Capítulo 223

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Micael voltou com a filha ao berçário deixando ela mais calma no berço preparado, saiu de lá dando de cara com uma enfermeira.

- Você é o pai dela?

- Sou sim - coçou os olhos cansado.

- Eu preciso do nome dela, pra colocar na identificação.

Droga! Ela não tinha um nome.

- Não escolhemos um nome ainda.

- Pois escolha, até o final do dia preciso da identificação dela - grossa.

Aquela enfermeira era tão grossa, Micael queria estrangular ela.

- E se eu não escolher? Você vai fazer o que? - cruzou os braços afrontoso.

- Vou ser obrigada a tirar a sua filha anônima do berçário, estão nascendo mais dois.

- Olha o tamanho do berçário, você vai mesmo tirar ela dali? Nem por cima de mim, se não quem vai tirar você sou eu.

- Por que me afrontando tanto? Quem você acha que é?

- Pra sua informação eu sou o fisioterapeuta dessa merda, eu trabalho no andar de cima, apenas com os mais rigorosos de linha. E você? Fica trocando fralda de merda e acha que pode mandar em mim? - riu na cara dela - minha filha vai ficar aí até irmos pra casa, e não adianta você falar com chefe algum, estou cagando pra você.

A enfermeira piscou rápido e engoliu seco, queria tanto dar uma resposta a Micael mas preferiu ficar calada. O moreno voltou a sondar a filha pelo enorme vidro, estava encantado e sim, precisava escolher um nome rápido a ela.

Mas não teve paz quando outra enfermeira apareceu, tirou a pequena de lá.

- Ei, ei, ei - chamou ela - onde vai com a minha filha?

- São onze e dez, está na hora dela mamar - explicou.

Micael não disse nada, respirou fundo seguindo a enfermeira que sabia onde ficava o quarto de Sophia. Aquele escândalo todo de manhã tinha um nome: fome, mas a loira não teve paciência.

Pobre Sophia.

- Bom dia, Sophia. Tudo bem?

- Não - disse calma vendo ela trazer a filha - o que houve com ela?

- Está com fome, você precisa alimentá-lá.

- Eu? - ficou surpresa novamente.

- É, você é a única - entregou a menina pra Micael que segurou delicado, foi até Sophia.

Afrouxou o roupão descartável de Sophia deixando seus seios expostos, não sabia por que mas a loira teve vergonha. Viu a enfermeira pegar a filha novamente e encaixar ela em seus braços, a menina olhou Sophia tendo um pouco de carinho da mãe. Os olhinhos ansiosos.

- O que eu faço agora? - encarou a enfermeira com um pouco de medo.

A neném começou a chorar, como a primeira vez.

- Deixa eu te ajudar - pegou nas mãos de Sophia - você segura assim e coloca na boca dela.

Ótimo, tinha o bico dos seios na boca da filha, e o próximo?

Isso não seria tão ruim se a menina se esgoelasse de chorar, estava ficando vermelha e irritada. E Sophia também.

- Temos um problema - a enfermeira silabou baixo apertando com força os seios de Sophia.

- AI, ISSO DÓI VOCÊ SABIA? - cerrou os dentes gemendo de dor.

- Não saiu nada na sua gravidez? Nem colostro? - perguntou.

- Eu nem sei o que é isso - viu a enfermeira apertar um botão vermelho ao lado da cama - o que está fazendo?

- Ajudando você - pegou a menina no colo novamente saindo da sala, Micael ficou quieto observando Sophia.

- Isso é tudo culpa sua.

- Culpa minha? - agora queria saber.

- Você fez isso comigo, eu não pedi pra estar aqui. Desse jeito.

- Defina o estar desse jeito que tanto você fala.

- Eu sou jovem, tenho uma filha e também sou tão inútil que não tenho leite pra amamenta-la. Isso é tudo culpa sua, eu não pedi pra ser mãe.

- Você nem sabe o que está falando, pare de ser estúpida assim.

- Eu não suporto essa menina, quando eu olho pra ela dá vontade de correr, de sumir - estava mudando sua personalidade - ela só sabe chorar.

- Ela é um bebê, porra - se irritou.

- Eu gerei um monstro, Micael.

- Não é você que está falando, e sim a sua doença.

- EU NÃO SOU DOENTE - se desesperou, chorava um pouco nervosa.

- VOCÊ É SIM E PRECISA ACEITAR ISSO, ENTENDEU? - gritou.

- Eu não tenho nada, eu estou bem.

- Uma mãe que não aceita a própria filha, você sabe que é doente, só precisa curar isso.

- Eu não quero curar nada porque não sou doente, entendeu? - o fuzilou com o olhar.

- Vamos melhorar isso em você, ela precisa do amor dos dois e não de um só - saiu da sala se encontrando com um batalhão de enfermeiros que entraram no quarto ajudando Sophia.

O corredor tinha virado seu esporte favorito no momento, andava de um lado para o outro, ficava no vidro da maternidade olhando sua filha, tão linda. Voltava novamente ao corredor pensando no que fazer, se voltasse pra cima seria um caos, todos perguntando se estavam bem.

Aparentemente sim, só aparentemente.

O moreno decidiu voltar ao berçário já que estava cansado de pensar na vida e como seria daqui pra frente, encarou o vidro antes de entrar mas se desesperou ao não ver a filha ali. Abriu a porta depressa procurando ela com os olhos.

- O que houve agora? - viu a mesma enfermeira de alguns minutos atrás preparando uma mini mamadeira que cabia na boca de sua filha.

- Conseguimos achar leite materno a ela, enquanto sua mulher não tem - fechou a pequena mamadeira.

- Eu posso? - perguntou meio sem jeito a enfermeira que assentiu plenamente.

Micael teve a filha no colo sentando em uma das poltronas que havia no berçário, arrumou a pequena nos braços e entregou a mamadeira segurando a ponta dela, a boquinha sugou o leite com força, estava com fome.

- Vou deixá-los a sós, qualquer coisa é só me chamar - sorriu ao ver a cena, era lindo.

Agora ele estava ali, com a filha mamando em seus braços, um pai e tanto. Os olhinhos da menina estavam obcecados no pai, não tinha como não se encantar.

- Precisamos achar um nome a você, pequena - disse baixinho enquanto sorria - me desculpe pela sua mãe, ela vai melhorar, ela te ama - segurou nas mãozinhas da mesma.

Estava bobo com a pequena ali.

- Analee - sorriu e teve resmungos engraçadinhos da filha - você gostou?

Ela se remexeu, Micael amava aquela menina mais que a própria vida.

- Seja bem vinda, pequena Analee.

The Sessions - A Sessão FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora