- Porra Ethan, estou fodido. E cheirando a velho - fungou a roupa em que usava.
- Você está cheirando a velho porque quer - relaxou em sua cadeira - por que não vai pra casa e toma um banho?
- Como se isso fosse fácil pra você.
- É super fácil.
- Como fica Analee, hein?
- Analee está bem, está sob cuidados médicos. Ninguém vai entrar aqui e roubar a sua filha.
- Eu preciso mesmo ir pra casa e descansar, mas ao mesmo tempo não posso.
- Você quer muito ficar aqui, não quer?
- Eu preciso.
- Certo, me de a chave do seu apartamento e eu busco as roupas pra você.
- Sério mesmo?
- Super sério, você não vai conseguir sair daqui com toda essa preocupação.
- Tem razão - Micael respirou fundo - aqui está - entregou a chave ao amigo que sorriu.
- Vou tomar seu vinho importado.
- Eu não ligo, pode tomar - deu de ombros. Ethan achou tão estranho.
- Você está mal mesmo.
- Eu não sei mais o que fazer, Ethan.
- A questão da Sophia é preocupante mesmo, mas o que a gente vai fazer?
- Eu não posso deixar ela assim, toda estranha. Depressão de parto é sério.
- Eu sei que é sério, mas Micael - pausou - ela não quer nada, ela nem se quer olhou pra menina com outro jeito.
- Ela está doente, sem condições de conseguir agir com sentimentos. Ainda mais a Analee.
- Agora entendo sua preocupação.
- Não é fácil, Ethan. A menina precisa dela, Sophia não tem leite, está toda agressiva e irritante, eu não consigo ficar cinco minutos perto dela, perto da minha mulher - desabafou.
- Você sabe quando tem previsão de alta?
- Não sei, pode ser daqui a semanas ou até meses. Depende da melhora de Sophia e o crescimento da bebê.
- Que saco - bufou, levantou-se da cadeira - eu vou buscar suas roupas, quer mais alguma coisa?
- Por enquanto só isso - Micael fez o mesmo - obrigado por me ajudar, Ethan. A parada é séria.
- Eu fico te zoando mas você sabe que qualquer emergência pode contar comigo - abraçaram em gesto de cumprimento.
Ethan saiu porta a fora e Micael fez a mesma coisa, pegou o elevador descendo a maternidade.
O corredor estava vazio, sinal de que Sophia não tinha dado mais trabalho como fazia, ele parou observando a filha que estava no berço com a identificação, até pensou em entrar mas deixou ela ali, dormindo tranquilamente ao lado dos amiguinhos. Ele riu leve com o pensamento.
Negou com a cabeça indo agora até o quarto de Sophia, estava tudo em silêncio e viu que a esposa assistia um filme na TV plana que havia em seu quarto.
- Você melhorou? - sentou-se na ponta da cama.
- Você sabe que só vou melhorar quando sair daqui.
- Acontece que você está boca dura demais pra conseguir sair daqui.
- O que você quer, hein? - desligou a TV dando total atenção ao marido, ele estava tão cansado.