Capítulo 236

304 18 2
                                    

- Eu estava morrendo de fome - Micael brincou enquanto terminava de comer sua salada com fritas.

- Que bom que gostou - Gab sorriu enquanto tinha Analee nos braços.

Afinal, o que Gab estava fazendo na sala de Micael em meio aquela nevoa toda?

- O que faz aqui tão cedo?

- Eu vim buscar uns papéis mas parece que nada está funcionando - sorriu a pequena - você é muito linda, sabia?

- Está nevando muito lá fora, demos sorte de não ter acabado a luz - Micael deixou o prato descartável em cima da mesa, embrulhou tudo em um papel.

- Eu sinto muito por Sophia, nem imaginaria que fosse acontecer isso.

- Mas aconteceu - respirou fundo.

- Quando vai visitá-la?

- Depois que ela se manter bem na clínica, não quero uma recaída.

- Essas coisas são complicadas demais - deixou Analee no bebê conforto novamente.

Os dois ficaram em silêncio.

- Estou querendo engravidar de novo - não disse de quem.

- Jura? Que ótimo, Gab - Micael sorriu - o que te impede?

- As viagens do meu marido, ficamos meio inseguros depois do primeiro filho.

- Inseguros?

- Um pouco, adoramos a ideia mas ele ainda se sente no direito de me deixar sozinha com o bebê.

- Realmente, o bebê precisa desse contato com a mãe - encarou o chão se lembrando de Sophia.

- Eu...

- Está tudo bem, eu pensei alto demais - levantou-se pegando Analee - a comida estava ótima, você cozinha muito bem.

- Não sou lá essas coisas - riu tímida pegando sua bolsa, colocou entre os ombros - vou indo!

- Vai sair nessa nevasca?

- Não exagere, se meu carro ficar preso eu vou colocar a culpa em você.

- Tudo bem - ele riu - tome cuidado, até mais.

- Até, e melhoras - sorriu amigável quando saiu pela porta.

O moreno encarou a filha que estava quietinha no colo do pai, Analee gostava de ouvir a voz de Micael, a acalmava mesmo que ele estivesse rindo.


Já na clínica as coisas iam muito bem, a não ser Sophia com raiva da mulher que quase lhe assediou pedindo pra dormir com a mesma.

Gente louca, assim como ela.

- O que está fazendo? - Kate encarou Sophia que rasgava uma calça velha.

- Estou customizando meu jeans - fez uma careta retalhando a peça de roupa inteirinha.

- Isso é coisa de adolescente em crise.

- Eu estou em crise, mas não sou uma adolescente.

- Então quer dizer que Emy quis transar com você - Kate pegou seu livro de mandalas novamente, ajuntou os lápis coloridos.

- Aquela mulher é louca, onde já se viu?

- Você vai precisar se acostumar, não temos homens então partimos pra sexo com mulheres.

- Eu não sou lésbica.

- Uma hora vai querer ser, escute o que eu estou te falando.

- Eu sou forte, fiquei sem sexo durante dois anos.

- Você não sentia nada, isso não conta.

- Chata! - exclamou dando atenção a sua calça - o que vamos fazer agora?

- Daqui a pouco temos uma conversa com outra psicóloga, o assunto vai ser bom pra você.

- Que tipo de assunto?

- Maternidade - Kate cerrou os olhos - é melhor deixar a sua customização pra lá.

- Eu não desisto tão fácil assim - voltou a retalhar a calça, não demorou pra que estivesse totalmente aberta e com metade do jeans rasgado.

Kate observou Sophia com graça, era uma tremenda adolescente em crise.

- Pode entrar - escutaram toques na porta, a mulher com mais idade chamou por Sophia que franziu o cenho.

- Sophia, pode me acompanhar? - a loira assentiu sem entender nada, saiu do quarto seguindo a mulher que levava ela até uma pequena recepção, nunca tinha ido aquela parte.

As duas pararam em frente a um telefone fixado na parede, como aqueles que encontravam na rua e estações de trem.

- Seu marido está na linha - a mulher sorriu dócil deixando a loira sozinha, entrou em sua sala que era revestida por vidro. Não poderia escutar nada, a não ser que tivesse um ponto na linha.

Sophia colocou o telefone no ouvido, seu coração batia rápido.

- Micael - suas lágrimas caíram.

- Sophia - foi difícil falar - como você está?

- Péssima - encarou os lados ficando desesperada - quando vai me tirar daqui? Me diga Micael, quando?

- Quando você melhorar, nós não vamos perder o contato. Eu prometo.

- Eu não vou te ver em quatro anos, Micael. Você está feliz com isso?

- Claro que não, acha que eu estou feliz? Está me doendo saber que você está aí, mas fiz isso pro seu próprio bem.

- Espero que seja mesmo.

- E enquanto as visitas, vou dar um jeito de te ver o mais próximo que eu conseguir.

- Você promete?

- Eu prometo - disse por fim.

- Eu estou com saudade de você.

- Eu também estou morrendo de saudade. Vamos nos ver logo.

- Eu espero - sorriu em meio as lágrimas.

A linha ficou em silêncio.

- Eu não queria que essa chamada acabasse.

- Eu entendo o que fez por mim, e eu prometo a você que vou sair daqui uma pessoa bem melhor, uma pessoa que te ame assim como você me ama, uma pessoa que aprenda a amar e gostar da filha, uma pessoa melhor do que essa - respirou fundo - eu te amo, Micael.

No outro lado da linha Micael não conseguia se conter em lágrimas, decidiu ficar em silêncio, se falasse não iria prestar, só o choro esclareceria tudo.

- Eu te amo, meu amor - aquilo matou Sophia de uma vez só.

Ela sorriu enquanto suas lágrimas a deixavam embaçada, ela desligou o telefone forçando se manter em pé, estava morrendo de saudade, queria seu marido, queria as carícias que ele lhe proporcionava, queria tudo com ele, mas estava ali, em uma clínica com várias mulheres que nunca tinha visto na vida.

Uma coisa decretou: Iria melhorar.

The Sessions - A Sessão FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora