- Sophia? - a mulher da recepção entrou no quarto, colocou meia cabeça pela porta chamando a loira.
- Sim? - fechou o livro em que lia, ou melhor, tentava ler.
- Arrume suas coisas, você vai pra casa!
O que?
- O que? - franziu o cenho dando um pulo da cama - como assim?
- Seu marido me ligou e disse que você vai pra casa, está vindo te buscar.
Isso foi música aos ouvidos de Sophia, ele tinha acreditado nela. Saiu da cama tendo contato com o chão frio, não estava nem aí, só abriu o guarda roupa tirando suas peças de lá e colocando na mala que tinha acabado de tirar, debaixo da cama.
Kate chegou vendo a alegria da loira.
- O que passou por aqui? O Katrina?
- Eu vou pra casa - jogou as coisas na mala sorrindo.
- Pra casa?
-Sim, meu marido vem me buscar.
- Mas você ainda não está boa, não está totalmente boa.
- Estou sim.
- Não está! - rebateu - teve apenas algumas palestras, acha mesmo que está boa?
- Por que se importa tanto por eu ir embora?
Kate ficou quieta.
- Quer saber? Boa sorte nessa sua vida louca, você ainda está doente.
- EU NUNCA fui doente - afrontou a mesma - eu sei o que estou fazendo, e a única coisa que eu quero é sair daqui e ver a minha família, pegar a minha filha no colo e dar todo o amor que eu sinto por ela. Não pode me impedir de fazer nada por aqui, Kate - cerrou os dentes furiosa. Voltou a arrumar sua mala que na verdade estava uma tremenda bagunça.
O clima ficou pesado demais entre as duas, tanto que Sophia nem fez questão em dar tchau, só pegou sua mala e saiu puxando ela pelo corredor.
Tinha trocado de roupa, ainda nevava lá fora mas estava confortável e bonita naquele blaser preto com botões, as botas ecoando e mostrando o bonito do couro que havia, seu jeans que amava. Os cabelos ondulados naturalmente, estava tão linda. Sentou-se no banco esperando pelo marido que já estava demorando, no relógio de Sophia.
- Psiu - escutou um chamado, virou-se dando de cara com o marido, abraçou o mesmo dando vários beijos - meu amor.
- Meu amor, estava morrendo de saudade já - selaram seus lábios lentamente.
- Eu também - sorriu - vim te buscar.
- Quero logo ir embora daqui, e eu juro pra você que eu estou boa.
- Não tenho dúvidas disso - voltaram a se beijar.
Sophia levantou, Micael buscou sua mala puxando pelo corredor, antes de irem passaram pela recepção assinando vários documentos, agora sim poderiam ir pra casa.
Sophia tentou se esconder da neve antes de entrar no carro mas não conseguiu, tirou risos do moreno que entrou no veículo também, partindo dali.
- Tem certeza que isso não é mais um sonho?
- Não, é tudo real - sorriram.
- Meu Deus, eu estou indo pra casa - se animou mais ainda - como teve essa ideia maluca?
- Nossa manhã me fez pensar que eu não consigo mais viver longe de você.
Micael a olhou rápido voltando a visão na estrada, Sophia suspirou, como amava aquele homem.
Por fim estava finalmente em casa, sentiu uma saudade enorme quando avistou o condomínio pela janela do carro, Micael estacionou na garagem e Sophia desceu ecoando sua bota de couro. Pegaram o elevador em puro amor, trocavam carinhos, se beijavam, não aguentaram chegar até em casa pra fazer isso.
O elevador parou no andar, os dois saíram e Sophia deu de cara com a porta, um flash passou pela sua cabeça, tinha saído carregada e agora estava voltando mais sóbria do que nunca, voltando bem, voltando mais radiante.
- Bem vinda de volta, meu amor - o moreno abriu a porta deixando Sophia matar a saudade, a mesma sorriu indo até o moreno, o encheu de beijos.
- Onde está Ana? - andou pelo corredor indo ao quarto da filha que ainda dormia tranquilamente no berço. Micael tinha sido louco de deixá-la sozinho, mas foi muito rápido buscar Sophia, não ia dar tempo de Analee acordar sem ninguém.
A loira sorriu vendo a filha dormir bonitinha, se derreteu toda. Micael apareceu logo atrás.
- Estava com saudade?
- Muita - silabou baixo - muita saudade.
- Ela está tirando o soninho dela - riu leve - mais tarde você pode aperta-lá quanto quiser.
Sophia sorriu.
- Vamos deixar ela tirar o soninho precioso - pegou nas mãos do moreno saindo do quarto.
Era lógico que queria sexo, na sua cama, comemorando sua volta. Micael já sabia, estava na cara quando a mesma puxou ele até o quarto do casal, entraram e Sophia se jogou na cama, tirou as botas e junto seu blaser preto. Sorriu com malícia que logo morreu.
- O que foi, meu amor? - estava ajoelhada na cama - aconteceu alguma coisa?
- A gente precisa conversar, uma coisa séria - sentou-se na ponta da cama.
- O que houve? Você está me deixando preocupada.
Micael respirou fundo.
- Eu fui despedido.
- DESPEDIDO? COMO ASSIM DESPEDIDO?
- Calma, calma - pausou - eu vou te contar tudo, mas não adianta ficar assim.
- Micael, você perdeu o seu emprego. Como queria que eu ficasse? Feliz?
- Quero que você me apoie, eu ainda não tenho ideia do que fazer.
- Como isso aconteceu?
- Eu peguei uma falta hoje pra conseguir te ver, mas meu chefe não levou isso em bom estado. Faz tempo que ele está de olho em mim.
- Meu Deus - colocou as mãos no rosto - o que a gente vai fazer?
- Ótima pergunta.
- Já sei - se aproximou dele - minha herança, você pode usar a minha herança.
- Sua herança?
- Sim, meus pais deixaram um dinheiro muito bom pra mim, antes de morrerem - explicou - eu nunca coloquei esse dinheiro em prática, pode ser útil agora.
- Eu não quero te causar...
- Não vai me causar nada, somos um casal agora. Na alegria e na tristeza, lembra? - Micael assentiu.
Selou os lábios com a esposa que se derreteu toda durando o beijo, aquilo era tão bom.
- Na alegria e na tristeza.
- O que quer fazer com o dinheiro? A imaginação é sua.
O moreno pensou rápido.
- É uma quantia boa?
- Uma quantia ótima, como eu disse.
- Certo - remexeu os lábios - é melhor se preparar, senhora Borges.
- Por que me preparar? - achou graça.
- Vamos ter bastante responsabilidade daqui pra frente.
- Micael, o que está aprontando? - cruzou os braços.
- Nada - riu leve - só maquinando onde irá ficar aquele quadro nosso ali - apontou para o retrato dos dois, estavam abraçados em puro amor - ficaria melhor na minha recepção ou na minha sala? Ou melhor, na sala dos meus funcionários?
Sophia abriu um sorriso enorme, se orgulhava do marido que tinha.
E como se orgulhava.
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