Capítulo 240

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O dia tinha amanhecido, Micael deu justificativa no hospital tirando o dia livre, chamou uma babá para ficar com Analee que não deu um pingo de trabalho quando ele foi embora.

O moreno entrou no carro esfregando as mãos antes de ligar o motor, fazia muito frio em Denver, coisa que era de fato a mais natural nessa época do ano. Pegou a estrada indo até a clínica onde Sophia estava internada, demoraria alguns minutos a mais, nada que fosse mil milhas da cidade.

O lugar não era ruim como diziam, ele estacionou na vaga onde na frente havia um lindo jardim, as flores um pouco congeladas pelos floquinhos de neve que caíram na madrugada. Micael subiu as cinco escadas pintadas de branco e tocou o interfone.

Uma voz estranha ecoou.

- Quem é?

- Sou Micael Borges - colocou as mãos no bolso - sou marido de Sophia Abrahão, eu vim visitá-la.

- O dia de visitas é só no meio do mês.

- Podemos conversar - pensou, com conversa sempre adiantaria.

A porta se abriu dando passagem ao moreno que sorriu de canto, lá dentro não estava tão gelado quanto lá fora, os aquecedores quem diria.

Andou mais um pouco indo até a recepção, parecia mais uma secretaria de escola.

- Bom dia, eu vim ver a minha esposa. Eu sei que não está no dia de visitas mas eu preciso muito vê-la.

- Jura? - encarou os dedos debochada - você jura mesmo?

- Por favor - implorou, queria mesmo é revirar os olhos.

- Você pensa que foi o único a ter essa ideia por aqui?

- Olha, vamos direto ao assunto - estava sem paciência quando colocou as mãos no bolso da calça jeans novamente, pegou sua carteira a abrindo - cem, duzentos, trezentos, quatrocentos e quinhentos dólares - bateu o dinheiro na bancada de mármore. A recepcionista ficou boquiaberta - é pegar ou largar.

A frase rebateu na mente da recepcionista que não pensou duas vezes, pegou os dólares e guardou no sutiã. Sorriu a Micael pegando o telefone.

- Não! - o repreendeu - quero fazer surpresa.

- Além de tudo é cafona.

- Falou a que guarda dinheiro no sutiã - cruzou os braços.

- Elas devem estar saindo da quadra, espere mais uns vinte minutos - avisou.

- Obrigado - agradeceu esperançoso passando por outra porta branca.

Micael quase se perdeu naquele lugar, os corredores eram amplos e não havia ninguém que lhe desse informações, e também nem podia, se vissem um homem andando ali era caso de rua. Ele foi ágil conseguindo achar a quadra onde as meninas tinham suas palestras da manhã, conseguiu entrar pelos fundos esperando que acabasse.

Conseguiu ver Sophia sentada ao lado de outra mulher mais velha, estava tão radiante, tão linda.

Algumas mexas de seu cabelo presas valorizando sua franja, o rosto corado pelo frio e seu conjunto de plush rosa.

- Bom meninas, amanhã tem mais. E não se esqueçam do baile de inverno - a palestrante sorriu vendo todas arrumarem suas cadeiras, levando até o outro lado da parede.

- Baile de inverno? - Micael disse a si mesmo bem baixo enquanto espionava tudo, estava escondido atrás dos colchonetes.

Tinham terminado de arrumar, estavam saindo mas por incrível que pareça, Sophia foi a penúltima a sair.

- Aconteceu alguma coisa?

- Nada, é só... esse cheiro - a loira fungou prestando atenção, conhecia a fragrância.

Só não sabia que ele estaria ali, escondido em meio dos colchonetes.

- O que tem o cheiro?

- Meu marido usava, quer dizer, ainda usa, não sei - se entristeceu - esse perfume me lembra tanto ele.

- Isso se chama saudade, você fica louca, é super normal.

- Pode ser - pensou rápido - ah, olha só. Faltou a dúzia de cadeiras ali, eu fico pra arrumar.

- Tudo bem, nos vemos no refeitório.

Sophia estava sozinha quando sua colega deixou a quadra, ela andou calma até as cadeiras e arrumou, tinha xingado quem deixou a bagunça a ela, algumas eram um bando de folgadas. Colocou as cadeiras em ordem encostadas na parede como faziam, bateu as mãos contente, agora poderia ir embora.

Mas não foi. Um colchonete deslizou ecoando em seus ouvidos.

- Quem está aí? - seu corpo tinha automaticamente entrado em defesa. A loira cruzou os braços.

E Micael decidiu brincar com a esposa, adorava ver suas reações.

- Olha, eu estou armada! - mentiu, Micael segurou o riso jogando mais um colchonete no chão. Ela não conseguia vê-lo mas estava morrendo de medo.

Alguém estava ali, só não sabia quem.

Sophia era curiosa demais, andou em passos calmos até a montanha de colchonetes, abriu uma mão em defesa e continuou andando. Sua face era puro medo, não estava mais corada mas sim, gelada. O frio e seu medo tinha usado uma junção.

- Ainda bem que você ainda reconhece meu perfume - Micael saiu dos colchonetes sorrindo a esposa que estava sem reação, estava incrédula.

Por Deus, era seu marido!

- Não pode ser - tinha os lábios abertos - isso é um sonho, eu estou delirando.

- Não, não está - andou até ela a abraçando - que saudade de você, meu amor.

- Micael! - o apertou fungando seu cheiro, adorava estar ali em seus braços, se sentia tão nele - meu Deus, eu não acredito.

- Eu senti tanto a sua falta - beijou seus lábios matando a saudade.

- Eu também, eu senti demais - voltou a beija-lo - como conseguiu entrar aqui?

- Segredo - sorriu.

- Você é demais, sério - estava com tanta saudade de Micael que não conseguia manter sua boca longe da dele.

- Eu sei que eu sou, não precisa me dizer.

- Convencido - riu leve.

- Você está tão linda - colocou sua franja solta atrás da orelha - como eu amo você.

- Eu pensei que não iria aguentar sem você aqui dentro.

- Eu me sinto um merda de ter feito isso com você mas, era preciso. Era necessário, e eu vejo que você está melhorando.

- Eu vou fazer de tudo pra melhorar e sair daqui, como eu te prometi - sorriram - você confia em mim?

- Mais que a minha própria vida - beijou Sophia.

- Eu te amo.

- Eu também te amo, e te amo, e te amo, e te amo - encheu a loira de beijos, matando sua saudade.

O amor de Sophia e Micael havia voltado.

The Sessions - A Sessão FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora