- Semana que vem vamos pegar os pesos - Micael advertiu entregando um papel ao menino - suas costas precisam de força, vamos voltar ao normal isso aí.
- Obrigado, Micael - se cumprimentaram, ele era bem mais jovem. O moreno viu o menino deixar sua sala de fisioterapia.
Estava sozinho outra vez, entrou no sistema do hospital colocando o relatório do seu 16º paciente só naquele dia. Estava cansado, triturado, queria chegar logo em casa e descansar, como queria.
O moreno se espreguiçou na cadeira e desligou seu computador saindo da sala de fisioterapia, foi a sua sala ajuntando suas coisas e se preparando pra ir. Pegou a chave do carro nas mãos indo em direção ao elevador.
- Indo pra casa, doutor Borges? - ah não.
Não conseguia se livrar do Doutor Price.
- Sim, já está na hora - riu meio sem graça.
- E Sophia? Está bem?
- Está sim, tudo muito lindo - o que?
- Que ótimo então, você quer tomar uma...
- Doutor Price, deixa mesmo pra próxima, tudo bem? Eu estou morrendo de cansaço.
- Ok, então até mais - o moreno saiu do elevador, deu baixa na recepção e foi embora.
Quando entrou no carro agradeceu mentalmente por estar lá, colocou a chave no contato e dirigiu até o condomínio.
- Graças a Deus - falou consigo mesmo enquanto saía do carro, trancou tudo e passou o alarme antes de pegar o elevador.
Finalmente, estava em casa. Abriu a porta revelando Sophia encolhida no sofá, tinha uma coberta no corpo e estava dormindo levemente. Micael foi até ela depositando um beijo em sua testa, antes de desligar a TV que estava no mudo.
E a janela, aberta com a brisa que vinha de fora.
- Hum... - franziu o cenho assustada.
- Sou eu, está tudo bem - selou seus lábios ao dela - não era pra ter te acordado.
- Você demorou.
- Tive um último paciente - tirou o jaleco deixando na cadeira da cozinha. Abriu a geladeira pegando uma garrafinha de Heineken - você comeu alguma coisa?
- Não, eu não consegui.
- Como assim não conseguiu? - largou a garrafa no balcão indo até ela novamente.
- Eu não estou me sentindo bem, está doendo muito.
- O que dói?
- Minhas costas e minha barriga, meu quadril parece estar pegando fogo - se queixou - eu não sei o que é isso, mas espero que esteja tudo bem com ela.
- Levanta, vamos ao hospital.
- Mas você acabou de voltar de lá.
- Dane-se, e você tinha que ter me avisado.
- Eu não queria te atrapalhar.
- Sophia, quantas vezes eu preciso te dizer que você não me atrapalha? Que coisa - bufou bravo buscando seu celular no bolso, ajudou a esposa que levantou do sofá com dor.
- Não precisamos de tudo isso - queixou-se vendo o marido abrir a porta da sala.
- Ah, não? - Sophia andava com dificuldade por conta das dores, tinha piorado depois de pensar tanto no seu passado. Segurava a barriga sempre em comando de proteger sua filha, não queria que nada de mal acontecesse.