Capítulo 256

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Micael voltou ao apartamento, fez Sophia arrumar uma mala com a roupa dos dois, roupa que dava a dois meses em algum lugar, bastante roupa. Fecharam o apartamento e saíram, era ridículo mas Sophia tinha uma venda enquanto tentava decifrar o caminho.

- Minha mente está escura, nem isso consigo adivinhar.

- Sua mente deve estar escura por conta da venda, meu amor - Micael virou o volante.

- Odeio quando você faz isso comigo - bufou - vamos demorar?

- Não vamos, esse caminho vai ser familiar a você - sorriu.

Os minutos se passaram, Micael estacionou no gramado, tirou a chave do contato e colocou as mãos no rosto de Sophia, tirou a venda.

A loira piscou calma vendo a antiga casa, a antiga casa onde tudo começou.

- Micael...

- Não diga nada - estava ansioso pela reação da esposa - vamos sair.

Abriram as portas do veículo, faziam anos que não iam na antiga casa. A loira sentiu uma reviravolta no estômago, borboletas, tudo misturado. Andou calma pelo gramado, Micael parou atrás de si quando pausou na porta da frente.

- Aqui está - entregou a ela a chave da casa, Sophia pegou trêmula.

Foi difícil destrancar a porta, suava frio pelas mãos e corpo. Abriu a casa se deparando com a cozinha, era tudo adaptado a ela quando usava a cadeira de rodas, estava tudo em seu devido lugar.

Andaram no antigo quarto de Sophia, algumas coisas tinham ficado por conta da mudança, ela estava realmente em transe com aquilo, um flash de emoções rodeou sua cabeça.

- Eu não quero entrar aí - disse ao marido quando pararam em frente ao antigo quarto das sessões.

- Por que não?

- É uma lembrança ruim.

- Ruim? Foi aqui que tudo começou, foi aqui que você começou a melhorar, foi aqui que eu disse a você com todas as letras e provas desse mundo que você iria voltar a andar - colocou as mãos no rosto da esposa, ela sorriu.

Estava chorando agora, não sabia por que mas estava chorando.

Sophia colocou a mão na maçaneta abrindo delicadamente, o quarto era vazio mas conseguia visualizar os objetos que Micael usava em suas sessões de terapia, andou por ele deixando as lágrimas rolarem.

- Amor, não precisa chorar - abraçou a mesma.

- Eu fico imaginando se eu não tivesse te conhecido - desabou - eu nunca teria me casado, nunca teria amado, nunca teria as minhas filhas - ele secou suas lágrimas - Micael, eu te amo demais.

O moreno ficou em silêncio, apenas tomou os lábios da esposa em tom terno.

- Eu te amo - sorriram.

- Eu também te amo - os carinhos tomaram conta.

Sophia ainda quis ficar um pouco a mais no quarto, demoraram alguns minutos e deixaram o cômodo.

Foram se acomodar, depois de anos.

- Não tem nada nessa geladeira velha.

- Você usou muito essa geladeira, não venha reclamar - Micael riu.

- Eu usei mas, você usou mais - viu o marido ligar o mesmo, colocou algumas garrafas de vinho dentro e comidas prontas também.

- É, eu era um bom cozinheiro.

- Que só sabia fazer macarrão - os dois riram.

- Lembra quando transamos aqui? Nessa mesa - o encarou malicioso.

- Nem comece, Borges. Foram bons tempos, o único tempo que você comeu algo a mais.

- Faz tempo que você não me dá algo a mais.

- Esqueça, sério - ela riu.

- Tudo bem, eu esqueço. Sou um homem bonzinho.

- Vejo sua bondade no olhar - foi a vez dele rir.

Sophia abraçou o marido dando beijos no mesmo, ele sorriu com a felicidade da esposa, ela não imaginaria que viria passar suas férias em uma caixinha de surpresas.

- E seus pais? - a loira perguntou, aleatoriamente.

- O que tem? - apertou ela mais ao seu corpo.

- Eles não sabem que tivemos as meninas?

- Não, só sabem que tivemos Analee.

- E as outras três?

- Eles não sabem, e preferível nem saber.

- Mas amor, são as netas deles. É preciso saber.

- Eu me revolto por eles não terem te aceitado naquela época, eu cortei distância com meus pais, minha família agora é você e minhas quatro filhas.

- Amor - Sophia sorriu deixando sua cabeça cair no ombro de Micael - eles ainda são vivos, dê mais uma chance.

O moreno ficou calado.

- Que tal colocarmos o vinho no congelador? É bem melhor - sempre fazia isso, sempre mudava de assunto.

Sophia rendeu as mãos aceitando mudar de assunto, concordava com a opinião do marido.

Ela era a família dele agora, como sempre disse.

The Sessions - A Sessão FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora