eu posso ver a pequena? - perguntou a Micael que assentiu, nem sabia porque perguntavam.
Ethan foi até o quarto de Analee ficando alguns minutos lá dentro, queria conhecer sem o batalhão de médicos em volta.
- Por que não tentam outro? - Micael teve receio de perguntar novamente, parecia Karen alguns minutos atrás.
- Decidimos esperar, o lance da adoção está quase dando certo - sorriu amigável, não gostava de entrar nesse assunto.
- É o melhor a fazer então - cruzou os braços, viu Ethan sair do quarto da filha todo encantado.
- Micael, e gente precisa ter um filho - ele riu - você tem pau de ouro, cara.
O moreno riu.
- Eu já vou indo, vamos Karen?
- Vamos - a loira se levantou - caso precisar de algo é só ligar, tudo bem? E me mande notícias dela.
- Pode deixar, eu dou sim - o moreno sorriu amigável levando os dois até a porta - obrigado pela força.
- Amigos são pra isso, até mais - se despediram, agora ele estava só novamente.
Sozinho em seus pensamentos.